Nuno Santos explica saída do comando dos fundos europeus com “alternativa muito sedutora”

Nuno Santos troca a presidência da Agência para o Desenvolvimento e Coesão pela Microsoft. Ao ECO diz que a conversa com o ministro Nelson de Souza foi "fácil e com muita compreensão”.

O presidente da Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C), Nuno Santos, explica a decisão de apresentar a demissão por ter uma “alternativa muito sedutora”. “Não saio pelo que tenho, mas pelo entusiasmo do que vou ter”, explica Nuno Oliveira Santos, em conversa com o ECO, sem querer avançar quaisquer detalhes sobre o cargo que vai desempenhar na Microsoft.

Nuno Santo admite ficar com pena de não permanecer em funções o tempo necessário para apreciar os frutos daquilo que semeou. “Mas somos adultos e a frustração faz parte da condição adulta. Os timings nunca são perfeitos”, reconhece. “Resta a sensação boa de que os frutos serão para todos”, diz. E, enquanto cidadão, garante que vai “continuar por perto”, que tem “coisas para dizer” e que vai participar de “outras maneiras” como cidadão e como influenciador.

O coordenador dos fundos europeus em Portugal garante que a decisão que tomou “foi boa” e até 14 de fevereiro, data em que cessa funções, está preocupado em assegurar uma “transição boa”. O intervalo de tempo é “curto”, mas “não precisava ser longo”, garante, porque “a casa está bem acompanhada”. “No dia 15 estou a 200% nas novas energias”, garante, sem dar mais detalhes.

Nuno Santos não revela o teor da conversa que teve com o ministro Nelson de Souza quando lhe apresentou a demissão. “Temos uma relação de muitos anos, muito positiva e agradável, por isso, foi uma conversa fácil e com muita compreensão”, revela, acrescentando que tem uma “muito boa relação com o ministro do Planeamento desde 2006/7″, quando o presidente da AD&C estava no turismo e Nelson de Souza era gestor do Compete (o programa operacional das empresas).

“Agradeço-lhe a oportunidade que ele e o Governo me deram e o acompanhamento que fez”, diz, frisando que “foi tudo bom e positivo”.

E perante a opção de sair num momento em que Portugal concentra o valor mais significativo de fundos europeus que alguma vez teve – acabar de executar o Portugal 2020, a que acrescem os 16,6 mil milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência e os 23 mil milhões do PT2030 – e quando o cargo de presidente da AD&C poderia ser o mais interessante e relevante de sempre, Nuno Santos explica que não sai pelo que tem mas pelo entusiasmo do que vai ter.

O responsável admite que geriu e construiu o seu caminho na agência tendo em atenção esta “condição específica que em que o país está”, mas lembra que a responsabilidade “não triplica” por estar em cima da mesa a gestão de três programas. “Mil milhões são sempre mil milhões. É muito dinheiro”, enfatiza.

Admitindo que “há sempre ajustamentos que outras lideranças possam imprimir”, considera que se ao nível do fundos se continuar a trabalhar no sentido da “proximidade, inovação e simplificação constante”, então o país vai “no bom sentido”. Um sentido que diz ter deixado impressos no plano de atividade e no plano estratégico recentemente apresentado.

Na sua opinião é possível continuar o trabalho que foi desenvolvido até aqui. “O que estamos a fazer não é ideológico, não é à esquerda nem à direita nem personalizável”, sublinha. “Estamos a fazer coisas muito consensuais, uma estrutura mais tecnológica, mais exposta à envolvente externa”, diz o responsável lembrando que a agência tem hoje uma “notoriedade de marca” muito diferente face há um ano.

“Acho que acrescentei. A estrutura é hoje melhor do que era há um ano e meio e a equipa que esteve comigo tem condições para implementar o plano de atividades, sem prejuízo das organizações novas que apareçam”, afirma.

Na sua cabeça tinha traçado a possibilidade de vir a desempenhar as funções de presidente da AD&C durante cerca de três anos. “São funções muito exigentes, muito expostas, que não podem ser projetadas a muito tempo, e devem ter um princípio, meio e fim razoavelmente definidos”, explica.

“Este projeto tem coisas bem definidas, muito interessantes e estimulantes para se fazerem para se fazerem em três anos: montar, implementar afinar e depois estamos a falar de uma curva de maturidade que abriria espaço para outros”, diz. “Fiz metade desse tempo e nesse sentido fiz metade desta lógica e isso acontece assim porque a alternativa é muito sedutora e porque sinto que a organização está muito longe de ser uma organização de um homem só. E ainda bem. É sinal de vitalidade”. “Sinto-me satisfeito por ter servido e ter contribuído”, conclui.

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