Startup Leiria prepara acelerador de defesa
Com duração de cinco semanas, e com arranque previsto a 24 de novembro, o Defense Accelerator quer capacitar 15-20 startups e PME portuguesas no setor da defesa.

Num momento em que a Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Leiria quer avançar com um Plano Estratégico para a Indústria da Defesa, a Startup Leiria vai avançar em novembro com um programa de aceleração. O Defense Accelerator quer capacitar 15-20 startups e PME portuguesas a navegar os requisitos regulatórios para aceder a cadeias de procurement da NATO e a a posicionarem-se competitivamente em calls europeias de financiamento.
Com duração de cinco semanas, e com arranque previsto a 24 de novembro, o Defense Accelerator surge na “confluência de três fatores estratégicos”, explica Vítor Ferreira, diretor-geral da Startup Leiria, ao ECO.
A começar, o anúncio, em meados de outubro, feito pela CIM Região de Leiria de um Plano Estratégico para a Indústria da Defesa, — “reconhecendo a importância da região no setor industrial e a capacidade de empresas como a Tekever — que abriu recentemente um hub tecnológico em Leiria — de contribuírem para este desígnio nacional e europeu” —, em segundo, “a robusta base industrial da região em moldes, plásticos, software e fabricação avançada, com enorme potencial para tecnologias de uso dual” e, por fim, “a janela de oportunidade aberta pela Europa através do EDF, EUDIS, NATO DIANA e pela revisão da Base Tecnológica e Industrial de Defesa (BTID) nacional”.
“O papel da Startup Leiria é operacionalizar a componente de capacitação e aceleração de startups/PME dentro da estratégia mais ampla da região. Enquanto a CIM Região de Leiria e as entidades governamentais definem orientações estratégicas e procuram financiamento estrutural, nós assumimos a execução prática: formar, conectar e preparar empresas emergentes para integrarem o ecossistema de defesa”, explica Vítor Ferreira quando questionado sobre o papel da incubadora na estratégia de Defesa pensada para a região.
O acelerador é, nesse sentido, a primeira etapa dessa operacionalização. “O Defense Accelerator é o nosso instrumento concreto: um programa estruturado de cinco semanas com foco em regulatório e acreditações, financiamento europeu, supply chains e procurement NATO e alinhamento com necessidades operacionais”, concretiza o diretor-geral da Startup Leiria.
“Trabalhamos em parceria estreita com idD Portugal Defence, AED Cluster Portugal, e parceiros âncora como Tekever e outros integradores. O nosso papel é de facilitador e ponte: traduzimos a linguagem técnica e operacional da defesa para startups e PME, e apresentamos capacidades inovadoras aos compradores”, aponta.
Objetivo: capacitar startups e PME
O objetivo do acelerador é claro: “capacitar 15-20 startups e PME portuguesas” a navegar os “complexos requisitos regulatórios”, a aceder às “cadeias de procurement NATO/NSPA” e a “posicionarem-se competitivamente em calls europeias de funding“.
“Queremos criar um pipeline de fornecedores Tier 2/3 qualificados e conectá-los diretamente a compradores e integradores, acelerando a entrada ou consolidação na BTID”, aponta Vítor Ferreira. “É um programa acelerador e ativador, não centrado em startups apenas, mas em todos os que pretendem pivotar para esta área”, refere ainda.
“Esperamos também demonstrar que Leiria, já classificada como o 5.º maior ecossistema de inovação em Portugal e o 3.º melhor, pode ser um polo de referência em dual use e defense tech, aproveitando a qualidade de vida, proximidade a Lisboa, infraestrutura de I&D (IPLeiria) e tecido industrial diferenciado”, aponta.
A combinação da base industrial de Leiria (moldes, plásticos, software) com startups tecnológicas emergentes cria um ecossistema único para dual use em Portugal. O objetivo de longo prazo é claro: fazer de Leiria um hub nacional de inovação dual use.
Atualmente, das 180 startups incubadas na Startup Leiria, apenas “um número ainda reduzido trabalha diretamente no setor defesa, mas várias desenvolvem tecnologias de uso dual com elevado potencial”, indica Vítor Ferreira. “Alguns projetos existem já”, garante. “Pelo menos cerca de seis empresas do ecossistema estão já neste plano”, assegura, sem revelar nomes.
O acelerador é, precisamente, a “primeira iniciativa estruturada para atrair e capacitar startups de uso dual”, diz. “Queremos identificar e incubar 5-10 novos projetos por ano focados em áreas prioritárias — UAS/drones, cibersegurança, sensores, comunicações táticas, materiais avançados (têxteis técnicos, compósitos), energia e autonomia”, detalha o responsável da incubadora da região Centro.
Para isso, além do acelerador, que querem organizar anualmente, a Startup Leiria quer estabelecer “parcerias com centros tecnológicos regionais”, fazer “matchmaking ativo com integradores, clusters e compradores institucionais para garantir tração comercial real”.
“Adicionalmente, estamos a posicionar a região para captar financiamento europeu estrutural (Instrumento Financeiro para a Inovação e Competitividade — IFIC, linha Economia de Defesa e Segurança; EDF; EUDIS) que pode financiar projetos individuais de 500 mil a 25 milhões de euros, cobrindo desde R&D até entrada no mercado”, adianta.
“A combinação da base industrial de Leiria (moldes, plásticos, software) com startups tecnológicas emergentes cria um ecossistema único para dual use em Portugal. O objetivo de longo prazo é claro: fazer de Leiria um hub nacional de inovação dual use, complementando Lisboa (policy e grandes integradores) e Porto (I&D universitário), e atraindo talento, investimento e contratos internacionais para o território”, refere.
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