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Administração da Global Media responde à Carta Aberta enviada a Marcelo pelos trabalhadores

Carla Borges Ferreira,

O conselho de administração afirma que a maioria dos factos são imputados a gestões anteriores e diz que em dezembro de 2020 o DN tinha 30 jornalistas e hoje tem 28, não se verificando "degradação".

A administração da Global Media respondeu esta quarta-feira, em comunicado ao qual o +M/ECO teve acesso, à Carta Aberta enviada na terça-feira pelo Conselho de Redação e delegados sindicais do Diário de Notícias (DN) ao Presidente da República.

Nesta, os trabalhadores apelam a que se mobilize “na defesa de uma inversão no rumo da degradação” do título. Esta carta aberta “surge por constatarmos ter sido, até agora, impossível o diálogo com a Comissão Executiva do Global Media Group no sentido de encontrar uma forma de reforçar este jornal, garantindo que o seu jornalismo não perde qualidade”, afirmam os trabalhadores na carta à qual a Lusa teve acesso.

“Por decisões de gestão, que contrariam até o discurso público do acionista principal – que invariavelmente garante querer ‘jornalismo de excelência’ – o DN está a ser morto por dentro”, enfatiza a redação, que duvida que o atual presidente executivo (CEO) [Marco Galinha] “deseje ficar para a história como ‘o empresário que fechou o Diário de Notícias’”.

Esta quarta, “o Conselho de Administração da Global Media Group (GMG) vem esclarecer que a atual administração, liderada por Marco Galinha, assumiu funções em 2021, sendo a maioria dos factos enunciados referentes a gestões anteriores”, começa por dizer o comunicado.

O atual período de gestão enquadra-se num contexto global desafiante, marcado pela incerteza, onde grandes órgãos de Comunicação Social procedem a reestruturações profundas, enquanto a Global Media tem feito um esforço no sentido de equilibrar os resultados e de estabilizar as redações e os seus trabalhadores, projetando a sustentabilidade do Grupo a médio prazo”, defende a administração, que contrapõe seis argumentos.

O regresso do Diário de Notícias em papel às bancas diariamente, “um sinal da valorização da história do jornal e de reconhecimento do trabalho desenvolvido por todos aqueles que se dedicaram e dedicam ao mais antigo jornal diário português”, é o primeiro ponto destacado pela administração liderada por Marco Galinha, que aponta também o facto de o seu arquivo ter sido classificado como Tesouro Nacional e preservado como património histórico.

De acordo com o comunicado, também “não se verificaram despedimentos coletivos por decisão da atual administração, tendo ocorrido duas rescisões amigáveis até esta data, decorrentes do processo iniciado em julho de 2022“.

“Três despedimentos coletivos nos últimos 14 anos (2009, 2014 e 2020) e rescisões ditas ‘amigáveis’, como as que foram tentadas no último mês, têm vindo a esvaziar o DN dos seus quadros mais qualificados”, alertavam ontem na carta os trabalhadores, referindo que neste momento “a redação está nos mínimos de sobrevivência, longe de poder medir os seus recursos com os concorrentes diretos e continuar a honrar a sua história de 158 anos”.

“No final de dezembro de 2020 o Diário de Notícias tinha 30 jornalistas e neste momento tem 28, não se verificando a “degradação” de recursos referida”, responde agora o grupo.

Não se verificou, com a atual gestão, qualquer atraso no pagamento de salários, incluindo isenção de horários e horas extraordinárias, aos colaboradores da GMG” e “desde que se iniciou o processo de restruturação, os resultados apresentados encontram-se muito perto do terreno positivo, registando-se uma massiva redução da dívida (em mais de 13 milhões de euros), sendo hoje o GMG um grupo que praticamente não tem dívida bancária”, termina a administração do grupo que detém também o Jornal de Notícias, a TSF e O Jogo.

No início do mês, recorde-se, foi avançada a entrada de um novo acionista no grupo. Como revelou o +M/ECO, trata-se da United Resins, uma sociedade com 15 anos de antiguidade e que faturou 37,8 milhões de euros em 2021. Tem um capital social de 2,5 milhões de euros e o presidente do conselho de administração é António Manuel Mendes Ferreira que está ligado a seis outras empresas, nomeadamente à Urbanastrolábio Unipessoal, que detém 60% da United Resigns, e tem um capital social de mais de 10 milhões de euros.

Ao que o +M/ECO apurou, a concretizar-se, trata-se de um aumento de capital e o investimento pode ir até aos 15 milhões.

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