Reciclagem: as marcas já estão no lugar certo?

  • Ricardo Sacoto Lagoa
  • 10:32

Trabalhar a sustentabilidade nas marcas exige alinhamento interno, criatividade, ousadia para fazer diferente. Porque comunicar é educar. Proximidade é influência. Não há espaço para a neutralidade.

Hoje, as marcas têm de viver dentro das histórias. Num mundo que é cada vez mais marcado pela urgência ambiental, isso significa assumirem um papel ativo em causas como a reciclagem de embalagens. Reciclar já deixou, há muito, de ser apenas um dever para tornar-se um verdadeiro ato de liderança, e as marcas, com o seu alcance, criatividade e influência, encontram-se numa posição única para impulsionarem essa mudança.

Ao fazê-lo, não só contribuem para um futuro mais sustentável, como geram valor — para si próprias, ao reforçarem a sua credibilidade e compromisso com a reciclagem, e para a economia, ao integrarem práticas que promovem eficiência, inovação e circularidade.

Se falar de reciclagem de embalagens é falar de escolhas, então, de facto, as marcas são decisivas em cada etapa deste processo — desde o design até à mensagem que chega ao consumidor para os levar a agir. Por isso, mais do que comunicar valores, têm de os materializar e ter capacidade de transformar campanhas em ações e produtos em compromissos e benefícios tangíveis.

Porque as marcas educam, inspiram, moldam hábitos. Se querem fazer parte de um futuro sustentável, têm de estar onde as decisões acontecem: no quotidiano das pessoas, o que exige proximidade e acessibilidade. A reciclagem não pode ser um gesto complexo ou distante. Tem de ser simples, útil, habitual. Cabe às marcas descomplicar. Aproximar. Traduzir o “dever” em algo natural. Dar a informação certa, no momento certo.

Neste percurso, a inovação tecnológica surge como uma aliada indispensável. Diariamente, a atenção do consumidor é fragmentada e a exigência digital é total. A gamificação, por exemplo, tem-se revelado uma ferramenta poderosa para dar conhecimento, criar ligação emocional, motivar e até recompensar quem adota comportamentos mais sustentáveis, ajudando a instalar e a consolidar hábitos como este que me levou a escrever este artigo, a propósito do Dia Internacional da Reciclagem.

A entrada no mundo da reciclagem de embalagens é inevitável quando o nosso país continua a enfrentar desafios e a ter metas muito ambiciosas para cumprir: garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado, em 2025. O ano passado, a taxa de retoma ficou nos 57,8%. Em 2030, o objetivo aumenta para os 70%. Significa que é preciso agir. E agir agora.

O princípio desta história faz-se através do ecodesign, do uso de materiais conscientes, da coerência entre o que se diz e o que se faz, pois os consumidores já não compram só produtos — compram atitudes. Estão atentos e valorizam quem está verdadeiramente comprometido. Isso reflete-se também na procura por soluções mais sustentáveis e com menor impacto ambiental, e parte de nós, empresas e marcas, orientá-los a fazer as melhores escolhas, para estarem do lado certo da mudança.

Trabalhar a sustentabilidade nas marcas exige, portanto, alinhamento interno, criatividade, ousadia para fazer diferente. Porque comunicar é educar. Proximidade é influência. E dá-se a mudança. Neste cenário, não há espaço para a neutralidade.

  • Ricardo Sacoto Lagoa
  • Coordenador de marketing e comunicação da Sociedade Ponto Verde

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