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Mário Ferreira ao ECO: Oferta sobre a Cofina “não é hostil”

António Costa,

A Media Capital apresentou uma oferta pela Cofina de 80 milhões. O presidente do grupo garante que não é hostil, abre a porta a Ronaldo e garante independência editorial do Correio da Manhã.

Uma semana depois de anunciar ao mercado que mantinha o interesse em comprar a Cofina Media, em resposta a um anunciado Management Buy Out (MBO) promovido por Luís Santana e Octávio Ribeiro com o apoio de Cristiano Ronaldo, a Media Capital dá um novo passo: Apresenta uma proposta de 80 milhões de euros (dívida incluída) pelo grupo que controla a CMTV, uma oferta que supera em cinco milhões a proposta dos quadros e do futebolista. Mas em declarações exclusivas ao ECO, o presidente da Media Capital garante que a oferta não é hostil, e abre a porta à possibilidade de Ronaldo “mudar de clube”.

Tenho grande respeito pelos atuais acionistas da Cofina“, garante, desvalorizando, assim, o confronto público e notório com Paulo Fernandes aquando da luta pelo controlo da Media Capital. “Tenho apreço profissional pelos trabalhadores da Cofina“, insiste, e “a proposta da Media Capital conta com todos“, promete o empresário. Até com Cristiano Ronaldo. A proposta de MBO, tal como está estruturada, tem três blocos, um deles com três acionistas atuais, outro com uma empresa participada pelos quadros como Luís Santana e Octávio Ribeiro e, finalmente, um terceiro com Cristiano Ronaldo. “Estamos disponíveis para integrar Ronaldo na nossa proposta pela Cofina, e já lhe fizemos saber isso mesmo“, revela Mário Ferreira. Um convite para o jogador “mudar de clube” e evitar uma guerra acionista.

A proposta vinculativa pela compra de 100% do capital da Cofina Media, controlada pela sociedade cotada Cofina SGPS, abre uma espécie de leilão pela empresa de media que tem a CMTV, o Correio da Manhã, a Sábado, o Record e o Jornal de Negócios, entre outros meios. Os quadros da Cofina, com o apoio financeiro de Cristiano Ronaldo e também com o envolvimento de alguns dos atuais acionistas, apresentaram à administração da Cofina SGPS uma oferta de 75 milhões de euros (Enterprise Value, isto é, capital e dívida incluída), como o ECO/+M revelou em primeira mão. Agora, a Media Capital, que controla a TVI e a CNN, entre outros canais, aumenta a parada para 80 milhões de euros, assumindo que a Cofina Media tem uma dívida da ordem dos 45 milhões. Oferece, portanto, em capital, 35 milhões de euros. Mas o empresário Mário Ferreira rejeita a tese de que a oferta é uma declaração de guerra, aos atuais acionistas ou aos quadros que estão a promover o MBO. “Não é uma oferta hostil“, afirma ao ECO no dia em que divulga ao mercado esta nova proposta.

E como é que ficam as marcas do atual grupo Cofina numa situação de consolidação com a Media Capital? “Queremos manter o projeto editorial da Cofina como está, independente e feito do reconhecimento das diferentes marcas“, garante o chairman do grupo que controla a TVI e a CNN. Mário Ferreira defende uma consolidação do setor de comunicação social em Portugal, e lembra, aliás, que o negócio proposto agora “não é mais do que aquele que já foi aprovado pelas autoridades competentes“, leia-se a Autoridade da Concorrência e a ERC. Mas garante que os meios da Cofina vão manter a sua natureza editorial.

Queremos manter o projeto editorial da Cofina como está, independente e feito do reconhecimento das diferentes marcas.

Mário Ferreira

A consolidação setorial nos media é, para os acionistas da Media Capital, indispensável, e Mário Ferreira assegura que o grupo tem a robustez financeira necessária para fazer a operação. A dívida líquida da Media Capital é inferior a 30 milhões de euros, e registou uma redução significativa aquando da venda das rádios. A Media Capital registou lucros de 36,7 milhões de euros em 2022, um resultado que compara com os prejuízos de 4,1 milhões no ano anterior. Em comunicado enviado, à data, ao mercado, o grupo adiantava que a venda do negócio das rádios aos alemães da Bauer, que permitiu um encaixe de 69,6 milhões e a realização de uma mais-valia de 46,1 milhões, contribuiu “de forma decisiva” para a inversão dos resultados do ano passado. O grupo revelava ainda que tinha atingido os níveis de endividamento líquido mais baixos da sua história, com uma dívida líquida de 21,2 milhões, “resultado de um processo de refinanciamento da sua dívida bancária ocorrido em maio de 2022”.

Os acionistas da Media Capital acreditam que os media estão a viver um processo de grande mudança e evolução e olham para o futuro como um grupo de media não para uma lógica de guerra por cada ponto de audiência com a concorrência. Desde janeiro, a Media Capital já é líder de mercado tendo em conta o conjunto de canais já a operar. A aquisição da Cofina tem esse objetivo, alargar canais, novos segmentos de mercado temáticos“. É neste contexto que Mário Ferreira justifica a oferta pelo grupo que controla a CMTV, um canal que atinge um segmento de mercado diferente daquele que é atingido pela CNN. E recorda o que já é hoje por exemplo a relevância de audiência da TVI Ficção.

Na oferta conhecida esta quinta-feira, a Media Capital sinaliza o compromisso de avançar para o negócio, admitindo que está disponível para avaliar uma revisão da oferta. “A Compradora espera ser contactada pela Vendedora no caso de a presente proposta ser superada por outra que venha a ser apresentada por outro interessado“, lê-se no comunicado à CMVM. Ou seja, se o grupo de quadros e Cristiano Ronaldo fizerem uma oferta concorrente superior, com a revisão da que está em cima da mesa, a Media Capital voltará a jogo. A Cofina SGPS, dona da Cofina Media, vai ter agora de levar as propostas a Assembleia Geral de acionistas.

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