
Nem os velhos são do Restelo, nem os novos a última Coca-Cola
A experiência dos mais velhos pode guiar a inovação dos mais novos. As novas tecnologias e pensamento disruptivo dos mais novos podem revitalizar empresas. Usemos isso a nosso favor.
Nunca tivemos tantas gerações diferentes a trabalhar juntas. O que são boas notícias do ponto de vista da longevidade humana, mas também significa que vamos trabalhar cada vez mais anos. Medoo.
Cada geração dança consoante a sua música. Os Baby Boomers trazem experiência e sabedoria acumuladas. A Geração X oferece capacidade de adaptação e espírito crítico. Os Millennials trazem paixão pela tecnologia e vontade de fazer diferença. A Gen Z samba com a sua destreza digital, que faz magia pela produtividade. E ainda nem pus a Geração Alfa ao barulho, porque ainda não entraram no mercado de trabalho e estou ainda a digerir a famosa série “Adolescência” para me pronunciar.
Esta intergeracionalidade faz com que, muitas vezes, a relação entre elas pareça um jogo de “polícia bom e polícia mau”. O trabalhador ganhou bem-estar, maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, mas também novos desafios e formas de encarar o trabalho.
Parece um sketch:
– “A minha geração é melhor que a tua.”
– “Não, não, a minha é que é.”
– “Oiça, Sr. Doutor, a minha é que sabe.”
– “Olhe que não, a minha é que é.”
E por aí em diante. Ninguém o diz à boca cheia, mas paira no ar, cada um puxando a brasa à sua sardinha. Eu? Eu faço parte dos mais crescidos, experientes…. “Dos mais velhos”, pá.
Sentimos impaciência com a impaciência dos mais novos para o que não é imediato, e os mais novos sentem incompreensão pela compreensão e aceitação do tempo das coisas pelas gerações mais experientes. Isto cria frisson no dia-a-dia, roçando a polarização:
“Nós somos pela transparência, pelos direitos e o trabalho não é prioridade.” — apela a juventude.
“Calma, jovens, há que ter em conta as nossas obrigações, lealdade e brio profissional. Há temas que não se partilham, como quanto se ganha.”
São conversas que ilustram as diferenças culturais entre gerações. Como os mais novos usarem mais o email, conversarem por áudios e serem mais desprendidos do local de trabalho, enquanto os mais experientes resolvem agilmente temas por telefone e frente a frente, sendo alegadamente, mais comprometidos.
Um cliente dizia-me, em tom de brincadeira, que por estas e por outras, não contratava ninguém abaixo dos 30 anos. “São muito voláteis e insatisfeitos. Hoje estão, amanhã já não, e são menos fáceis de agradar.”
Segundo um relatório da McKinsey, em 2025 esta geração será 1/4 da força de trabalho global e, em cinco anos, 30%. Não os contratar não é solução. Temos de encontrar um denominador comum.
Temos de promover a escuta ativa e empática e, com base nisso, apurei que era importante para os mais jovens estarem mais próximos e com maior acessibilidade à liderança para poderem manifestar preocupações, angústias, objetivos e aspirações.
Criamos assim, o Petit Grand Comité, nome de código para estas sessões. “Petit”, porque é dedicado às gerações mais jovens, “Grand”, porque são os “Grandes” líderes de amanhã e Comité, bom, este é auto-explicativo. É em francês, para dar mais élan – Oh la la!
Nele participam desde os estagiários aos consultores e eu. A agenda é gerida por eles e a mim compete-me a parte fácil, deixar-me ser conduzida. O objetivo é promover a tolerância, o respeito e a troca de saberes. Porque, no fundo, nem os velhos são do Restelo, nem os (mais) novos têm a escola toda ou são a última bolacha do pacote.
Criámos um pacto, ou como diriam as novas gerações, uma espécie de jogo do TikTok: “We listen, and we don’t judge”. Expondo-nos, aconselhando-nos, rindo e ainda tendo outras emoções à flor da pele. A falta de vergonha deles em fazer perguntas embaraçosas é invejável.
Para mim, demonstra bravura que não tinha com a idade deles. E, curiosamente, permito-me expor receios, inseguranças, aprendizagens e mer#$& pelas quais já passei. Inclusive, já me senti despida… Calma, apenas despida de preconceitos.
Sinto que sou quem mais lucra com estas sessões, porque fica mais fácil calçar os seus sapatos (que, muitas vezes, me ficam apertadíssimos). Tenho duas palavras para definir estes momentos: tolerância e generosidade.
O livro “Geração Ansiosa” relata que “as pessoas não ficam deprimidas quando enfrentam ameaças coletivamente; ficam quando se sentem isoladas, sozinhas e inúteis”. O “Petit Grand Comité” combate o isolamento e promove união, criando um ambiente de trabalho mais inclusivo. Fizemos um balanço após um ano e concluímos que há ajustes a fazer, mas que a iniciativa tem feito a diferença.
A experiência dos mais velhos pode guiar a inovação dos mais novos. As novas tecnologias e pensamento disruptivo dos mais novos podem revitalizar empresas. Usemos isso a nosso favor.
Termino com curiosidades e factos. Quando olhava para os meus tios, na idade que tenho agora, pensava que estar nos “entas” era sinónimo de velhice. (Desculpem, os tios que me leem, uma ressalva importante, uma vez que tenho a sorte de ter muitos).
Agora olho para mim e vejo que a minha geração está melhor conservada, aparenta menos idade, tem mais curiosidade e fome de aprender. Se antes dizíamos que os 50 eram os novos 40, hoje os 70 são os novos 50. E fico esperançosa ao ler um estudo publicado no “Psychological Bulletin” em 2023 que revela que a idade da maior felicidade é aos 70 anos.
Agora, sim: calma jovens, o melhor ainda está para vir.
“Este texto foi revisto e editado com o apoio do ChatGPT, respeitando o estilo e a ortografia definidos pelo autor.”
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