Ora, igual com igual dá? É fazer as contas
Não sei se já repararam, mas atrevo-me a dizer que há aqui uma receita para várias campanhas de publicidade. Depois, adiciona-se um pouco de produto ou serviço q.b.. Para finalizar, meios a gosto.
Diz-se por aí que cada um carrega a sua cruz. Mas isso é para meninos, digo eu. Como a minha, não há nenhuma. O meu apelido é “Antunes”.
Até podia usar Catarino que é o outro que tenho, mas é nome de feijão. Por isso, sim meus amigos, Nuno é o meu nome próprio, a que se junta uma leguminosa e, ao que parece, o único apelido pertencente a totós, o que me torna, pelo menos eventualmente, um deles.
Não sei se já repararam, mas atrevo-me a dizer que há aqui uma receita para várias campanhas de publicidade, de diferentes marcas ao longo do tempo: basta juntar o humor, protagonizado por uma reputada celebridade na matéria, ao tal lerdo, o “Antunes”. Depois, adiciona-se um pouco de produto ou serviço q.b.. Para finalizar, meios a gosto, mas que provavelmente custam o PIB da Guatemala. E já está, temos comunicação pronta a servir.
É verdade que também tem a sua ciência, mas agora não me digam que isto não é tão simples como seguir uma receita para estrelar um ovo? Que, quando bem feito, também é bom, claro. Mas não surpreende, que é o que a criatividade deve fazer.
Para não atrapalhar muito, já não digo para abdicarem dos humoristas, mas pelo menos podiam variar nos nomes. Deixo aqui uma muito humilde sugestão: utilizem outros apelidos bem portugueses relativos a diferentes lenhosas, só para não ser sempre o tal pateta, caso contrário até parece bullying, já para não falar da falta de imaginação. Por exemplo, uma marca recorre ao “Oliveira”, a outra ao “Nogueira”, a que vem a seguir ao “Castanheira” e se vierem mais não há qualquer problema. Ainda há o “Azinheira”, o “Pereira”, o “Loureiro”, o “Carvalho”, o “Figueira”, o “Pinheiro”, o “Salgueiro”, já para não falar do “Silva” e por aí fora, num nunca mais acabar de possibilidades.
E, por falar em fórmulas, celebridades e, já agora, facilidades, deixo mais dois exemplos, que até estão juntos no mesmo programa de televisão, no canal público, não se vá perder alguma coisa. Conseguem adivinhar quem é o cantor de música popular com sucessos como “Chama o António”, de Setúbal, que esteve esquecido durante bastante tempo e que depois regressou há uns anos, parecendo que ganhou o dom da ubiquidade? Agora que acertaram, pesquisem no Google as várias campanhas de publicidade que protagonizou para diferentes marcas, parecendo que não havia mais ninguém para o fazer.
O segundo é um ex-jogador de futebol, que passou pelo mesmo processo de esquecimento. Depois, tornou-se comentador e agora é uma verdadeira estrela, até porque perdeu muitos quilos para ser capa de revista. Conseguem saber quem é, claro. Agora, façam este exercício que é o de ir à sua página no Instagram – candycosta – e contem o número de marcas que se associaram a ele. Bem, não percam tempo, que eu já o fiz. São, tão só e apenas, 14! Há, portanto, 14 marcas neste “enorme” país à beira mar plantado que utilizam o mesmo herói para se apresentarem aos seus públicos.
É, por estas e por outras, que não aprecio nada tendências e referências. Parece que deixámos de pensar pelas nossas cabeças e seguimos uma cartilha, a tal fórmula que dá sempre resultados certinhos, mas mais do mesmo.
Para vos poupar outra vez trabalho, já fiz as contas e igual com igual dá, vejam lá bem, igual. Que é coisa que uma boa ideia não deve ser.
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