Defesa. Portugal e Itália assinam declaração conjunta antes da decisão sobre compra de fragatas
Ministros da Defesa dos dois países fecham parceria com caráter industrial. Italianos estão na corrida para nos venderem as novas fragatas mas esse tema não está fechado.
Os ministros da Defesa de Portugal e Itália assinaram esta quarta-feira uma declaração de intenções sobre cooperação, sobretudo com incidência na indústria, isto num momento em que os italianos se candidatam a vender três fragatas para a Marinha portuguesa, processo que tem vários outros interessados.
No Forte de São Julião da Barra, tendo ao seu lado o homólogo italiano Guido Crosetto, Nuno Melo afirmou aos jornalistas que “neste momento, não há nenhuma decisão” tomada sobre esse negócio, relativo à aquisição de duas ou três fragatas, que, segundo o jornal Expresso, poderá envolver entre dois a três mil milhões de euros e que está a ser disputado entre os italianos Fincantieri e os franceses do Naval Group.
“O que estamos hoje a fazer é uma parceria estratégica em diferentes domínios – terra, mar, ar e espaço – que será alavancada na capacidade das indústrias dos dois países cooperarem com uma visão estratégica. Não discutimos nenhum equipamento em concreto”, assegurou o titular da pasta da Defesa.
Em relação às candidaturas francesa e italiana para a venda de duas ou três fragatas, Nuno Melo considerou que a decisão a tomar por Portugal “é fundamentalmente técnica”.
“São os três ramos das Forças Armadas, é a Direção-Geral de Armamento e Património da Defesa que, tecnicamente, vão avaliando e aconselhando a tutela sobre o que melhor serve, também face às nossas obrigações no atual contexto geopolítico. Há uma visão, há um propósito, mas é um caminho que se tem que fazer com muita calma”, disse.
Nuno Melo realçou depois que se está perante verbas avultadas por parte do Estado Português, dizendo mesmo que se tratam de “investimentos para uma geração”. “Temos de assegurar que são muito racionais e à escala das nossas possibilidades”, acrescentou.
Em relação ao calendário de decisão sobre a aquisição das novas fragatas, Nuno Melo começou por assinalar que o Governo está empenhado no processo SAFE (Instrumento de Ação para a Segurança da Europa), que “será relevante para a modernização das Forças Armadas portuguesas”. O Governo terá de apresentar em Bruxelas, até ao fim do mês, o seu plano para garantir o envelope de seis mil milhões de euros em empréstimos europeus do programa SAFE, que Portugal tem de executar até 2030.
“O processo, até final de fevereiro, será considerado pela Comissão Europeia. Em boa verdade, diria que o que tem a ver com o SAFE nasce no final de novembro e há um longo caminho até fevereiro. Neste momento, em novembro, não estamos a decidir aquilo que vamos concretizar. Aliás, o que se delibere pode bem ter uma previsão em novembro e não se concretizar em fevereiro”, admitiu.
Neste contexto, quando se pronunciava sobre o calendário de decisão, o ministro da Defesa referiu-se de passagem à candidatura italiana à venda das fragatas a Portugal. “Portugal tem um propósito, um caminho, uma visão estratégica e, obviamente, que a Itália é uma grande potência industrial, a par de outros países com os quais Portugal também interage. Aquilo que hoje aqui fazemos é muito melhor que isso, porque estamos a dar início a uma visão estratégica que ajude a alavancar as indústrias de Defesa com oportunidades para os dois países, para Portugal e Itália”, alegou.
Em paralelo com a reunião bilateral entre os dois ministros, também no Forte de São Julião da Barra, estiveram reunidos representantes das indústrias de Defesa de Portugal e da Itália.
Segundo o jornal Expresso, a delegação vinda de Itália trouxe Lisboa oito empresas à procura do estabelecimento de parcerias — três são do grupo Fincantieri e entre elas a Leonardo.
A Marinha detém neste momento cinco fragatas: Vasco da Gama, Álvares Cabral, Corte-Real, Bartolomeu Dias e D. Francisco de Almeida.
No passado dia 05 de novembro, durante uma audição na Assembleia da República, o ministro da Defesa, Nuno Melo, adiantou que a aquisição de fragatas era “cada vez mais uma fortíssima possibilidade necessária, tendo em conta aquilo que são os alvos capacitários da NATO”.
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