Ideias +M

Seleção feminina de futebol reúne apoio das marcas

Rafael Ascensão,

A Sagres, o BPI, a CUF, o Continente, a Altice e a Nike são as patrocinadoras da seleção feminina das quinas. Responsáveis das marcas explicam a estratégia.

No próximo domingo a seleção portuguesa de futebol feminino entra em campo pela primeira vez na fase final de um campeonato mundial. No primeiro jogo defronta a seleção dos Países Baixos. Para as marcas esta é também uma oportunidade de mostrarem o seu apoio e capitalizarem os fãs do desporto, cuja vertente feminina se encontra em crescimento, e também uma forma de se colocarem ao lado de valores como a democratização do desporto ou a igualdade de género.

A Sagres, o BPI, a CUF, o Continente, a Altice e a Nike são as patrocinadoras da seleção feminina das quinas.

Por parte da marca de cerveja, Catarina Ferraz, responsável de marketing da marca, diz ao +M que “Portugal inteiro deve estar orgulhoso” com este apuramento inédito e refere que “o futebol tem um enorme potencial para gerar emoções, e as seleções, em particular, o de unir as pessoas – e são princípios que partilhamos com os consumidores e em que queremos capitalizar“.

Sendo a Cerveja Sagres patrocinadora da FPF há trinta anos, a associação ao futebol feminino desde 2018 surgiu de uma “forma natural”, refere ainda Catarina Ferraz, que diz acompanhar toda a evolução do futebol em Portugal, sendo que a variante feminina “é parte desse percurso”.

Catarina Ferraz menciona também que a Sagres realizou um investimento numa campanha dedicada a este feito histórico, na qual defende que “há sempre espaço para novos ídolos, quebrando assim barreiras e preconceitos que abram caminho às gerações futuras“.

A campanha multimeios da marca de cerveja – cuja criatividade é da McCann, produção da Playground e consultoria da Proud – conta com um single próprio, com música original de Fred Ferreira, acompanhada pela voz de Blaya. A Sagres lançou ainda packs comemorativos Sagres Mini, com uma edição limitada de caricas personalizadas com as jogadoras portuguesas.

Já Constança Macedo, diretora executiva de comunicação e marca do BPI, começa por recordar que o interesse no futebol feminino “não é de agora“, e que o patrocínio à Seleção Feminina de Futebol e à Liga Feminina de Futebol (Liga BPI) remonta a 2018, “quando ainda não era tão evidente o crescimento exponencial a que estamos a assistir”.

A marca BPI e o futebol feminino são indissociáveis e isso tem valor em termos de reputação e de notoriedade. Além disso, para o Banco, apoiar o futebol feminino é também uma oportunidade para promover a igualdade de género e de oportunidades e gerar um impacto positivo na sociedade, algo que faz parte da identidade do BPI”, acrescenta Constança Macedo.

Constança Macedo, diretora executiva de comunicação e marca do BPI.

O BPI tem também vindo a fazer uma “aposta decidida” em dar visibilidade às futebolistas portuguesas que, “como outras atletas, estavam sub-representadas no mundo do marketing”. Neste âmbito, o banco estabeleceu uma parceria com a futebolista Kika Nazareth.

Recentemente, o BPI lançou também uma campanha de apoio à seleção feminina, que contou com a criatividade da Dentsu Creative Portugal e a produção da Ministério dos Filmes. Num “tom emocional e inspirador”, o spot acompanha a evolução emocional de um pai, desde o desejo de ter um rapaz (que afinal era uma rapariga), até se tornar no maior fã da filha, a qual, passo a passo, cumpre o sonho de jogar na seleção nacional.

Segundo o BPI o filme já registou mais de 23 milhões de visualizações (somando as visualizações em todas as plataformas, incluindo as da FPF).

O Continente – que já era parceiro há vários anos da FPF e que em 2021 alargou o apoio à Seleção Masculina de Sub-21 e à Seleção A Feminina, além da Seleção A Masculina – refere que o marketing desportivo lhe permite alcançar um público amplo e variado, aumentando o alcance e o reconhecimento da marca.

“Também nos permite associar a valores positivos do desporto, nomeadamente promovendo e celebrando a igualdade de género, a tolerância, o respeito, a resiliência, estilos de vida saudáveis, a importância do fairplay, a portugalidade e a união”, refere a marca de retalho ao +M.

Esta parceria com a FPF “dá-nos a possibilidade de oferecer aos nossos clientes experiências diferentes, o que é também uma forma de retribuir a confiança que os clientes depositam em nós e agradecer a sua preferência“, bem como “democratizar o acesso ao desporto a todas as famílias”, refere o Continente em resposta ao +M.

No campo da saúde, a CUF diz congratular-se com o apuramento pioneiro da seleção feminina para o Campeonato do Mundo de Futebol pelo que “suporta a demonstração de competência e performance das atletas”.

