Baker Tilly reestrutura negócio na ibéria. Portugal vai triplicar faturação

A auditora e consultora multinacional Baker Tilly avançou com uma reestruturação do seu negócio, alterando a gestão em Portugal e criando um hub ibérico ao juntar as atividades no nosso país e em Espanha. O objetivo, conta ao EContas João Aranha, um dos managing partners da empresa em Portugal, é ganhar “músculo” para reforçar o crescimento e fazer mais investimentos em tecnologia, conseguindo triplicar a faturação por cá até 2028.

A liderança da Baker Tilly sofreu algumas alterações nos últimos meses. Paulo André, que esteve mais uma década na empresa, abandonou o cargo de managing partner do negócio em Portugal depois de, segundo avançou o Expresso em junho, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter detetado várias falhas por parte da Baker Tilly Portugal. Este lugar foi agora ocupado por João Aranha e Tiago Almeida Veloso.

É neste contexto e por iniciativa da nova liderança que a reestruturação acabou por se efetivar no início de setembro. “Estarmos juntos permite-nos maior visibilidade, maior internacionalização e maior capacidade de investimento em tecnologia”, nomeadamente em inteligência artificial, diz ao EContas o managing partner que entrou na Baker Tilly em 2010, quando a operação arrancou em Portugal, sendo depois promovido a sócio passados quatro anos. João Aranha passou antes pela KPMG e pela Deloitte em Londres. Também Tiago Almeida Veloso está na multinacional há mais de uma década.

“Já nos dávamos informalmente muito bem com os nossos colegas de Espanha, já tínhamos, e temos, muitos trabalhos em conjunto. Pensámos que para [desenvolver] certas áreas que cá não estavam tão desenvolvidas, como é o caso do M&A e do ESG, e também para termos uma maior possibilidade de investimento em tecnologia, em pessoas, em formação”, era preciso dar este passo e intensificar a colaboração que já existia, explica o responsável.

Por outro lado, a equipa em Portugal pode apoiar mais na área dos preços de transferência, que ainda não está muito desenvolvida em Espanha. “Todas as empresas pertencentes a um grupo económico, se tiverem uma faturação superior a 10 milhões de euros, têm de preparar um relatório a dizer que as suas operações intragrupo são feitas a valor de mercado. É uma regra fiscal anti-abuso para não haver desvio de lucros e gastos. Nós ajudamos as empresas a fazer esse relatório”, indica o responsável, notando que outra área em que podem prestar maior apoio é no due diligence fiscal.

Com a criação deste hub ibérico, as previsões da empresa apontam para uma faturação de 100 milhões de euros em Espanha e para 12 milhões de euros em Portugal em 2028, triplicando face ao volume atual. O nome, porém, vai manter-se o mesmo para cada um dos negócios, podendo, no futuro, vir a mudar para Baker Tilly Iberia, refere o managing partner.

Atualmente, a Baker Tilly Portugal tem escritórios em Lisboa e no Porto. João Aranha avança que o objetivo é expandir a sua presença, mas sem avançar mais detalhes. Já a equipa, que se distribui pelas áreas de auditoria financeira, impostos, contabilidade, corporate finance, incentivos, entre outras, conta com cerca de 100 pessoas. A nível global, a auditora e consultora está presente em perto de 140 países e ocupa o oitavo lugar entre os maiores players da indústria.