Yunit Consulting quer comprar até duas empresas este ano para acelerar crescimento

Bernardo Maciel, CEO da Yunit Consulting, espera alcançar uma faturação de três milhões de euros este ano, mas revela querer acelerar o crescimento com a compra de outras empresas.

A Yunit Consulting, consultora especializada no apoio ao investimento e à capitalização das empresas através de incentivos financeiros e fiscais, tem vindo a crescer de forma não orgânica. Mas o objetivo agora é acelerar este crescimento e isto será feito através de aquisições, revela ao EContas Bernardo Maciel, CEO da consultora, apontando para a compra de até duas empresas este ano. Processos que vão permitir ganhar dimensão, ao reforçar a sua presença noutras regiões do país, mas também know-how.

“Temos crescido de uma forma orgânica bastante consolidada. Crescemos perto de 20% entre 2023 e 2024 e fechámos com 2,8 milhões de euros” de faturação. “Este ano devemos passar os três milhões de euros. É um crescimento interessante, mas queremos fazer crescer mais rápido o volume de negócios. E isso implica, provavelmente, a aquisição de outras consultoras que estejam na mesma esfera de atividade que nós”, afirma Bernardo Maciel.

O foco é comprar empresas “que nos tragam maior dimensão, sobretudo ao nível dos benefícios fiscais, onde possamos crescer mais rapidamente, e outras que possam ter áreas de conhecimento importantes que estejam relativamente próximas daquilo que já fazemos”, explica o CEO da Yunit Consulting, que tem, atualmente, escritórios em Lisboa e no Porto e que gere, anualmente, cerca de 500 clientes.

Crescemos perto de 20% entre 2023 e 2024 e fechámos com 2,8 milhões de euros []de faturação]. Este ano devemos passar os três milhões de euros. É um crescimento interessante, mas queremos fazer crescer mais rápido o volume de negócios.

Bernardo Maciel

CEO da Yunit Consulting

“Queremos ganhar uma escala que nos permita aproximar [das empresas] a nível nacional. Conseguimos uma posição interessante nas pequenas e médias empresas (PME) em Portugal. Falta-nos uma proximidade geográfica ou regional mais forte para poder entrar nas zonas economicamente mais importantes do país, como Minho, Aveiro ou Leiria. São regiões importantes do ponto de vista empresarial onde queremos estar mais presentes e, se calhar, através da aquisição podemos reforçar a presença”, indica o responsável, apontando para a compra de até duas empresas para conseguir alcançar este objetivo.

Mais incentivos para as fusões e aquisições

“Estamos já com duas ou três hipóteses na mesa de negociação. Acredito que até ao final do ano fecharemos, pelo menos, uma das oportunidades”, revela Bernardo Maciel, detalhando que uma das operações vai fechar “garantidamente”. Já a “segunda ainda está em negociação”. Aquisições que, diz, serão feitas com recursos a capitais próprios, apontando para a necessidade de haver mais incentivos para processos de fusão e aquisição em Portugal, nomeadamente através do Banco Português de Fomento (BPF).

“O BPF pode ter um papel importante nessa dinâmica”, ao criar “criar mecanismos e linhas” neste sentido, “porque a banca comercial trata o tipo de financiamentos com limitações, com critérios, que podem ser até contraproducentes para aquilo que é a questão das fusões e aquisições. É um tema de competitividade das nossas empresas”, afirma o CEO da Yunit Consulting que começou a trabalhar na área dos incentivos fiscais em 2013.

Bernardo Maciel, CEO da Yunit Consulting, em conversa com o EContasHenrique Casinhas/ECO

Mais de 400 benefícios fiscais é “ingerível”

O desconhecimento em torno dos benefícios fiscais é elevado e “exige muitas vezes um trabalho técnico que, salvaguardando as grandes consultoras, a generalidade não consegue trabalhar, inclusive os próprios contabilistas, porque têm muitas exigências ao nível das declarações, dos cumprimentos, e não lhes permite olhar para esta vertente, que muitas vezes é uma forma interessante também de financiar, porque estamos a falar de caixa e tesouraria”, refere Bernardo Maciel.

“Dou-lhe o exemplo do Sifide, que apoia a Investigação & Desenvolvimento (I&D). Uma coisa é uma farmacêutica multinacional que reconhece estes mecanismos. Outra coisa é uma indústria dos moldes ou do calçado, que não faz ideia que faz I&D, mas que de facto quando estão a resolver problemas naquilo que é o desenvolvimento de produto ou até da própria produção, estão a fazer I&D e que isto é passível de benefício fiscal associado”, explica.

Temos mais de 400 benefícios fiscais só para empresas. Isso é ingerível. É demasiada fiscalidade.

Bernardo Maciel

CEO da Yunit Consulting

O Sifide, que visa aumentar a competitividade das empresas apoiando o seu esforço em I&D através da dedução à coleta do IRC de uma percentagem das respetivas despesas, é um dos muitos benefícios fiscais que existem para as empresas. O gestor considera que é preciso repensá-los para se perceber se ainda se adaptam às necessidades do tecido empresarial. “Temos mais de 400 benefícios fiscais só para empresas. Isso é ingerível. É demasiada fiscalidade”, salienta, notando que “deviam ser analisados com muito rigor”.

“Quando se toma uma medida qualquer de redução do imposto ou da criação do mesmo, é preciso perceber primeiro quantas empresas impacta, de que forma impacta o orçamento e se ainda faz sentido este tipo de medidas”, diz o CEO da consultora, apontando para a importância de se manter o Sifide, que termina este ano.

“Espero que seja mantido esse benefício fiscal que realmente é importante para orientar as empresas para poderem ter investimento relevante em I&D e que melhora o nosso posicionamento e competitividade do país face àquilo que é o contexto europeu e fora da Europa”, remata.

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