O Papa ainda é uma ‘marca’ importante para o mundo?

  • Rosália Amorim
  • 11:37

Tudo nos leva a crer que esta escolha é de continuidade em relação ao legado do Papa Francisco. Numa altura em que proliferam as guerras, os extremismos e ativismos, o Papa é a ‘marca’ de esperança.

“Que a paz esteja com todos vós”. Começou assim o pontificado do Papa Leão XIV quando se apresentou ao mundo, na varanda da Basílica de São Pedro, na passada quinta-feira. Começou aqui uma nova era para a Igreja Católica e a ‘marca’ pode sair reforçada.

A nomeação de Leão XIV apanhou a todos de surpresa, até os mais entendidos em assuntos eclesiásticos. Surge com tanta admiração e expectativa no ‘mercado’ que tem agora uma forte pressão, sobre si mesmo, para corresponder às necessidades dos seus fiéis e do mundo.

Não era aguardado um Papa tão próximo de Francisco e, muito menos, nascido na América do Norte. Muitos receavam a ascensão de um Católico conservador, retrógrado e sendo norte-americano está longe de ser alguém da linha política de Donald Trump. O mundo católico respirou de alívio!

Claro que, poucos minutos após o Papa Leão XIV se ter assomado à varanda da Basílica de São Pedro, o Presidente dos Estados Unidos reagiu à sua eleição, poucos dias depois de ter publicado uma foto sua envergando as vestes de Papa. Na sua rede social, a Truth Social, Donald Trump congratulou o até aqui cardeal Prevost e disse estar “ansioso para conhecer o Papa Leão XIV”. Afinal, é o primeiro Santo Padre norte-americano.

Este é o 267º líder da Igreja Católica. Passou muitos anos como missionário no Peru, antes de ser eleito chefe dos Agostinianos por dois mandatos consecutivos e essa experiência junto desse povo levaram-no a dirigir-se à multidão em espanhol, num sinal claro, para a política dos Estados Unidos.

Que desafios tem pela frente Leão XIV? Apesar da sua experiência no terreno e alinhamento com as ideias de Francisco, o novo pontificado vai enfrentar fortes dificuldades em temas que lhe são caros, como a imigração e a justiça social.

Tudo nos leva a crer que esta escolha é de continuidade em relação ao legado do Papa Francisco. Um sinal de que a Igreja Católica está mais atenta aos novos tempos. Numa altura em que proliferam as guerras, os extremismos e ativismos, o Papa é a ‘marca’ de esperança.

Afável, reservado e moderado. É assim que os amigos o caracterizam e a sua capacidade de fazer pontes entre as fações conservadoras e reformistas da Igreja vai ser, ao mesmo tempo, a sua prova de fogo dentro de portas. Tal como no mundo empresarial e das organizações, é isso que se espera de um líder ou CEO, que seja reformador, empático, firme nas decisões, capaz de fazer escuta ativa e com competências relacionais.

Se não vejamos, os conflitos no mundo e as questões que abanam os pilares da Igreja, desde abusos sexuais até às finanças, vão ainda exigir deste Papa que deixe uma marca de rigor, transparência, mas também de diálogo ecuménico.

Como afirmou no seu primeiro discurso, “a humanidade precisa de luz” e na sua primeira homilia dominical na Praça de São Pedro, no Vaticano, pediu aos grandes líderes deste mundo que parem as guerras e sublinhou a mensagem com um claro apelo: “guerra nunca mais”.

Aos 69 anos, este poliglota nascido em Chicago, visto por muitos como um homem sem fronteiras, é agora Leão XIV. Espera-se que tenha coração de Leão!

  • Rosália Amorim
  • brand, marketing & communication director do portuguese cluster da EY

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

O Papa ainda é uma ‘marca’ importante para o mundo?

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião