Unicórnio português Tekever compra aeroporto britânico para expandir centro de testes a drones

Os drones do mais recente unicórnio português estão a levar a empresa a assinar negócios além-fronteiras. A Tekever lançou-se recentemente na aquisição de infraestruturas aeroportuárias com a compra do Aeroporto de West Wales, que se localiza na zona costeira de Aberporth, no País de Gales.

A Tekever, especializada em drones e aparelhos semelhantes movidos a inteligência artificial (IA), considera que este aeroporto tem um ambiente de voo de sistemas de aeronaves não tripuladas (UAS – Unmanned Aerial Vehicle) de “classe mundial” e um “centro-chave” para realizar testes e avaliar equipamentos.

“Proporciona à Tekever e ao ecossistema dos seus parceiros acesso a 6.300 quilómetros quadrados de espaço aéreo restrito sobre terra e mar”, destaca a empresa liderada por Ricardo Mendes, em comunicado.

A Tekever trabalha no Aeroporto de West Wales há dois anos, utilizando a infraestrutura aeroportuária para testar e avaliar os seus sistemas não tripulados, pelo que tem sido “fundamental” para a área de investigação e desenvolvimento da empresa. Por exemplo, permitiu criar o ciclo de vida completo do Tekever AR3 no Reino Unido e fez voos de teste para clientes como o Ministério do Interior do Reino Unido e a Marinha Real Britânica.

O unicórnio com sede em Lisboa tem crescido no Reino Unido, sobretudo com clientes do setor público, onde também figura um contrato para o fornecimento de drones para a Royal Airforce (RAF). Nos próximos cincos anos, planeia investir 400 milhões de libras (cerca de 470 milhões de euros) nesta região, nomeadamente com a criação de cerca de mil postos de trabalho locais, no âmbito de um programa conhecido como Overmatch.

O objetivo passa por expandir o aeroporto para se tornar, efetivamente, num centro de testes, que estará disponível para as partes interessadas do governo do Reino Unido, parceiros aliados e colaboradores da indústria.

“Visa proporcionar vantagem competitiva através de tecnologia autónoma e baseada em IA às forças armadas do Reino Unido e da NATO (…). Como observado em implementações recentes na Ucrânia, ciclos rápidos de inovação e acesso a ambientes de avaliação do mundo real são essenciais para a defesa moderna”, refere a Tekever.

A secretária do governo do País de Gales para Economia, Energia e Planeamento considera que a Tekever “é uma das empresas líderes e de crescimento mais rápido na Europa no setor dos sistemas aéreos não tripulados”. “A aquisição do Aeroporto de Gales Ocidental, em Ceredigion, apoia os seus ambiciosos planos de expansão no Reino Unido e proporcionará benefícios significativos para o ecossistema de defesa nacional e para a economia regional do centro e oeste do País de Gales”, garantiu Rebecca Evans.

O CEO da Tekever afirma que, à medida que os gastos com defesa aumentam e as ameaças geopolíticas crescem, a procura por sistemas autónomos baseados em IA também aumenta, portanto esta aquisição “reforça a capacidade de satisfazer esta procura”. Ricardo Mendes garante que “isto é apenas o início” dos investimentos.

No início deste mês, numa conferência em Lisboa, o diretor de Desenvolvimento Estratégico da Tekever disse que a empresa percebeu em 2010 que a robótica um ramo tecnológico no qual “valia a pena apostar”, mas ganhou dimensão com o contexto internacional. “O contexto de guerra mais premente deu-nos outra escala”, admitiu Pedro Petiz, no 34º congresso da APDC.