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Gestão executiva da Global Media reduzida a Fafe e Marco Galinha

Carla Borges Ferreira,

Os administradores Paulo Lima de Carvalho e Filipe Nascimento apresentaram a demissão da administração da Global Media, restando agora apenas José Paulo Fafe e o acionista Marco Galinha.

Há mais renúncias na administração executiva da Global Media. Depois de Diogo Agostinho, foi a vez dos administradores Paulo Lima de Carvalho (Recursos Humanos) e Filipe Nascimento (área financeira) apresentarem a demissão do grupo que tem o JN, a TSF, O Jogo e o DN e que está com salários em atraso. A decisão destes dois gestores é oficializada no dia em que José Paulo Fafe anunciou que o World Opportunity Fund não vai transferir dinheiro para o pagamento dos ordenados de dezembro, ainda em atraso, enquanto a ERC não deixar cair as investigações que está a fazer sobre a efetiva titularidade do grupo de media.

Na carta de renúncia, dirigida ao presidente do grupo, Marco Galinha, e com conhecimento de José Paulo Fafe, o administrador Paulo Lima de Carvalho, com o pelouro dos recursos humanos, invocou justa causa. “Atendendo a que não estão asseguradas as mínimas condições para o desempenho do cargo, porque não estão cumpridas as promessas que me foram feitas e que estiveram na base da aceitação do mesmo, venho, pela presente, apresentar a minha renúncia, com justa causa, ao cargo de Administrador e membro da Comissão Executiva da Global Notícias Media Group, S. A. e demais empresas da esfera”, escreveu.

“O convite que me foi feito e a aceitação do mesmo, teve por base garantias, condições e
pressupostos que, manifestamente, não se verificam“, afirma, acrescentando que “o projeto tinha como estratégia o engrandecimento do grupo através, designadamente, da aquisição de outras marcas, de jornais, rádios e televisão, focado na internacionalização do grupo, nomeadamente, em países da lusofonia”, descreve. “Foi-me assegurado que iria ser realizado um forte investimento, de molde a poder desenvolver o grupo nas várias áreas de que me incumbiram”, diz o até agora responsável pela área digital, promoção da inovação, inteligência
artificial e novas tecnologias”.

“Como é notório e publico, não só as condições mínimas necessárias à implementação dos projetos para os quais fui incumbido não estão a ser minimamente asseguradas, como ocorre, ao invés, uma total ausência de investimentos, que estão a provocar uma permanente situação de asfixia financeira, onde nem sequer nos é possível assegurar os compromissos já existentes, designadamente remunerações, quanto mais desenvolver qualquer tipo de projetos”, continua, acrescentando ainda que “não há qualquer hipótese de cumprir” as obrigações.

Paulo Lima de Carvalho diz-se “totalmente alheio” à responsabilidade pela “atual situação do grupo” e que a sua imagem está a ser denegrida, “decorrente da elevadíssima exposição negativa a que o meu nome vem estando sujeito”.

Filipe Nascimento, o administrador executivo com a área financeira, também apresentou também esta quinta-feira à noite a renúncia ao cargo, avança o Expresso. “Quem me conhece sabe que é com profunda mágoa e consternação que hoje decido pôr fim a esta colaboração que se iniciou há 4 meses, a 15 de setembro de 2023. No entanto, não posso admitir que o meu nome seja arrastado para uma batalha de oportunismos empresariais, e também políticos, bem como de egos e guerras de um mercado que está demasiado prisioneiro de interesses conflituantes, nem todos preocupados com a sobrevivência e sustentabilidade das marcas jornalísticas”, adianta.

Filipe Nascimento, revela o Expresso, diz também que “não é possível reestruturar uma dívida de cerca de 5 milhões de euros sem existir previsibilidade e sazonalidade nos fluxos de financiamento” e que também “não é possível gerir uma empresa onde negócios, perspetivados em setembro e assinados em novembro, são anulados à 25.ª hora por questiúnculas políticas e eleitorais, inviabilizando fluxos de tesouraria previstos”, ou “gerir e programar tesouraria quando as entidades bancárias cortam o financiamento sem prévio aviso”.

Marco Galinha é um dos acionistas de referência da Global Media, mas tem uma posição minoritária na Páginas Civilizadas, a sociedade que controla 51% do grupo de media. Mas José Paulo Fafe, CEO, assume-se como representante do fundo. E o que disse há dias no Parlamento? “Não, não me demito. Nunca virei a cara a nada na vida e não viro agora (…) Peço imensa desculpa a quem me quer ver pelas costas, mas vão ter de levar comigo. Até eu decidir“.

(atualizada às 23h20)

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