Os ganhos e desafios dos vinhos do Porto e Douro
O ano de 2021 foi histórico em termos de vendas para os vinhos do Porto e Douro, e este ano também se regista uma evolução bastante positiva. A viticultura é o sustento do Alto Douro Vinhateiro.
Vivemos tempos de incerteza a todos os níveis. Se em 2019 nos dissessem que iríamos passar pelo que passámos, poucos acreditariam. O setor dos vinhos teve novos desafios para enfrentar. Primeiro, uma pandemia que restringiu as nossas liberdades e os nossos hábitos de socialização; agora uma guerra com consequências totais ainda imprevisíveis.
O ano de 2021 foi histórico em termos de vendas totais para os vinhos do Porto e Douro, com vendas acima dos 600 milhões de euros. Depois de uma pandemia que resultou em perdas nas vendas, sobretudo para a restauração e hotelaria, o ano passado registou, inclusive, melhorias em alguns índices de atividade económica relativamente ao período pré-pandemia.
Em 2022, e analisando os dados das vendas até abril, em comparação com igual período do ano passado, verifica-se também uma evolução positiva, com um total comercializado de vinhos da região de 174 milhões de euros (+11 %), correspondentes a quatro milhões de caixas vendidas (+6 %). No entanto, para este resultado, há a destacar uma quebra na quantidade exportada e um crescimento assinalável das vendas no mercado nacional, apesar de em valor estarem ainda ligeiramente acima do verificado no período de janeiro a abril de 2021.
Se o abrandamento nas exportações, comparativamente a período homólogo é facilmente explicável pelo atual contexto – aumento dos custos de produção, dificuldades com matérias-primas (garrafas, embalamento) e o preço dos combustíveis –, já o comportamento do mercado nacional indicia a reativação do turismo e, quem sabe, o desejo de que os novos consumidores portugueses comecem a despertar para o vinho do Porto.
A evolução registada de janeiro a abril de 2022 (+55 % no caso do vinho do Porto e +28 % para o Douro) coloca as vendas no mercado nacional acima de valores pré-pandemia, muito em resultado da recuperação registada nos setores do turismo e da restauração.
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP, IP) tem reforçado consideravelmente a parcela do seu orçamento afeta à promoção e os resultados têm sido positivos nas vendas totais e no crescimento do valor unitário do produto.
Temos trabalhado novos mercados, alargado a base de consumidores, rejuvenescendo-a e sensibilizando-a para a polivalência do vinho do Porto em termos de consumo. A introdução de novas categorias e um trabalho de “descomplicação” do Vinho do Porto são mensagens que têm chegado até aos mais novos, tradicionalmente com maior apetência para enveredar por novas experiências.
Mas não podemos esquecer a base de tudo. A viticultura é o sustento de toda uma região, cujo Alto Douro Vinhateiro está inscrito na lista de Património da Humanidade. E só o é por causa do vinho e da vinha. É essencial manter a sustentabilidade social e ambiental e garantir que os viticultores recebam mais pelas uvas que fornecem, dinamizando a produção e o tecido empresarial existente e, como tal, a riqueza do país.
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