Governo admite que linha de Trás-os-Montes chegue a Espanha
Linha que pretende ligar Porto a Zamora "permite suplementar a capacidade da Linha da Beira Alta e da Linha do Minho na ligação do centro e norte do país a Espanha" e Europa", diz gabinete de Galamba.
O Governo admite pela primeira vez que a nova linha ferroviária de Trás-os-Montes possa chegar a Espanha em vez de terminar em Bragança. O ministério das Infraestruturas assume que a ligação sobre carris entre Porto e Zamora possa complementar as linhas da Beira Alta e do Minho, segundo resposta aos deputados do PSD tornada pública na quinta-feira.
Na proposta do Plano Ferroviário Nacional apresentada em novembro e que esteve em consulta pública até ao final de fevereiro, o gabinete de João Galamba apenas considerava a nova linha com começo em Caíde e fim de viagem em Bragança. O projeto original prevê uma linha entre o aeroporto Francisco Sá Carneiro e Zamora, já em Espanha, acessível a passageiros e mercadorias. Desta forma, um passageiro que entre num comboio na cidade Invicta pode chegar a Madrid em duas horas e 45 minutos, sem transbordos, segundo a Associação Vale d’Ouro.
Agora, o Governo já admite um novo cenário. “A nova Linha de Trás-os-Montes cumpre uma função de ligação de passageiros a duas capitais de distrito, Vila Real e Bragança, atualmente sem serviço ferroviário, mas também como um novo corredor internacional de mercadorias que permite suplementar a capacidade da Linha da Beira Alta e da Linha do Minho na ligação do centro e norte do país a Espanha e à Europa“, refere a resposta do Governo.
Além do serviço para passageiros, a Linha de Trás-os-Montes pretende afirmar-se como uma alternativa no transporte de mercadorias à construção do novo troço Aveiro-Viseu-Salamanca, que já foi chumbada duas vezes pela Comissão Europeia por avaliação custo-benefício negativa.
No caso das mercadorias, a Associação Vale d’Ouro quer que a linha de Trás-os-Montes seja o novo corredor internacional do Norte do país, pois o “centro de gravidade das exportações do noroeste de Portugal encontra-se na zona do Porto de Leixões e do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, onde já estão localizadas as principais empresas de transportes e logística”. Sem o novo percurso, as cargas do Porto de Leixões, por exemplo, continuarão a ter de atravessar a Linha do Norte – a mais congestionada do país – até à estação da Pampilhosa, para escoarem as cargas até à fronteira com Espanha.
O PSD considera que a linha transmontana “parece eleger-se como uma melhor opção a norte” e defende uma comparação técnica, incluindo uma análise custo-benefício, antes de ser tomada uma decisão política. Os sociais-democratas recordam que o troço espanhol mais próximo de Vilar Formoso (Fuentes de Oñoro-Salamanca-Medina del Campo) “foi mesmo retirado da Rede Transeuropeia de Transportes […] não estando prevista nem oficialmente confirmada a construção de uma nova linha de alta velocidade entre Vilar Formoso e Medina del Campo num prazo razoável”.
Para construir a nova Linha de Trás-os-Montes, o investimento necessário varia entre 3,5 e 4,4 mil milhões de euros. As principais estações serão Paços de Ferreira, Amarante, Vila Real, Alijó-Murça, Mirandela-Valpaços, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Terra de Miranda, na fronteira.
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