Afinal, MAAT mantém-se sob gestão da EDP
A EDP tinha anunciado um acordo com a Fundação de Serralves para a cedência da gestão e programação do MAAT. O acordo foi revisto, o museu vai continuar no universo EDP, mas haverá mais parcerias.
No dia 5 de novembro de 2021, a Fundação EDP e a Fundação de Serralves revelaram um memorando de entendimento para uma parceria de longo prazo, que previa a transferência da gestão e programação do MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia) para fundação liderada por Ana Pinho, mas, afinal, o acordo foi revisto… e diminuído. O MAAT e a Central Tejo continuarão sob gestão da Fundação EDP, apurou o ECO junto de duas fontes que conhecem as negociações, mas haverá um reforço das parcerias de programação. As duas fundações confirmaram, entretanto, em comunicado oficial, a notícia do ECO.
Assim, um ano e quatro meses de negociações depois, e as duas entidades optaram por um acordo diferente: Haverá um reforço da parceria entre as duas fundações e respetivos museus de arte contemporânea, mas a gestão e programação do MAAT continuará sob a responsabilidade de Vera Pinto Pereira, a presidente da Fundação EDP, e das equipas. João Pinharanda permanecerá como diretor do museu e Miguel Coutinho como diretor-geral da Fundação.
Além disso, como decorre da comunicação da EDP ao mercado, no quadro da Assembleia Geral de Acionistas, revelada esta segunda-feira, a administração propõe, no ponto dois da agenda, sobre a aplicação de resultados de 2022, a manutenção de uma transferência de 6,2 milhões de euros para a Fundação EDP. O MAAT, recorde-se, foi uma aposta de António Mexia, anterior presidente da EDP, foi desenhado pela arquiteta Amanda Levete e inaugurado em outubro de 2016, com um investimento da ordem dos 20 milhões de euros.
“A Fundação EDP e a Fundação de Serralves acordaram o desenvolvimento de projetos em conjunto nos espaços que gerem, nomeadamente o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (maat) e a Central Tejo, em Lisboa, e o Museu, a Casa, o Parque de Serralves e a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, no Porto, orientados para a promoção da arte contemporânea, da arquitetura e da ciência”, revelaram, em comunicado conjunto, as duas fundações, já depois da notícia do ECO.
“Todas as partes estão satisfeitas com o acordo que foi estabelecido“, disse ao ECO outra fonte. O anúncio do acordo, recorde-se, foi recebido com reservas pela comunidade cultural que trabalha com o MAAT, e até pelo anterior diretor do museu de arte, Pedro Gadanho. Citado pelo Público, o antigo curador considerou-o “mais um sintoma da perda de diversidade e da cada vez maior homogeneização da cultura em Portugal”. “É uma notícia triste”. No mesmo artigo, era também citado João Fernandes, que liderou Serralves. “Sendo tão poucas as instituições de arte em Portugal, preferiria também aqui a diversidade, por contraponto à concentração de responsabilidades e de poderes de programação”. Já Artur Santos Silva, antigo presidente de Serralves, dizia que o “memorando de entendimento reflete o reconhecimento do grande sucesso que, na área da gestão da arte contemporânea, Serralves tem tido, tanto no plano nacional como internacional”. Agora, o acordo é outro.
“Nos próximos anos a Fundação EDP irá apoiar anualmente uma grande exposição em Serralves, começando desde já, por apoiar a grande exposição dedicada à obra de Carla Filipe, que inaugurará este mês no Museu de Serralves. Está também prevista a apresentação de algumas iniciativas de Serralves no maat e na Central Tejo, numa colaboração que se prevê estender-se nos próximos anos, com outras exposições e programas a divulgar”, lê-se no comunicado a anunciar o acordo revisto.
Assim, com o novo acordo, diferente do inicialmente anunciado no memorando de entendimento, acaba por haver uma resposta às preocupações de agentes do setor. Mantém-se uma programação diversificada, mas o objetivo será mesmo ter mais Serralves em Lisboa e o MAAT no Porto.
(Notícia atualizada às 15h30 com o comunicado oficial das duas fundações, divulgado depois da notícia divulgada).
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