Redação do Les Echos em protesto pelo afastamento de editor
Os jornalistas do Les Echos suspeitam que o afastamento do editor Nicolas Barré está relacionado com uma crítica a um livro sobre Vincent Bolloré, um empresário bilionário e patrão dos media.
Os jornalistas do Les Echos, o maior jornal económico francês, encontram-se em protesto devido ao afastamento do editor-chefe do título. Nicolas Barré terá sido afastado pelo bilionário Bernard Arnault, dono do jornal, decisão que de acordo com a redação coloca em causa a independência editorial.
Como forma de mostrarem o seu descontentamento com esta “partida forçada”, os jornalistas franceses não vão assinar os seus artigos durante 24 horas, tanto na versão online como na versão impressa do jornal, adianta o Financial Times.
“Estamos a realizar esta ação durante 24 horas de forma a destacar a nossa determinação e raiva para com o proprietário que não respeitou a independência da nossa publicação“, explicou Leila de Comarmond, presidente da associação de jornalistas de Les Echos, segundo a qual a “grande maioria” dos jornalistas iria aderir ao protesto.
Para a associação de jornalistas, a empresa “não pode mascarar a realidade” de que o editor foi “afastado pelo proprietário, contra as garantias de independência negociadas” na altura da compra do jornal à editora britânica Pearson, por parte do grupo LVMH, detido por Arnault.
Os jornalistas do Les Echos suspeitam que o afastamento de Nicolas Barré está relacionado com uma crítica a um livro que fala de Vincent Bolloré, um empresário bilionário e patrão dos media, revela o Financial Times, acrescentando que a LVMH se recusou a comentar o assunto. O livro em causa é o “Histoire d’un ogre”, da autoria de Erik Orsenna.
Num comunicado divulgado esta quarta-feira é afirmado que Nicolas Barré vai perseguir novos desafios num novo cargo dentro da empresa, adiantando que a vaga deixada pelo editor será ocupada interinamente pelo seu adjunto, François Vidal, até à nomeação de um novo editor-chefe.
“Estou muito contente que o Nicolas Barré tenha escolhido perseguir novas oportunidades dentro do grupo num novo papel. Quero agradecer-lhe pelo seu trabalho de liderança editorial ao longo da última década, onde provou o seu grande valor com editor e gestor”, refere Arnault, citado no comunicado.
Contactado, Nicolas Barré não respondeu a um pedido para comentar a situação, refere o Financial Times.
Além do Les Echos, a LVMH, a maior empresa de artigos de luxo do mundo, detentora de marcas como a Louis Vitton, Sephora ou Dior – propriedade de Bernard Arnault – tem também o jornal Le Parisien.
Até há pouco tempo, Arnault era o homem mais rico do mundo, tendo perdido o pódio para Elon Musk dois meses depois de lhe o ter conquistado. O dono da Louis Vuitton tinha no início do ano a fortuna avaliada em 174,7 mil milhões de euros.
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