Distribuição lança guia de “boas práticas” prevenir ciberataques no retalho
A APED lançou um relatório para organizações retalhistas, identificando riscos cibernéticos e apresentando recomendações para mitigação e proteção de operações e dados.
Com o objetivo de reforçar a segurança digital do setor, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) lançou esta quarta-feira um “Manual de Boas Práticas de Cibersegurança para o setor do retalho”, reunindo avisos e recomendações essenciais para empresas e utilizadores.
A utilização de sistemas digitais tornou-se indispensável para as organizações, especialmente nos setores do retalho e da distribuição, que dependem deles para gerir cadeias de abastecimento, pagamentos, logística e relacionamento com clientes. Esta transformação aumenta a eficiência, mas também expõe as empresas a ataques informáticos que podem comprometer a confiança dos consumidores, interromper operações críticas e gerar perdas financeiras significativas.
As principais ameaças destacadas pela APED são os ataques de ransomware, que criptografam dados em servidores e computadores, tornando inacessíveis sistemas de gestão de armazéns, logística, pontos de venda ou plataformas de e-commerce, assim como ataques à cadeia de abastecimento, que exploram vulnerabilidades em fornecedores ou prestadores de serviços tecnológicos.
Entre outros riscos, estão também as fraudes digitais e engenharia social, como o phishing, que podem levar a acessos indevidos ou transferências financeiras fraudulentas, bem como o roubo de dados de clientes e parceiros, com forte impacto legal e reputacional.
Para além destes, surgem ameaças específicas relacionadas com sistemas de pagamento e pontos de venda (POS), ataques de negação de serviço (DDoS) que podem tornar os sites e plataformas de e-commerce indisponíveis em períodos de elevada procura, e a crescente utilização indevida de ferramentas de IA generativa, como chatbots mal configurados, que podem expor dados ou induzir clientes em erro.
“A cibersegurança deve ser encarada como um investimento estratégico e contínuo, capaz de proteger não apenas dados e sistemas, mas também a reputação e o futuro sustentável das organizações”
Quais as recomendações para as empresas?
Numa primeira fase as organizações devem começar por implementar palavras-passe fortes e únicas, preferencialmente com recurso a gestores de senhas, e ativar a autenticação multifator em contas críticas. É essencial realizar backups regulares, testá-los e manter cópias fora da organização.
A atualização de software e aplicação de patches (programa que atualiza o software para corrigir erros), a segmentação das redes — por exemplo, separando pontos de venda da rede geral —, e a sensibilização dos colaboradores sobre phishing e uso seguro de dispositivos completam as medidas básicas. Além disso, é recomendado a designação de um responsável de cibersegurança e a definição de um canal interno para reporte de incidentes.
Num segundo nível, as empresas devem formalizar políticas de segurança da informação e manter inventários atualizados de ativos, incluindo hardware, software, contas e sistemas críticos. A gestão de acessos deve seguir o princípio do menor privilégio, com revisão periódica de permissões e remoção de contas inativas.
Outras medidas passam por configurar sistemas de forma segura, instalar e atualizar antivírus, bloquear dispositivos externos não autorizados e realizar campanhas regulares de sensibilização, como simulações de phishing. Devem ainda existir fluxos formais de reporte interno e externo, envolvendo entidades como Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), Polícia Judiciária e Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD).

Por fim, as organizações mais maduras devem apostar em monitorização contínua de eventos e alertas de segurança (SIEM/SOC), gestão de acessos privilegiados (PAM) e segmentação avançada de redes em zonas de confiança distintas. A criptografia de dados sensíveis em trânsito e em repouso, a realização de testes regulares de segurança, e a existência de um plano de resposta a incidentes formalizado e testado completam a fase avançada de proteção.
Esta abordagem faseada permite que as empresas adotem práticas progressivas de segurança, reforçando a proteção de sistemas críticos, dados e operações, ao mesmo tempo que desenvolvem uma cultura interna de ciber-resiliência.
O que devem fazer as organizações em caso de ciberataque?
Quando uma organização é alvo de um incidente de cibersegurança, a rapidez e a coordenação da resposta são decisivas para limitar danos, aponta a APED. A primeira etapa passa por acionar os procedimentos internos: isolar sistemas afetados, ativar o plano de resposta a incidentes e mobilizar equipas técnicas para avaliar o impacto e evitar a propagação do ataque.
Em paralelo, a APED explica que é essencial contactar de imediato as entidades oficiais competentes. O Centro Nacional de Cibersegurança apoia na gestão técnica de incidentes e orienta organizações sobre medidas urgentes de mitigação. A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime, deve ser acionada sempre que existam indícios de crime, como ransomware, fraude ou roubo de dados. Nos casos que envolvam dados pessoais, a Comissão Nacional de Proteção de Dados deve ser notificada, cumprindo as obrigações previstas no Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD).
Depois de estabilizada a situação, as empresas devem documentar todo o incidente, avaliar vulnerabilidades que foram exploradas, aplicar correções e reforçar os mecanismos de prevenção. A consulta de guias do CNCS, recomendações da Agência da União Europeia para a Cibersegurança (ENISA) e recursos setoriais, como os disponibilizados pelo “Retail & Hospitality ISAC”, é fundamental para melhorar a resiliência e preparar a organização para ameaças futuras.
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