Com esta parceria, procuramos reforçar a associação positiva entre saúde e performance desportiva. Acreditamos que esta parceria aproxima a CUF dos portugueses e reforça a confiança, credibilidade e competência clínica que nos são reconhecidas. A saúde e o desporto são territórios que se complementam de uma forma muito natural e verdadeira e é isso mesmo que esta parceria significa para nós“, afirma Ana Allen Lima, diretora de marketing da CUF, em resposta ao +M.

Ana Allen Lima, diretora de comunicação da CUF.

Segundo Ana Allen Lima, esta é uma “excelente oportunidade de demonstrar o apoio pela Seleção Feminina, em total alinhamento com os valores preconizados pela FPF: excelência, fair play, irreverência, competência e superação”.

Sendo a FPF uma “força agregadora da sociedade portuguesa, que desperta em nós emoções profundas”, é nesse ambiente emocional, que a CUF diz querer comunicar a sua principal mensagem: “a seleção feminina vai à CUF”.

Nesta campanha, cuja criatividade ficou a cargo da agência BBDO, as protagonistas são as jogadoras da seleção portuguesa e o objetivo passa por demonstrar “que as atletas de elevada performance, que requerem cuidados diferenciados e altamente especializados, confiam a sua saúde à CUF”.

A Altice não respondeu em tempo útil às questões do +M, mas a marca também lançou recentemente uma campanha de apoio à seleção feminina portuguesa, através da marca Meo, que contou com a criatividade da Dentsu Creative Portugal e com planeamento de meios da OMD.

Com o claim “Não é só futebol feminino. É Portugal”, a campanha retrata um rapaz de 11 anos com uma camisola da seleção portuguesa vestida que, ao ver no pátio da escola um grupo de jovens raparigas a jogar à bola, não sabe de pode participar. Depois de ser convidado a entrar em jogo, mostra que tem vestida uma camisola com o nome “Jéssica S”, que lhe tinha sido oferecida pela atleta Jéssica Silva, num jogo de apoio à seleção portuguesa de futebol feminino.

A propósito do lançamento da campanha, a Meo referiu em comunicado que além de ter como objetivo “estar onde estão as emoções dos portugueses” ao apoiar o desporto em geral, este apoio em concreto à seleção feminina “vem também reforçar o posicionamento do Meo como marca de causas que promove a diversidade, a inclusão e a igualdade”.

Também a própria Federação Portuguesa de Futebol lançou uma campanha de apoio à seleção feminina. Com o mote “O Primeiro de Muitas“, a campanha pretende “ser uma mensagem inspiradora, não só destinada às atletas responsáveis por este feito histórico, mas também para as atletas das novas gerações, que já trabalham diariamente com vista a chegar ao topo da modalidade”, refere a FPF.

O spot conta assim com a participação de todas as atletas da Seleção, com o Selecionador Francisco Neto, e ainda com várias jogadoras de formação, sendo que a campanha se enquadra também numa “estratégia de atração de novas atletas para a modalidade“. A criatividade ficou a cargo da Uzina e a produção da 78.

Nenhuma das marcas revelou o investimento feito no âmbito deste patrocínio. A Sagres afirma, no entanto, que o futebol “representa um investimento significativo num território que sempre foi característico da Cerveja Sagres e que tem gerado resultados, uma vez que a marca tem sido reconhecida por ter cada vez maior ligação ao futebol”.

Já a CUF aponta que o investimento na parceria com a FPF se foca em “alcançar resultados sólidos e com impacto para ambas as marcas“, sendo que a maior motivação é contribuir para o sucesso dos atletas, “sabendo que contribuímos igualmente para a saúde de todos os que necessitam dos nossos cuidados de saúde”.

O BPI, que também não divulgou números “até porque o acordo com a Federação Portuguesa de Futebol não envolve apenas o futebol feminino”, refere no entanto que o futebol feminino “tem sido uma aposta crescente do BPI” uma vez que além do naming da Liga BPI e do apoio à seleção, o banco passou também a patrocinar a Taça da Liga BPI.

O acordo global com a FPF representa uma fatia importante do orçamento global de promoção da marca BPI, a que se junta todo o investimento publicitário do Banco que envolve jogadoras da Seleção”, aponta a diretora executiva de comunicação e marca do BPI, Constança Macedo.

O Campeonato do Mundo de Futebol Feminino decorre na Austrália e Nova Zelândia entre 20 de julho e 20 de agosto. A seleção feminina de futebol portuguesa vai participar pela primeira vez na competição, depois de ter garantido o apuramento ao vencer os Camarões por 2-1.

Na fase final a equipa portuguesa junta-se ao grupo E, onde vai defrontar as seleções dos Países Baixos (23 de julho), do Vietname (27 de julho) e dos Estados Unidos (1 de agosto), esta última a campeã em título da competição.

Enquanto a Sport TV vai transmitir dos 54 jogos do mundial feminino, a RTP1 vai também transmitir em direto os três jogos de Portugal na fase de grupos, um jogo dos oitavos de final, outro dos quartos-de-final, as meias-finais, o jogo de apuramento do terceiro lugar e o jogo da final.

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