O avanço das mulheres é o avanço do mundo

  • Rita Amzalak
  • 13 Março 2023

É importante que mulheres e homens, independentemente da sua situação socioeconómica, da sua posição de trabalho, reconheçam e digam algo sobre os desafios que se colocam diariamente a mulheres.

O Dia da Mulher podia também ser o dia da igualdade. Nascido para lembrar as lutas das mulheres e celebrar as suas conquistas, é também o dia que serve para pensarmos: o que falta fazer neste caminho? Este é o dia para refletir, já que a igualdade de género parece estar ainda a muitos anos de distância.

Assistimos, ano após ano, ao avanço em matéria de direitos das mulheres e à sensibilização para este tema. Mas nada é nunca garantido. Inclusive, segundo um estudo levado a cabo pelo Havas Group, em 2022, 50% das mulheres tem medo de que o nível de igualdade regrida nas futuras gerações.

Coloca-se, por isso, a questão: qual o caminho a fazer, para que as mulheres avancem e, com elas, o mundo? Há quatro pilares, que destacamos tendo por base este estudo sobre a igualdade para as mulheres.

O primeiro passa pela consciencialização. É necessário continuar a falar dos problemas e dos desafios que temos pela frente e que nos impedem de avançar para uma sociedade mais igualitária, sem medo de que haja reações negativas. É importante que mulheres e homens, independentemente da sua situação socioeconómica, da sua posição de trabalho, reconheçam e digam algo sobre os desafios que se colocam diariamente a mulheres de todo o mundo, sem temer que haja uma reação negativa.

O segundo pilar relaciona-se com a família. Para 75% das mulheres, o papel de mãe já não define uma mulher e 77% acredita que se os homens participassem totalmente na família, abraçando o papel de pai, não teriam de escolher entre os laços familiares e a carreira. E não são apenas as mulheres que acreditam nisto, com 67% dos homens a sentir o mesmo. Apesar de na geração Z esta noção estar ainda mais presente, urge redefinir o papel da mulher e do homem na família, para uma igual divisão de papéis e de esforços, permitindo que as mulheres consigam conciliar o papel de mãe com a ambição de uma carreira.

Chegamos, assim, ao terceiro pilar, que assenta em “empoderamento”. As mulheres têm tanta ambição como os homens e veem hoje o seu sucesso como resultado do seu empenho, da sua dedicação e das suas capacidades. Aliás, em geral, as gestoras mulheres são consideradas mais criativas do que os homens. No entanto, há ainda fatores impeditivos à sua ascensão na carreira: seis em cada 10 mulheres tem dificuldade em gerir o equilíbrio entre a vida familiar e a carreira e cinco em cada 10 têm como obstáculo a cultura da empresa no que diz respeito a igualdade de género ou aos estereótipos de género.

Em quarto e último lugar, destaca-se a necessidade de se fazerem reformas significativas que tenham as mulheres no centro. Estas reformas devem começar nas escolas, onde se pode promover a igualdade logo à partida, seguindo-se os locais de trabalho, onde deve ser garantida a igualdade salarial. Segue-se o âmbito político, com os governos a terem a responsabilidade de legislar e garantir países mais igualitários, e, finalmente, a sociedade, que deve promover e participar ativamente na luta pela igualdade de género.

Apesar de ser um caminho a ser percorrido, há já consciência e esforços para que caminhemos rumo à igualdade. Por exemplo, segundo o mesmo estudo promovido pelo Havas Group, 65% dos homens e 77% das mulheres consideram que as marcas devem representar mulheres em posições de liderança e cerca de metade dos homens (51%) e das mulheres (57%) ponderam boicotar empresas que não tenham compromissos fortes relativamente a igualdade de género.

Cabe à comunidade e às empresas usarem este dia para relembrar e refletir as lutas em prol das mulheres, para que possamos alcançar um mundo em que a igualdade está mais presente, e em que esteja à vista no amanhã e não apenas num futuro longínquo.

  • Rita Amzalak
  • Managing partner da Havas Media Portugal

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