Produtor do Douro aposta em vinhos mais caros. Mercado brasileiro está a crescer
Numa altura em os viticultores se queixam da crise no setor, o produtor António Boal tem o mercado de vinhos caros em crescimento, sobretudo no Brasil que tem um peso de 30% na faturação.
Depois de anunciar a construção de um hotel de quatro estrelas, o produtor António Boal, da Costa Boal Family Estates, investe meio milhão de euros num espaço de armazenamento e engarrafamento de vinhos DOC Douro, na zona industrial de Vila Real, para dar resposta à crescente procura por vinhos premium, principalmente do mercado brasileiro que está em crescendo. De olhos postos nos vinhos de luxo, o empresário antecipa faturar 1,7 milhões de euros.
Para acompanhar esta tendência do mercado pela procura de vinhos de luxo e “de qualidade”, o empresário lançou recentemente novos vinhos premium, com a assinatura do enólogo Paulo Nunes, e de edição limitada, como é o caso do Costa Boal Homenagem Tinto, com 3.000 garrafas, cada uma a custar 90 euros, ou as 600 garrafas da referência Costa Boal Homenagem Rosé de 1,5 litros, a 80 euros cada.
Estes novos vinhos apresentam uma nova imagem gráfica que reflete a tradição de mais de 150 anos de história de mãos dadas com a modernidade da marca que pretende reforçar o seu posicionamento no segmento premium. Também é dado relevo ao brasão da família neste rebranding.
Igualmente a pensar nesta tendência do mercado por vinhos mais caros, António Boal prepara-se para adquirir mais uma quinta de vinhas velhas mas, sem contudo, entrar em grandes detalhes sobre a possível localização ou o investimento previsto. “O objetivo é aumentar a qualidade dos vinhos em portfólio. As pessoas pagam pela qualidade, por gamas altas”, assinala o produtor ao ECO/Local Online que, apesar de “estar a vender menos garrafas”, tem o mercado de vinhos caros em crescimento, sobretudo no Brasil que tem um peso de 30% nas vendas seguido do mercado nacional (60%).
Além de reforçar o posicionamento no Brasil, António Boal quer conquistar novos pontos de venda na Alemanha, Estados Unidos, Canadá e China.
Com produção de vinho no Douro, Trás-os-Montes e Alentejo, o empresário considera que “este foi um bom ano de vindimas com mais 10% de produção de uvas do que nos últimos três anos”. Contas feitas, o produtor contabiliza 380 mil litros de colheita nas três regiões.
O objetivo é aumentar a qualidade dos vinhos em portfólio. As pessoas pagam pela qualidade, por gamas altas.
A história do património vitivinícola da empresa começou a escrever-se em 1857, na aldeia de Cabeda, no planalto de Alijó (Vila Real), onde ainda existe a antiga adega da família datada desse mesmo ano. Requalificada em 2014, a adega mantém os lagares tradicionais de granito onde ainda se pisa a pé as uvas. “É aqui que repousam os Vinhos do Porto velhos e muitos velhos da Costa Boal, bem como outros mais recentes”, conta o produtor.
Em 2024, a empresa adquiriu a Quinta de Arufe, em Favaios, num investimento superior a três milhões de euros, para entrar na área do enoturismo e tirar partido das vinhas que a propriedade tem. O projeto contempla um hotel de quatro estrelas, com adega, sala de provas e restaurante panorâmico, em Favaios, Alijó. A unidade hoteleira deverá abrir as portas no início de 2026 e atrair maioritariamente turistas do mercado francês, britânico e brasileiro.
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