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Nova política de rentabilização do YouTube Shorts prejudica criadores

Rafael Ascensão,

Os criadores podem ter sofrido uma quebra de receita de 20% com a nova política de rentabilização do YouTube Shorts, embora as visualizações nos seus vídeos tenham aumentado.

O YouTube introduziu em fevereiro uma nova forma de rentabilizar a criação de vídeos curtos, através do YouTube Shorts, possibilitando que os criadores de conteúdos ganhem 45% da receita angariada através da publicidade transmitida entre os vídeos, enquanto a plataforma retém os outros 55%.

Esta nova forma de monetização dos YouTube Shorts não parece convencer os criadores de conteúdos, que afirmam estar a perder dinheiro com esta nova modalidade, segundo afirma a revista Digiday depois de falar com cinco gestores de talento, que trabalham com mais de 60 criadores de conteúdos.

A impressão geral e as visualizações aumentaram bastante (aproximadamente 60% para os criadores com quem trabalhamos) mas o tempo de visualização e a receita sofreram um grande impacto“, afirmou Aniket Mishra, co-founder e CEO da Creator Mail, estimando uma quebra de receita na ordem dos 20%. Alguns criadores já ilustraram estas quebras com as suas estatísticas, como Brooke Mon, que tem 2,03 milhões de inscritos no seu canal e que diz ter ganho 768,41 libras (872,13 euros) no último mês, apesar dos 64,5 milhões de visualizações nos seus vídeos.

O incremento nas visualizações não está, portanto, a ser refletido na receita que chega até aos criadores. Phil Ranta, diretor de operações da companhia We Are Verified, considera inclusive que a motivação dos criadores pode ser afetada, tendo em conta que as audiências passam de um milhão para dez milhões de visualizações mensais, sem que estes sejam proporcionalmente remunerados. Vimos muitos criadores a crescer entre 20 a 50% mês após mês com o Shorts, mas não vimos um crescimento de receita associado“, afirmou Phil Ranta à Digiday.

A receita dos anúncios apresentados entre vídeos no feed do YouTube Shorts, conforme explicado pelo YouTube, “é somada e utilizada para recompensar os criadores e ajudar a cobrir os custos de licenciamento de música”, pelo que se o criador não usar música no vídeo, toda a receita associada às respetivas visualizações é revertida para o Fundo para criadores, enquanto nos vídeos com faixas sonoras a receita tem de ser repartida com os parceiros de música, com base no número de faixas utilizadas.

Partindo depois do valor global atribuído ao Fundo para criadores, a receita é distribuída pelos criadores mediante o número de visualizações que os respetivos vídeos curtos geraram em cada país. “Por exemplo, se um criador obtiver 5% de todas as visualizações de vídeos curtos elegíveis carregados por criadores com rentabilização, recebe 5% da receita através do Fundo para criadores”, explica a plataforma. De modo a serem elegíveis e a obterem receita, os parceiros com rentabilização têm de aceitar o módulo de rentabilização do Shorts.

O YouTube exemplifica: Se no total forem registadas 100 milhões de visualizações de vídeos curtos no país (carregados por criadores com rentabilização), são recebidos 100 mil dólares através de anúncios reproduzidos entre vídeos curtos no feed do Shorts. Se 20% desses vídeos utilizarem uma faixa de música, isso significa que o Fundo para criadores recolhe 90 mil dólares (10 mil dólares são utilizados para cobrir os custos de licenciamento de música). Se o vídeo curto de um determinado criador for visto 1 milhão de vezes é-lhe portanto atribuído 1% do Fundo para criadores, ou seja, 900 dólares. Contudo, mediante a aplicação da partilha de receita de 45%, o criador vai receber um total de 405 dólares pelas visualizações dos seus vídeos.

Ainda é cedo, e nós estamos focados em juntar criadores, visualizadores e publicitários para aumentar o ecossistema do Shorts“, diz fonte do YouTube à Digiday. “Como todos investimos no Shorts, esperamos que as receitas dos criadores continuem a crescer. Com a partilha da receita estamos comprometidos em construir uma parceria a longo termo, onde os criadores possam diretamente partilhar o sucesso da plataforma”.

Entretanto, recentemente a Insider publicou uma lista de alguns criadores de conteúdos e a rentabilização que eles tiveram no mês de fevereiro com o YouTube Shorts:

  • Julia McNamee (55.000 subscritores): 3.15 dólares com 50.500 visualizações
  • Riley Lemon (92.000 subscritores): 383.13 dólares com 7 milhões de visualizações
  • Ammon Runger (155.000 subscritores): 140.37 dólares com 2.9 milhões de visualizações
  • MattyKay (220.000 subscritores): 465.79 dólares com 11 milhões de visualizações
  • Alasdair Mann (360.000 subscritores): 1,075.35 dólares com 25.6 milhões de visualizações
  • James Seo (650.000 subscritores): 1,455.04 dólares com 32.4 milhões de visualizações
  • Kaz Sawyer (3.3 milhões de subscritores): 4,207.31 dólares com 115.9 milhões de visualizações

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