JN, DN, TSF e Jogo marcam greve geral para 10 de janeiro
Paralisação conjunta dos títulos da Global Media foi convocada depois de a administração anunciar que não sabe quando vai pagar os salários de dezembro, estando já em atraso o subsídio de natal.
Os trabalhadores do JN, DN, TSF e Jogo decidiram esta sexta-feira, em plenário, avançar para uma greve geral no dia 10 de janeiro, depois da administração da Global Media ter anunciado que vai falhar o pagamento dos salários de dezembro, estando já em atraso o subsídio de natal.
“As redações de Jornal de Notícias, TSF, O Jogo e Diário de Notícias, títulos do Global Media Group, aprovaram, unanimemente, a realização de uma greve para o dia 10 de janeiro de 2024”, segundo um comunicado conjunto a que o ECO teve acesso.
“Somos imunes à básica estratégica de dividir para reinar. A luta de cada um de nós é a luta de todos. Estamos unidos na defesa dos nossos direitos, do jornalismo e da democracia”, lê-se na mesma nota assinada pelos delegados sindicais Ivete Carneiro, Rita Salcedas, Maria Augusta Casaca, Ana Luísa Magalhães, Frederico Bártolo, Isaura Almeida e Valentina Marcelino.
O conselho de redação do DN, que também aprovou por unanimidade a paralisação de 24 horas a 10 de janeiro, decidiu ainda “pedir aos acionistas Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira, subscritores do ‘Esclarecimento dos acionistas da Global Media Group (GMG)’ tornado público nesta sexta-feira, que clarifiquem como pretendem ‘restaurar a credibilidade da GMG e das suas marcas’, assim como em que consiste a ‘firme intenção’ de ‘reverter a inusitada situação a que a empresa foi conduzida’”.
A decisão surge depois da administração do grupo comunicar que não sabe quando será possível pagar os ordenados de dezembro. A Comissão Executiva do grupo informou esta quinta-feira que a situação financeira do grupo é “extremamente grave” e não sabe quando terá condições para pagar os ordenados deste mês.
A Global Media é controlada maioritariamente pelo World Opportuny Fund (WOF), fundo que começou por entrar com uma participação de 38%, no capital da Páginas Civilizadas, empresa de Marco Galinha, que por sua vez reforçou na altura para 50,25% a sua participação no Global Media Group. Semanas depois, o WOF passou a controlar mais de 50% da referida Páginas Civilizadas. Mas, como a própria Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) já sinalizou, desconhece-se qual é acionista efetivo que está a usar o WOF para controlar aquele grupo de media.
“Apesar dos esforços desenvolvidos ao longo das últimas semanas no sentido de assegurar em tempo útil o processamento dos salários referentes ao mês de dezembro, a Comissão Executiva vê-se obrigada a informar todos os trabalhadores do Global Media Group não existirem, à data de hoje, condições que permitam o pagamento dos salários deste mês”, informou o grupo, num comunicado interno enviado aos trabalhadores.
A redação do JN, recorde-se, realizou uma greve de dois dias em dezembro, o que determinou mesmo a não publicação do diário em duas edições, coisa que nunca tinha sucedido em 135 anos de história. Já antes, a TSF tinha também feito um dia de greve.
Ainda esta quarta-feira, a Comissão de Trabalhadores (CT) da TSF disse que tem questionado a administração do Global Media Group (GMG) sobre os atrasos nos pagamentos, tendo ainda reiterado um pedido de acesso às contas da empresa, segundo um comunicado. Na nota lê-se que “o plenário da TSF convocado pela delegada sindical e pela Comissão de Trabalhadores” reuniu-se para “discutir a situação na empresa”, tendo deliberado, “por larga maioria, aderir às ações de luta concertadas pelos sindicatos para todo o universo do GMG”.
Acionistas minoritários da Global Media acusam fundo de “incumprimento” de contrato
Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira, acionistas minoritários do Global Media Group (GMG), demarcaram-se esta sexta-feira, em comunicado, dos atrasos no pagamento de salários a trabalhadores e da situação vivenciada na empresa, denunciando uma “situação de manifesto incumprimento” de contrato por parte do World Opportunity Fund, que é o maior acionista do grupo.
“Existe uma situação de manifesto incumprimento por parte do World Opportunity Fund, Ltd., quanto a obrigações relevantes dos contratos, que, ao não ter ocorrido, teria permitido o pagamento dos salários e o cumprimento de outras responsabilidades”, asseguraram os acionistas da Global Media esta sexta-feira.
Questionada pelo +M/ECO sobre eventuais alterações na estrutura acionista, depois do comunicado dos acionistas minoritários, a GM não comenta. A administração também não comenta eventual uma insolvência e entrada em Processo Especial de Revitalização (PER).
Nos últimos cinco anos e até ao final de 2022, os prejuízos acumulados pelo GMG foram na ordem dos 39 milhões de euros, sendo que, para este ano, o grupo estima um prejuízo global que ultrapassará os sete milhões de euros, e que atingirá os nove milhões caso não se verifique uma reestruturação, e a saída de até 200 trabalhadores. A este montante, apontou o grupo, acresce “um conjunto de dívidas acumuladas de 5 milhões de euros, sendo de realçar que o montante que está a ser liquidado em sede de acordo RERT (Regime Excecional de Regularização Tributária) é de mais de sete milhões de euros”.
O GMG detém o Açoriano Oriental, o jornal mais antigo de Portugal, o Diário de Notícias, o mais antigo do território continental, a rádio TSF, o desportivo “O Jogo”, as revistas e sites do GMG e o “Jornal de Notícias”, que tem 135 anos.
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