Após falência, Vice Media deve ser adquirida por 350 milhões de dólares
Já era antecipado que a compra fosse feita por um grupo de investidores liderado pela Fortress, o maior detentor da dívida da Vice. O valor subiu mais de 50%.
O grupo Fortress e a gestora de fundos Soros estão entre o grupo de compradores que ofereceram 350 milhões de dólares para adquirir a Vice Media, grupo de comunicação que declarou falência em maio, avançou o The New York Times.
Inicialmente, o grupo ofereceu 225 milhões de dólares (cerca de 207 milhões de euros), mas nos últimos dias aumentou a licitação para 350 milhões de dólares (cerca de 322 milhões de euros).
Segundo três fontes relacionadas com o negócio, citadas pelo jornal norte-americano, foram várias as licitações feitas para a aquisição da Vice Media, mas apenas a proposta liderada pela Fortress foi considerada como “classificada”. No entanto, os negócios para empresas falidas carecem da aprovação de um “juiz de falências”, que avalia se o plano idealizado é sustentável para o negócio.
Hozefa Lokhandwala e Bruce Dixon, codiretores executivos da Vice Media, através de um email enviado na quinta-feira, revelaram aos trabalhadores que pretendiam dar continuidade à oferta feita pelo grupo liderado pela Fortress, enviando-a para aprovação em tribunal.
“Embora tenhamos recebido diversas ofertas pela empresa, nenhuma das outras licitações chegou ao nível de ser considerada como uma oferta superior”, constava no email, conforme divulgado pelo NYT.
Os codiretores executivos do grupo de comunicação disseram ainda que esperavam que o processo de venda fosse concluído em julho, altura a partir da qual a empresa começaria a operar sob a alçada de novos proprietários.
De acordo com o NYT a Vice está sob alguma pressão para realizar a venda, com muitos dos seus colaboradores em regime de freelance a queixarem-se de ainda não terem sido pagos. Além disso, alguns trabalhadores sindicalizados divulgaram uma declaração dizendo que a empresa deveria despedir menos trabalhadores e que a indemnização dada na sequência dos despedimentos era demasiado pequena.
Nos Estados Unidos, os trabalhadores da Vice também lançaram uma campanha na GoFundMe de modo a apoiarem os trabalhadores demitidos que ainda não receberam a indemnização.
Já era antecipado que a compra fosse feita pelo grupo de investimentos liderado pela Fortress, tendo em conta que este era o maior detentor da dívida da Vice.
Em 2017, o Vice Media Group pediu um empréstimo de 250 milhões de dólares (cerca de 230 milhões de euros) ao Fortress Investment Group e Soros Fund Management, encontrando-se em falta com esse empréstimo há meses, revela o The New York Times.
Segundo o NYT, a Fortress já começou inclusive a receber mostras de interesse de compra de algumas das áreas individuais de negócio da Vice, estando o grupo a equacionar a venda de forma a recuperar parte do investimento.
Também nesse ano, uma investigação do NYT expôs casos de assédio sexual na empresa, o que conduziu a uma crise de confiança na administração. Nessa altura, Shane Smith, cedeu o lugar de CEO a Nancy Dubuc, mas esta também não conseguiu tornar a empresa lucrativa, nem conseguiu vendê-la colocá-la em bolsa, acrescenta a publicação norte-americana.
Após o negócio, Shane Smith deverá manter-se na empresa, revela o NYT, acrescentando que Hozefa Lokhandwala e Bruce Dixon também deverão continuar como codiretores executivos da Vice Media.
O Vice Media Group cresceu a partir de uma única revista canadiana, fundada em 1994. Ao longo dos anos transformou-se numa empresa global e mais diversificada, incluindo no seu portfólio um estúdio cinematográfico, uma agência de publicidade ou uma série transmitida na HBO.
Depois de ter investido milhões na Vice, a Disney tentou comprar a empresa em 2015 por mais de três mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros), mas sem sucesso, refere o The New York Times.
A Vice acabou por se ver envolvida num mercado “pessimista” para as empresas de media, tentando obter resultados positivos durante alguns anos, mas sempre sem sucesso, refere ainda o jornal norte-americano.
Atualmente, a Vice conta com 35 delegações a nível global e cria 1500 peças diariamente, entre as suas cinco áreas de negócio: a revista digital, a Vice Studios (estúdio de produção de filmes e televisão), a Viceland (um canal de televisão internacional), um departamento de notícias e a Virtue (agência criativa a nível internacional, com 21 escritórios pelo mundo).
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