Honorários cobrados pelas auditoras subiram mais de 10% em 2024

Os honorários cobrados pelas auditoras subiram 10,5% no ano passado, num período em que também aumentou o número de relatórios emitidos. A CMVM diz estar atenta a "remunerações inadequadas".

Os honorários cobrados pelas auditoras subiram mais de 10% no ano passado, com as chamadas “big six” a ganharem peso no volume de negócios quer a nível da auditoria como de outros serviços. Um tema que continua a ser acompanhado de perto pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), alertando que uma remuneração desadequada dos serviços pode prejudicar a qualidade da auditoria.

“Em 2024, foram emitidos pelos Auditores registados na CMVM 32.522 (32.098 em 2023) relatórios de auditoria, pelos quais foram cobrados honorários correspondentes a 223.218 milhares de euros (201.999 milhares de euros, em 2023)“, mostra o relatório com os resultados globais do sistema de controlo de qualidade sobre a atividade de auditoria relativo ao ciclo 2024/2025, divulgado esta segunda-feira pela CMVM.

De acordo com a CMVM, “verificou-se assim, em 2024, um aumento dos relatórios de auditoria reportados (1,3%) e um aumento relevante no valor dos honorários (10,5%)”.

O relatório mostra que o “aumento verificado nos honorários não se reflete uniformemente nos auditores ou em todas as tipologias de EIP [entidades de interesse público]”, observando-se nos auditores destas entidades “um aumento do peso do volume de negócios das big six em dois pontos percentuais, quer em auditoria quer em serviços distintos de auditoria, com a correspondente diminuição para os restantes auditores de EIP”. As chamadas big six incluem a Deloitte, EY, KPMG, Pwc, BDO e Forvis Mazars.

Por sua vez, indica, “observa-se que a taxa de crescimento anual do total de honorários de auditoria dos auditores de EIP, em relação aos auditores de entidades que não são de interesse público (NEIP), é superior”.

Os resultados revelam ainda que, no caso das EIP, houve um “incremento de honorários médios em todas as suas tipologias, tendo o aumento mais expressivo ocorrido nas empresas de seguros (+36,5% face ao ano anterior).

“Nas demais entidades (NEIP), em termos médios, a evolução dos honorários também foi positiva, ainda que em 28% dos relatórios emitidos (31% em 2023) continuem a ser cobrados honorários abaixo de 2.000 euros“, acrescenta o regulador.

"A remuneração inadequada dos serviços de auditoria pode influenciar negativamente a qualidade da auditoria e afetar o funcionamento eficiente do mercado. Por este motivo, esta matéria continuará a ser acompanhada pela CMVM.”

CMVM

Esta evolução pode justificar-se pela “fragmentação da oferta, a concorrência assente em níveis de investimento reduzidos e o facto de os limites mínimos para auditoria obrigatória serem significativamente baixos em Portugal, quando comparados com outros países”, como é o caso de Espanha, França e Bélgica, adianta a CMVM, garantindo estar atenta a situações em que são cobrados honorários baixos.

“A remuneração inadequada dos serviços de auditoria pode influenciar negativamente a qualidade da auditoria e afetar o funcionamento eficiente do mercado. Por este motivo, esta matéria continuará a ser acompanhada pela CMVM”, conclui.

Além do regulador das auditoras, também a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) tem demonstrado a sua preocupações relativamente aos honorários baixos e o que isso pode traduzir em termos da qualidade da auditoria.

“É uma questão que me preocupa muito. Porque nós vendemos serviços. Os serviços tiveram um aumento de custo, nos últimos quatro ou cinco anos, de 30% ou 40%. E não tínhamos refletido isso em termos dos honorários que são praticados pelos auditores. No último ano, começou a assistir-se a uma tendência de aumento dos honorários. E isso é algo a que as pessoas vão ter que se habituar”, afirmou Virgílio Macedo, bastonário da OROC, em entrevista ao EContas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Honorários cobrados pelas auditoras subiram mais de 10% em 2024

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião