Os 22 mil votos que mudaram a Assembleia Regional da Madeira

Entre os 142.960 votantes válidos nas eleições deste domingo, mais de 22 mil votos representaram uma mudança de sentido. O PSD foi quem mais ganhou e os abstencionistas quem mais perderam.

A Eleição Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira 2025, realizada este domingo, levou a uma mudança política substancial, mas essa mudança foi conseguida com uma troca de sentido de voto de apenas 15% do universo votante, segundo cálculos feitos pelo ECO/Local Online.

De um total de 255.380 inscritos, mais 858 que na eleição de 26 de maio de 2024, votaram 142.960 pessoas, mais 7.060 votos do que há um ano. A redução da abstenção, de 46,4% para 44%, foi a maior fonte de votos, representando uma mudança da decisão dos eleitores que, desta vez, se sentiram motivados a participar.

A quebra do PS em 6.624 votos – com uma redução de 21,3% dos votos para 15,6% – foi a segunda maior fonte de mudança de intenção de voto, seguindo-se o Chega, com menos 4.720 votos.

A força não esteve com a coligação do PTP, MPT e RIR que baixou 1.537 votos, ficando reduzida a 789. A líder da Força Madeira afirmou mesmo que “a Madeira tem de ser estudada do ponto de vista sociológico”, já que, defende Raquel Coelho, “há um défice democrático” no arquipélago, com “vícios [políticos] graves”.

A IL quebrou 385 votos, enquanto o Bloco de Esquerda desceu 326 votos — ponto curioso, este é precisamente o número de acréscimo de votantes para a CDU/PCP –, enquanto o PAN quebrou 209 votos e perdeu o lugar conquistado em 2024. Já o ADN perdeu 81 votos, ficando com 691.

Em resumo, a soma da redução de abstenção (7.051), e das quebras do PS (6.626), Chega (4.720), Força (1.537) CDS (1.096), IL (385), BE (326), PAN (209) e ADN (81) resultou em 22.031 votos distintos, sejam por alteração de sentido de voto, seja pela transumância entre abstenção e participação. Estes mais de 22 mil votantes correspondem a 15% do total dos 142.960 madeirenses e porto-santenses que foram às urnas neste domingo.

Para onde foram os votos perdidos

Os 22.031 votos que se alteraram dirigiram-se, em média, em primeiro lugar ao PSD, que arrecadou 12.982, para atingir uma votação total de 62.085. O JPP conseguiu mais 7.136, enquanto a CDU/PCP obteve mais 326 votos e o Livre mais 48.

Os novos partidos concorrentes este ano, e que não se tinham candidatado no ano passado, conseguiram mais de um milhar de votos, 576 para o PPM e 487 para a Nova Direita (ND).

Também se verificou um acréscimo de 104 votos brancos, para 713, e de 372 nulos, para 2.554, contribuindo para os 22.031 votos ganhos por uns e perdidos por outros.

Coincidências, ou talvez não

  • Os votos ganhos pelo PSD (12.982) são menos 270 que a soma da redução da abstenção e das perdas de Chega, IL e CDS;
  • Os votos ganhos pela CDU/PCP são exatamente iguais (326) aos perdidos pelo BE;
  • Os votos ganhos pelo JPP (7.136) quase coincidem com a redução de abstenção (7.051). Também se pode considerar a eventualidade de transferência entre os partidos de Élvio Sousa e Paulo Cafôfo.

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