Túnel planeado há 20 anos na Boavista não dá para ligar metro ao metrobus do Porto
"Ainda que o túnel estivesse totalmente concluído, o que não se verifica, o traçado não permitiria uma ligação funcional à estação Casa da Música e às futuras linhas Rosa e Rubi", diz Metro do Porto.
O túnel planeado há 20 anos para ligar a estação Casa da Música à da linha da Boavista do Metro do Porto, que não chegou a ser construída, não poderá ser usado para ligar ao metrobus, disse a empresa.
“Ainda que o túnel estivesse totalmente concluído, o que não se verifica, o seu traçado não permitiria uma ligação funcional à estação Casa da Música e, por inerência, às futuras linhas Rosa e Rubi”, pode ler-se numa resposta de fonte oficial da Metro do Porto a questões da Lusa.
Em causa está um túnel planeado nos anos de 2004 e 2005 aquando dos planos para a construção da linha da Boavista do Metro do Porto (Casa da Música – Senhor de Matosinhos), que não chegou a ser construída.
“Esteve, de facto, prevista a existência de um túnel pedonal com o intuito de garantir a ligação entre a estação Casa da Música, o parque de estacionamento da Casa da Música e a linha da Boavista (que não chegou a ser construído)”, confirma a Metro do Porto à Lusa.
A mesma fonte acrescenta que “foram realizados trabalhos — designadamente de colocação de estacas e de construção da laje de cobertura (betonada sobre o terreno) do túnel, bem como desvios de redes — de forma a viabilizar o referido túnel“, mas “este não chegou a ser escavado e construído”.
De acordo com um descritivo do projeto do gabinete de engenharia GEG, que o elaborou, pretendeu-se integrar o percurso “na Casa da Música e na Rua 5 de Outubro, por intermédio de acessos exteriores”, num trajeto pedonal de 300 metros feito “por tapetes rolantes”.
A solução planeada à data “consistiu numa cortina de estacas com 0,60 m de diâmetro afastadas de 0,80 m”, uma estrutura de contenção “completa na fase de construção por uma laje de solidarização, que inclui vigas pré-esforçadas”.
Em causa esteve “o projeto de inserção do Metro numa zona emblemática da cidade — a Praça Mouzinho de Albuquerque, mais conhecida como rotunda da Boavista — projeto que consiste numa intervenção urbanística de fundo, que implicou a reabilitação da via rodoviária, jardim e passeios, concebida pelos arquitetos Siza Vieira e Souto Moura”.
A intervenção incluía “o planeamento urbano da zona envolvente, a reabilitação de um edifício com 500 metros quadrados para um café e restaurante, um túnel pedonal e o consequente desvio de todas as infraestruturas (rede de águas pluviais e drenagem de águas residuais, eletricidade, telecomunicações e gás)”.
A linha da Boavista, que à data custaria 90 milhões de euros, foi abandonada em 2008 e agora o percurso será feito por metrobus, um autocarro a hidrogénio que circulará em via dedicada na Avenida da Boavista e em convivência com o automóvel na Avenida Marechal Gomes da Costa.
Além do túnel planeado na Boavista, a primeira fase do Metro do Porto levou também à construção de dois túneis no Hospital São João, que acabaram por ter outras finalidades.
“Foi construído um túnel, através do método Cut & Cover [trincheira], sob a rua Dr. Roberto Frias para o términus do Hospital de São João, sendo que, posteriormente, o mesmo poderia servir para a ligação da linha Hospital — Maia. Porém, com a construção da estação na localização atual, não foi possível concretizar o términus conforme previsto”, refere a Metro do Porto à Lusa.
O troço de túnel existente é atualmente usado para a passagem de cabos de ligação à SET (Sub-estação de Tração) na Areosa, sendo que “não esteve prevista uma estação subterrânea para este local, a estação esteve sim prevista a nascente, também à superfície, numa localização mais ao centro do hospital”.
“Foi também iniciado (mas não concluído) outro túnel, em frente à entrada para as urgências, que serviria para entrada das ambulâncias no hospital, sob o canal de metro”, aponta.
Questionada sobre se alguma destas infraestruturas poderá ser aproveitada numa futura expansão do Metro do Porto, fonte oficial da transportadora referiu que, “até ao presente, não está prevista a sua utilização em projetos futuros”.
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