Passos afasta ‘linhas vermelhas’ com Chega nas autárquicas. “Temos de saber trabalhar em conjunto”

Antigo primeiro-ministro volta à campanha para apoiar Marco Almeida em Sintra, sem ver problemas em acordos pós-eleitorais entre PSD e Chega, cujo crescimento parlamentar “terá um reflexo autárquico”

Depois de na semana passada ter ido ao terreno apoiar Suzana Garcia na Amadora, alertando que “as pessoas gostam dos políticos que querem alguma coisa”, Pedro Passos Coelho voltou esta terça-feira à campanha das autárquicas ao lado do candidato do PSD a Sintra, Marco Almeida, que está a disputar a eleição taco-a-taco com a ex-ministra Ana Mendes Godinho (PS) e a deputada Rita Matias (Chega).

No segundo concelho mais populoso do país, onde a candidata do Chega aspira até a vencer para ser um “tubo de ensaio” para se perceber “como será um Governo liderado por André Ventura”, como a própria indicou na segunda-feira, o antigo primeiro-ministro voltou a recusar, também no poder local, um eventual bloqueio a entendimentos do PSD com o Chega.

“As ‘linhas vermelhas’ dos candidatos têm de ser aquelas que são ditadas por consciência e, portanto, relacionadas com coisas muito particulares, muito especiais, muito graves. Tirando isso, vivemos numa democracia e temos de nos respeitar uns aos outros e temos de saber trabalhar em conjunto, quaisquer que sejam os eleitos”, referiu Passos Coelho.

Depois de tomar o pequeno-almoço com Marco Almeida, o ex-governante, que vota precisamente em Sintra, antecipou aos jornalistas que o crescimento do Chega no plano parlamentar “terá um reflexo autárquico” no domingo. E exortou o candidato social-democrata a “procurar apoios junto dos que estão mais sintonizados com o que [quer] fazer”, uma vez que as sondagens mostram que será “difícil” que vença com maioria absoluta.

Questionado sobre se irá apoiar Carlos Moedas em Lisboa, Pedro Passos Coelho salientou que “não [está] na política ativa e não faz sentido andar pelo país em campanha”. Ainda assim, fez questão de desejar boa sorte ao líder da coligação liderada pelo seu antigo secretário de Estado e que propôs depois para comissário europeu, um cargo que “cumpriu com brilhantismo”.

Recuando a 2013, a última vez em que o PSD disputou eleições autárquicas enquanto liderava um Governo de coligação, em plena intervenção da troika e a um ano do que viria a ser a chamada ‘saída limpa’ — conquistou 106 câmaras, contra 150 do PS — sublinhou que, no atual contexto, “qualquer que seja a leitura do ambiente nacional, não pode ser comparado com as provações que passámos há muitos anos”. Mesmo que as eleições locais “[dependam] de muitos fatores”, “haverá sempre leituras nacionais” para Luís Montenegro.

Mariana Mortágua e Paulo Portas voltam ao terreno

Esta participação do ex-primeiro-ministro volta a marcar a campanha para as autárquicas, mas o oitavo dia na estrada terá, pelo menos, outros dois momentos de relevo: a entrada de Mariana Mortágua na campanha em Leiria, depois de ter regressado da flotilha que tentou chegar a Gaza e foi intercetada por Israel; e a ida de Paulo Portas a Vale de Cambra, um dos quatro municípios liderados pelo CDS-PP.

Nos outros partidos com representação parlamentar, Luís Montenegro (PSD) desce ao Alentejo e Algarve com ações em Évora, Faro, Silves e Albufeira; José Luís Carneiro (PS) passa o dia no distrito de Setúbal com visitas em Almada, Sesimbra e termina com um comício no Barreiro; e André Ventura (Chega) faz campanha em Leiria, Marinha Grande e Entroncamento.

Mariana Leitão (Iniciativa Liberal) tem agenda prevista em Aveiro e Viseu; Rui Tavares (Livre) vai andar por Barcelos; Paulo Raimundo (CDU) vai desfilar em Loures e Amadora e a comícios em Benavente e Alpiarça; e Inês de Sousa Real (PAN) percorre o Algarve com ações agendadas para Faro, Olhão e Vila Real de Santo António.

PS critica Governo por não ouvir autarcas sobre reformas na saúde

Concentrada no tema da saúde, a caravana do PS esteve esta manhã no Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde José Luís Carneiro acusou o Governo de “falhar em toda a linha nos compromissos que assumiu com os portugueses” nesta área. Um tema que é “sensível, complexo e exigente e exige a mobilização de todas as forças e vontades”, acrescentou.

Ao lado da presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, e das ex-ministras Marta Temido e Mariana Vieira da Silva, o secretário-geral socialista frisou que a reforma da emergência hospitalar prometida pela ministra da Saúde “tem de ser feita ouvindo em primeiro lugar os autarcas”. Que, lamentou, pediram para ser ouvidos pelo Executivo e não obtiveram “qualquer resposta”.

“Não é possível fazer reformas numa área tão sensível para as pessoas, que é vital para a confiança, sem motivar e envolver os autarcas”, completou Carneiro, em declarações reproduzidas pela RTP3. Recusou, por outro lado, comentar o afastamento de Nuno Melo do Ministério da Defesa pedido por Fernando Medina, que disse à Renascença que o líder do CDS deve sair do Governo ” se quer fazer apenas política partidária para concorrer com o Chega”.

(Notícia atualizada às 12h10 com declarações de José Luís Carneiro)

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