Estação ferroviária de Coimbra encerra ao fim de 160 anos já no próximo dia 12
Metro Mondego confirma dia 12 como o último com comboios no centro da cidade. Defensores da ligação ferroviária ribeirinha não conseguiram travar encerramento.
Quando passarem vinte minutos da meia-noite de domingo, dia 12, um último comboio partirá da estação de Coimbra-A, 160 anos depois da inauguração ocorrida ainda em tempo da monarquia, quando se trouxe a ferrovia ao centro da cidade. Citada pela Lusa, a empresa Metro Mondego, responsável pelo sistema de mobilidade que percorrerá o antigo Ramal da Lousã até Serpins e fará a ligação do centro da cidade até ao hospital, confirmou o encerramento há muito anunciado da estação. Dali partem diariamente quase 50 comboios, numa viagem de três minutos ao longo da marginal do Mondego até Coimbra B, a estação da Linha do Norte.
Pelo caminho ficou a ilusão dos defensores da “estação nova”, ou “Coimbra-A”, como também é conhecida. Luís Neto, responsável do Movimento Cívico pela Estação Nova, promotor de uma petição que alcançou 3.500 assinaturas, lamenta a ausência de disponibilidade da parte dos ministros das Infraestruturas do atual e anterior governos para receberem o movimento e ouvirem os argumentos de quem pretendia evitar aquilo que está marcado para dia 12. “É incompreensível. A petição era também dirigida ao ministro das infraestruturas”, aponta Luís Neto.
O caso chegou a ser debatido em comissão parlamentar de economia e obras públicas a 30 de novembro de 2022, era Pedro Nuno Santos o ministro da tutela, mas acabou por nunca ir a plenário da AR para discussão pelos 230 deputados. “Toda a gente na sala concordou connosco, mas o deputado relator escolheu não levar a questão a plenário e não houve alteração”, afirma o defensor da presença da ferrovia no centro de Coimbra.
Da parte do Executivo municipal, acionista da Metro Mondego, houve uma audiência, diz Luís Neto, mas sem um apoio necessário à continuação da estação.
De acordo com a Metro Mondego, a ligação entre as duas estações de Coimbra será assegurada por autocarro, de forma gratuita e com pessoal a bordo para ajudar os passageiros, até que entre em funcionamento o Sistema de Mobilidade do Mondego. Com uma frequência superior aos atuais comboios urbanos e regionais, chegando ao máximo de 12 movimentos por hora, este serviço deverá durar até final do atual ano, quando o metrobus – solução alternativa ao metropolitano inicialmente previsto para o Ramal da Lousã, cujos carris foram levantados em 2010 – entrar ao serviço.
Sobre a solução do metrobus, Ana Paula Vitorino, que foi Secretária de Estado dos Transportes no primeiro Governo de José Sócrates, quando se decidiu retirar os carris do comboio e tornar a ligação em metropolitano de superfície, assegurou ao ECO/Local Online que as obras no canal deixaram-no preparado para receber um metropolitano de superfície – apesar da paragem das obras no final de 2010, uns meses antes da chegada da troika a Portugal. Falando à margem de um evento realizado em dezembro, lamentou a decisão que incidiu na solução rodoviária dos autocarros elétricos do sistema metrobus.
Tudo visto, é a solução que vai servir melhor todo este território e as populações. Tínhamos 17 frequências de comboio, vamos ter mais de 50 frequências diárias de deslocação da Lousã para Coimbra e, sobretudo, a solução do metrobus é a solução em que esse sistema se insere de forma mais harmoniosa no tecido urbano da cidade de Coimbra.
Há um ano, ainda enquanto primeiro-ministro, António Costa afirmou que o Sistema de Mobilidade do Mondego é a solução que melhor serve o território e população, com a dupla valência de transformar o tecido urbano de Coimbra – que deixará de ter a linha de comboio a separar a cidade do rio – e ligando-a aos municípios da Lousã e Miranda do Corvo.
“Tudo visto, é a solução que vai servir melhor todo este território e as populações. Tínhamos 17 frequências de comboio, vamos ter mais de 50 frequências diárias de deslocação da Lousã para Coimbra e, sobretudo, a solução do metrobus é a solução em que esse sistema se insere de forma mais harmoniosa no tecido urbano da cidade de Coimbra”, afirmou António Costa.
No total, os veículos do Sistema de Mobilidade do Mondego percorrerão 42 quilómetros por viagem, na ligação de Serpins a Coimbra, passando por Lousã e Miranda do Corvo.
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