Porto-Lisboa a duas horas de comboio em 2028. Obras começam em 2024
Entre Porto e Lisboa poderão circular 77 comboios por dia, mais do triplo do que na atualidade. Ainda não está fechada proposta para nova ponte com tabuleiro ferroviário e rodoviário.
Porto vai ficar a uma hora e 59 minutos de Lisboa a partir de 2028 e a 1h19 a partir de 2030. Estes são os tempos de viagem sem paragens da nova linha que vai unir as duas cidades. As obras começam em 2024 e o projeto será dividido em duas fases. Com a nova ligação, passará a haver mais do triplo das viagens de comboio entre Porto e Lisboa – 77 serviços por dia em vez dos atuais 25 pela Linha do Norte.
A fase 1, entre Porto e Soure, vai custar 2,95 mil milhões de euros, dos quais mil milhões serão provenientes de fundos europeus. Esta fase será dividida em duas: Porto-Aveiro (Oiã), por 1,65 mil milhões de euros; e Aveiro-Soure, por 1,3 mil milhões de euros.
As obras começam em 2024 e deverão ficar concluídas no final de 2028. O troço Porto-Soure vai incluir paragens em Porto-Campanhã, Vila Nova de Gaia (com nova estação em Santo Ovídio), Aveiro e Coimbra-B. As atuais estações serão adaptadas para a nova linha, que será construída em bitola ibérica.
Entre Porto e Gaia será construída uma nova ponte, com dois tabuleiros, referiu o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, Carlos Fernandes. O tabuleiro superior servirá para a nova linha; o tabuleiro inferior vai servir para a deslocação rodoviária. Ainda não está definido que entidades vão pagar esta travessia. “Cada coisa a seu tempo”, assim comenta o presidente da câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues.
O projeto total da nova linha está avaliado em 4,5 mil milhões de euros, pelo que sobram 1,5 mil milhões para a fase 2, entre Soure e Carregado, cujas obras vão começar em 2026. Quando os trabalhos estiverem concluídos, no final de 2030, será possível ligar Porto a Lisboa em 1 hora e 19 minutos (sem paragens).
Na fase 3, depois de 2030, será feita a ligação entre Carregado e Lisboa. Quando esta fase estiver concluída, a viagem Porto-Lisboa de comboio irá demorar uma hora e 15 minutos. Antes do final de 2030, o eixo Carregado-Lisboa, na atual linha do Norte, será duplicado, de duas para quatro vias, no percurso entre Castanheira do Ribatejo e Alverca, ao abrigo do Programa Nacional de Investimentos 2030.
Passaram praticamente dois anos desde que a nova linha Porto-Lisboa foi mostrada pela primeira vez. Foi em 22 de outubro de 2020 que António Costa e Pedro Nuno Santos retomaram a ideia da alta velocidade, para ligar Porto a Lisboa numa viagem de comboio de uma hora e 15 minutos.
Ligação Porto-Vigo
Também até 2030 pretende-se construir um novo troço entre Braga e Valença, sem paragens intermédias. O custo desta obra é de 1,25 mil milhões de euros e ainda depende das obras do lado de Espanha, sobretudo da saída sul da estação de Vigo. A deslocação entre Porto e Vigo passa a durar uma hora, reduzindo em mais de uma hora o tempo atual de viagem.
Ao mesmo tempo, será construída a ligação, em túnel, entre a atual estação de Porto-Campanhã e o aeroporto Sá Carneiro, no valor de 450 milhões de euros em conjunto com a nova ligação em alta velocidade entre Lisboa e Porto. Em paralelo, será ainda duplicado, de duas para quatro vias, o troço da Linha do Minho entre Contumil e Ermesinde, por 60 milhões de euros.
Depois de 2030, o Governo pretende construir a ligação ferroviária entre o aeroporto Sá Carneiro e a estação de Nine, no valor de 350 milhões de euros. Nessa altura, o comboio entre Porto e Vigo passará a demorar apenas 50 minutos.
Os efeitos do troço Nine – Sá Carneiro não ficam por aqui e podem beneficiar a Linha do Minho convencional: de Braga ao aeroporto do Porto bastariam pouco mais de 20 minutos de comboio; a partir de Viana do Castelo, a viagem até ao Sá Carneiro e, depois, a Campanhã, demoraria menos de uma hora — e passaria a ser mais rápida do que o autocarro expresso.
Apesar de a ligação entre o aeroporto e Nine ter mais efeitos para a coesão territorial, o gabinete de Pedro Nuno Santos argumenta que a construção da nova linha entre o Porto e Nine “tem um impacto pequeno no tempo de viagem total, permitindo poupar cerca de dez a 15 minutos”.
O primeiro-ministro, António Costa, voltou a referir a necessidade de criar um cluster ferroviário nacional, aproveitando as competências existentes na indústria nacional. António Costa também salientou que a nova linha Porto-Lisboa “não será uma ilha” e que vai “servir todo o país”.
Para o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, a apresentação desta quarta-feira é “mais um passo na revolução da ferrovia”, que vai “estruturar a rede”, dado que os efeitos da nova linha vão estender-se à restante rede ferroviária nacional.
“É uma esperança sempre adiada para a minha geração”, considerou o presidente da câmara do Porto. Rui Moreira notou que “este é um projeto absolutamente estruturante para Portugal e para a região. Desde a eletrificação da Linha do Norte, na década de 1960, que se percebe que são necessários novos investimentos na ferrovia”.
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