Neste momento, o truque do marketing é parecer que não é marketing

  • Luis Lobato Almeida
  • 5 Dezembro 2023

As marcas e agências há muito que têm de fazer trabalho de qualidade superior, mas neste momento acredito que o desafio também é fazer marketing e publicidade que não pareça marketing e publicidade.

praticamente ninguém está disponível para ser interrompido, as relações meramente funcionais entusiasmam pouco, mesmo cheias de “vantagens”, e os consumidores querem que as marcas lhes digam coisas que lhes interessem na sua linguagem e que não se levem demasiado a sério. A vida não está fácil para marcas e agências.

Fazer bom marketing e ter boas ideias nunca foi fácil. Nem agora nem há 20 ou 30 anos.

Mas, numa tentativa impossível de resumir esta problemática que não é nova em meia dúzia de palavras, a verdade é que há uns anos atrás a media estava mais concentrada e neste momento a fragmentação é tal que o consumidor é bombardeado por todos os lados. Cada dia um formato novo.

Chegámos ao ponto de pagar, ou pagar mais, de bom grado, por um serviço que não tem publicidade.

É por isso que talvez nunca tenha sido tão difícil fazer bom marketing como agora. Os consumidores não estão de todo interessados. Fogem. Bloqueiam-nos. Contornam-nos.

As marcas e agências há muito tempo que têm de fazer trabalho de qualidade superior que se destaque, mas neste momento acredito que o desafio também é fazer marketing e publicidade que não pareça marketing nem publicidade.

Um trabalho de um nível tão bom que seja encarado como conteúdo e não como negócio. Que interesse primeiro à minha audiência, que seja sobre algo que queiram ouvir, e só depois à minha empresa ou marca.

Que use a linguagem dos consumidores e não uma linguagem comercial – adeus packshots e beauty shots – e ainda adaptada ao meio – no Tiktok o mesmo assunto é apresentado de uma forma, no Instagram de outra e no YouTube de outra.

E que, embora não precise de ser perfeita – já não é preciso ter super modelos e produções hollywoodescas – tem de ser real (aka orgânica) e verdadeira (hoje em dia descobre-se tudo com uma pesquisa de 30 minutos).

Em resumo, fazer diferente do que se costumava fazer em marketing.

Há já algumas marcas e agências a fazê-lo, algumas há já algum tempo, e talvez por isso sejam os grandes cases do momento mas acredito que a grande maioria dos marketeers e publicitários do nosso mercado tenham “este movimento” mapeado e até prioritário.

Acreditando para sempre que as grandes ideias vão funcionar, independentemente do meio, talvez importe dotá-las de alguns dos códigos acima referidos, se não estragar a mesma. Se não, corremos o risco de morrer na praia com uma boa ideia nas mãos.

  • Luis Lobato Almeida
  • Brand marketing director

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