Associação ambientalista Zero defende proibição de publicidade a combustíveis fósseis
Associação ambientalista recorda que a publicidade ao tabaco também foi proibida por representar um risco grave e direto para a saúde. Queixa à ERC foi encaminhada para a Direção-Geral do Consumidor.
A associação ambientalista Zero defende a proibição de anúncios a combustíveis fósseis em Portugal, porque “não deve haver tempo de antena” para publicidade a produtos que queimam o futuro do planeta.
Em comunicado, a associação diz que já apresentou uma queixa sobre a matéria, lembra as temperaturas elevadas de junho e as crescentes preocupações com a saúde pública devido às ondas de calor, e questiona a lógica de ainda haver publicidade a produtos “responsáveis por uma parte significativa das emissões de gases com efeito de estufa”.
Os combustíveis fósseis, acrescenta, levam ao aquecimento global, a fenómenos climáticos extremos e à poluição do ar.
Recordando que a publicidade ao tabaco foi proibida por representar um risco grave e direto para a saúde, a Zero diz que “faz cada vez menos sentido permitir que as empresas de combustíveis fósseis continuem a usar o poder da publicidade para normalizar, promover e até embelezar produtos que comprometem a saúde ambiental, agravam doenças respiratórias e cardiovasculares e aceleram a degradação climática”.
Para a associação, defender essa proibição é não só uma questão de coerência climática como também uma medida de saúde pública e de justiça intergeracional.
No mesmo comunicado, a Zero cita a legislação nacional, como o Código da Publicidade, nomeadamente na parte sobre a proibição de publicidade que encoraje comportamentos prejudiciais à saúde e segurança do consumidor, acrescentando que a crise climática coloca em causa o direito a um ambiente de vida sadio e ecologicamente equilibrado, contemplado na Constituição.
Por isso a Zero diz que apresentou uma queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre a prática de publicidade a combustíveis fósseis ou produtos que incentivem o seu uso intensivo, que foi encaminhada para a Direção-Geral do Consumidor.
A associação anuncia ainda no comunicado que está a recomendar iniciativas legislativas que visem clarificar a legislação e banir a prática. “À semelhança do que já foi feito com o tabaco, a Zero propõe que Portugal reconheça que os combustíveis fósseis são nocivos para a saúde pública e para o planeta”, salienta-se no comunicado.
A Zero entende haver um entendimento crescente da “insustentabilidade das campanhas e das práticas de maquilhagem verde (greenwashing) no setor dos combustíveis fósseis”. E cita uma análise da organização ambientalista “Greenpeace” segundo a qual a publicidade das companhias aéreas e dos fabricantes de automóveis na Europa está a contribuir para o agravamento da emergência climática global.
A cidade de Haia (Países Baixos) e França já têm restrições à publicidade a combustíveis fósseis e Espanha está a preparar uma lei sobre esta matéria, lembra a Zero, que considera fundamental que a Europa tome medidas legais ambiciosas “para orientar o consumo para alternativas mais responsáveis e sustentáveis, evitando o recurso a combustíveis fósseis”.
Em todo o mundo, mais de 40 cidades já adotaram medidas contra a publicidade a produtos de origem fóssil. E o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou aos governos, em 2024, para que proibissem a publicidade a produtos fósseis.
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