Albuquerque ganha a um deputado da maioria absoluta. “Temos tempo” para escolher parceiro
Primeira candidatura do sucessor de Jardim, em 2015, foi a última a dar maioria ao PSD. Vitória exige acordo. CDS e IL têm ambos o deputado que falta para Albuquerque formar Governo maioritário.
O PSD venceu as eleições legislativas regionais na Madeira, com 43,4%, alcançando 23 mandatos — mais quatro que há um ano –, a apenas um da maioria absoluta. O líder social-democrata acentuou o ganho de cerca de 10 mil votos e a vitória em dez dos onze concelhos e em 50 das 54 freguesias da Madeira. O acréscimo de 13 mil votos deixou a maioria absoluta a apenas 300 votos, destacou, no discurso de vitória.
Em resposta às perguntas dos jornalistas sobre possíveis diálogos para formar um Governo maioritário, assegurou: “Não falei ainda com ninguém. Nós temos tempo, dada a votação que obtivemos, que foi expressiva. Neste momento, não há qualquer equívoco, nem qualquer dúvida relativamente ao que os madeirenses querem em termos de construção de um Governo e de uma política para o futuro. Temos calma, temos de fazer com ponderação. Vamos fazê-lo com calma“.
O vencedor da noite dirigiu um agradecimento aos eleitores, o qual, em simultâneo, serve de resposta a quem o acusa de falta de legitimidade, após os casos judiciais que o envolveram a si e a membros do Governo que liderou até à moção de censura de dezembro: “Quero deixar um agradecimento muito sentido quanto à confiança depositada no meu partido e na minha liderança que o nosso povo mais uma vez demonstrou. Não há qualquer equívoco”.
Ainda no discurso de vitória na sede de campanha, designou de “atitude inteligente e civicamente elevada” a votação dos madeirenses e porto-santenses. “O povo”, referiu, “veio confirmar mais uma vez aquilo que quer, estabilidade e um Governo para quatro anos. Não quer brincadeiras de partidos”.
Os 43,4% são “o reconhecimento do trabalho realizado e do rumo que o povo madeirense quer prosseguir” e, afirmou o sucessor de Alberto João Jardim, também uma clara derrota da coligação de esquerda e da agenda de maledicência que imperou durante toda a campanha eleitoral”. No discurso ficou ainda prometida “uma postura e atitude política de humildade”.
José Manuel Rodrigues, presidente do CDS-PP Madeira, indiciou a possível disponibilidade para proporcionar a um Governo liderado pelo PSD uma maioria de 24 mandatos: “o resultado destas eleições foi um voto na estabilidade política. Os madeirenses quiseram dizer que querem estabilidade política, governabilidade, querem um governo para os próximos quatro anos”, afirmou. Questionado sobre o caso judicial que envolve Albuquerque, o líder centrista recuperou um mantra de António Costa, dizendo que “à política o que é da política, à justiça o que é da justiça”. José Manuel Rodrigues referiu que “os madeirenses tiveram oportunidade de se pronunciar sobre essa matéria, já o tinham feito em maio. Sempre disse e continuo a dizer que não faço campanhas eleitorais, não provoco eleições nem disputo eleições na base de processos eleitorais”.
Agora, o CDS vai reunir os órgãos do partido e “nos próximos dias” dirá qual a solução que propõe. “Os madeirenses podem continuar a contar com o CDS para que a Madeira possa, a partir de agora, ter mais estabilidade política e melhor governabilidade”. Sobre um hipotético telefonema de Albuquerque, referiu: “ainda não recebi, mas não estou ansioso para o receber”.
A Iniciativa Liberal (IL), por seu turno, deixou “um apelo ao PSD e em particular ao Dr. Miguel Albuquerque, que consigam de uma vez por todas criar condições para termos um governo estável, para quatro anos”. Os eleitores e a IL não querem mais eleições, afirmou Gonçalo Maia Camelo, candidato eleito para o parlamento. Contudo, repetiu o que foi dito pela IL durante a campanha: “com um Governo liderado pelo Dr. Albuquerque, não estaremos disponíveis para colaborar”.
Já o Chega nega disponibilidade para negociar com o líder social-democrata e diz ao PSD que “arranje entendimentos com quem quiser, e, obviamente, não será com o Chega”, partido que “será oposição a este Governo de Miguel Albuquerque”. Ainda assim, o líder regional chegano deixou uma ressalva de que, num PSD sem o vencedor das eleições, poderá haver negociações para formar Governo.
A votação na Madeira culminou em 23 mandatos para o PSD (43,4%), 11 para JPP (21,1%), oito para os socialistas (15,6%), três para o Chega (5,5%) e dois votos repartidos entre o CDS (3%) e a IL (2,2%). Fora do parlamento regional ficaram CDU (1,8%), PAN (1,6%) e BE (1,1%), para lá das demais forças políticas candidatas.
Fora de hipótese ficou, assim, uma maioria à esquerda. No Partido Socialista, confirma-se a perda da dinâmica eleitoral alcançada em 2019, na primeira das candidaturas de Paulo Cafôfo. Naquele ano, os socialistas tiveram o resultado mais expressivo e aproximado dos social-democratas: 35,8% contra 39,4%. Agora, o PS teve 15,6%, atrás dos 21,1% do Juntos Pelo Povo. Uma derrota que levou o líder socialista a anunciar eleições internas no PS Madeira após as autárquicas, que decorrerão em setembro ou outubro. Até lá, e com umas legislativas na República pelo meio, a 18 de maio, Cafôfo continuará a liderar os socialistas na região.
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