Marcas fortes, país mais forte

  • Pedro Pimentel
  • 11:46

Criar marcas fortes é criar futuro: mais valor para os produtores, mais liberdade para os consumidores, mais reputação para o país.

Num mundo em rápida transformação, onde a confiança do consumidor é mais valiosa do que nunca, as marcas do setor agroalimentar e do mundo do grande consumo afirmam-se como motores vitais da economia. Já não basta produzir com qualidade — é essencial comunicar valor, diferenciar produtos e construir marcas fortes que resistam ao tempo, à concorrência e às flutuações do mercado.

Portugal tem dado passos importantes neste caminho. O setor agroalimentar, em particular, tem sabido reinventar-se, combinando inovação, sustentabilidade e identidade local com uma visão orientada para o mercado global. Da produção hortofrutícola à indústria alimentar transformadora, passando pelos vinhos, azeites, queijos ou conservas, há hoje um Portugal mais reconhecido lá fora — e isso deve-se, em grande parte, às marcas que criam valor, reputação e confiança.

Mas este valor precisa de ser continuamente alimentado. A concorrência no grande consumo é feroz, dominada por cadeias de distribuição com elevado poder de negociação e por marcas globais com orçamentos milionários. Neste contexto, a criação de marcas nacionais fortes não pode depender apenas do esforço das empresas — deve ser também uma prioridade estratégica nacional.

A marca é o que permite que um produto deixe de ser apenas uma mercadoria. É o que transforma um bem agrícola ou alimentar ou um qualquer produto do nosso dia-a-dia num símbolo de confiança, numa escolha repetida, num fator de diferenciação no linear. É, também, o que garante melhor valorização económica para quem está na origem da cadeia: o produtor.

No entanto, os desequilíbrios existentes na cadeia de abastecimento, muitas vezes identificados por entidades nacionais e europeias, penalizam quem cria valor real. Um poder de mercado excessivo, práticas comerciais menos adequadas e a ausência de uma cultura de marca penalizam os produtos portugueses e desincentivam o investimento na diferenciação.

Por isso, pensar marca no setor agroalimentar e no universo do grande consumo exige:

  • políticas públicas ativas, que promovam a equidade e a inovação,
  • incentivos claros à internacionalização de marcas nacionais,
  • fiscalização rigorosa do funcionamento do mercado,
  • e, claro, uma mentalidade empresarial virada para o branding como ativo estratégico.

A boa notícia é que os exemplos positivos já existem. Portugal tem marcas que são já referências internacionais. Tem produtores que apostam em certificação, rastreabilidade, sustentabilidade e comunicação inteligente. Tem consumidores cada vez mais atentos à origem, à qualidade e ao impacto dos produtos que consomem.

Mas falta escala, falta visibilidade, e sobretudo, falta consistência. É preciso reforçar a ponte entre produção, indústria e distribuição com base num modelo que valorize todos os elos — e que coloque a marca como eixo central dessa ligação.

Porque uma Marca forte:

  • cria emprego qualificado,
  • estimula a exportação de produtos com maior valor acrescentado,
  • protege o tecido empresarial local,
  • e contribui para a reputação externa de Portugal como país produtor de excelência.

A pergunta é simples: até quando vamos continuar a desvalorizar e a desperdiçar o potencial económico das nossas marcas?

Valorizar a marca é valorizar a nossa economia, os nossos produtores e o nosso lugar no mundo.

  • Pedro Pimentel
  • Diretor-geral da Centromarca

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