Do vidro à sustentabilidade das florestas, Leiria e Oeste querem reter talento e criar riqueza

Fixar população, reter talento e criar riqueza nas regiões de Leiria e do Oeste é o grande propósito da "estrutura pioneira" lançada pelo Politécnico de Leiria em conjunto com 24 municípios até 2030.

Para contrariar a tendência da última década, de perda de competitividade e riqueza, de população ativa, e consequente qualidade de vida, nas regiões de Leiria e do Oeste, o Politécnico de Leiria e mais 24 municípios querem potenciar o que de melhor existe nos territórios. Da indústria do vidro na Marinha Grande, passando pela cerâmica na zona de Alcobaça e na Batalha ou a indústria e sustentabilidade das florestas na zona de Pombal, há uma mão cheia de trunfos que podem ser alavancados com projetos-piloto.

Este foi o mote para o Politécnico de Leiria e mais 24 municípios e respetivas comunidades intermunicipais, empresas, instituições sociais de Leiria, do Oeste e dos territórios de Soure e de Ourém unirem esforços e criarem a Estrutura de Missão para o Desenvolvimento do Ecossistema da Região de Leiria e Oeste (EM@IPLeiria). A ideia é traçar um plano estratégico para depois implementar, no terreno, uma panóplia de projetos para alavancar estes territórios, de olhos postos na retenção de talento e criação de riqueza.

Indústria do vidro é importante na região

Para já, esta “estrutura pioneira” vai fazer um levantamento e diagnosticar as necessidades e desafios regionais, assim como as mais-valias e potencialidades dos territórios, com 24 grupos “para enriquecer estas regiões e não perder mais população”, começa por afirmar ao ECO/Local Online o presidente do Politécnico de Leiria, Carlos Rabadão. Assim como promover no terreno, até 2034, uma cooperação estreita com o tecido empresarial e social dos municípios do ecossistema da região de Leiria e Oeste.

“Podemos contribuir para este movimento, reunindo os municípios das regiões de Leiria e Oeste, de modo a traçar e identificar as ameaças, vicissitudes de cada um deles; perceber e identificar quais são as áreas a investir, e projetos-piloto a desenvolver para ajudar a criar mais riqueza e a fixar população nestes territórios“, sustentou Carlos Rabadão.

A região de Leiria perdeu 6,78% de população ativa — a média nacional é de 5,5% — e 2,75% de população residente.

Carlos Rabadão

Presidente do Politécnico de Leiria

O diagnóstico inicial do território já está traçado: um território que tem perdido competitividade, população e riqueza ao longo dos últimos anos, onde urge agir o mais rapidamente e de forma eficaz. Ainda que seja “um problema transversal ao resto do país”, Carlos Rabadão elenca, assim, como um dos principais motivos de preocupação a perda de população, sobretudo no território de Leiria. Só na década na década de 2011 e 2021, “a região de Leiria perdeu 6,78% de população ativa — a média nacional é de 5,5% — e 2,75% de população residente”. Os resultados estão à vista: uma região menos competitiva e sem capacidade de fixar população, o que se “torna uma grande ameaça na região de Leiria“, destaca o presidente do instituto de ensino superior.

Já a região do Oeste teve um comportamento oposto, durante a mesma década, com a população residente a crescer 0,27% e a população ativa a também acompanhar o crescimento com uma subida de 2,46%. O que não representa necessariamente um fator de competitividade e riqueza. Carlos Rabadão diz que, apesar de ter mais população, não significa necessariamente que haja maior riqueza. “Apesar de esta região ter mais gente, não está a enriquecer porque a maior parte é mão-de-obra da agricultura e ganha menos”, justifica.

Potenciar a indústria de cerâmica é outro dos objetivos

Ainda assim, o presidente do Politécnico de Leiria associa o aumento de população com o facto de a região Oeste estar mais próxima de Lisboa, nomeadamente municípios como Torres Vedras e Arruda dos Vinhos onde se tem registado “um movimento migratório também muito associado à falta de habitação em Lisboa”.

Para responder a estes problemas, surge assim este grupo de trabalho do EM@IPLeiria, envolvendo meio milhar de pessoas, entre investigadores do Politécnico de Leiria e representantes das autarquias e de outras organizações, como associações comerciais e outras forças vivas, como empresários, dos territórios de Leiria e Oeste. Por enquanto, já estão criadas 24 comissões para esse efeito que vão trabalhar, durante um ano, para depois apresentarem resultados, nomeadamente uma estratégia de desenvolvimento para cada um dos 24 municípios dos territórios de Leiria e do Oeste.

Do vidro da Marinha Grande à sustentabilidade das florestas de Pombal

“Enquanto instituto de ensino superior tínhamos que alinhar a nossa atividade no sentido das necessidades das regiões, uma vez que existem áreas que podem ser potenciadas em cada município”, frisa Carlos Rabadão. O responsável elenca como trunfos a potencializar, por exemplo o vidro na Marinha Grande, a cerâmica na zona de Alcobaça e Batalha ou a área da indústria e sustentabilidade das florestas na zona de Pombal. Ou até mesmo a área da agricultura na região Oeste onde a instituição de ensino já integra um projeto de agricultura inteligente.

O responsável adverte, desde logo, que este “não é mais um estudo teórico para ficar na gaveta, [mas sim] um trabalho prévio de preparação, envolvendo meio milhar de pessoas, que será feito ao longo de um ano para definir estratégias e projetos-pilotos para depois implementar nos territórios”.

Não é mais um estudo teórico para ficar na gaveta, [mas sim] um trabalho prévio de preparação, envolvendo meio milhar de pessoas, que será feito ao longo de um ano para definir estratégias e projetos-pilotos para depois implementar nos territórios.

Carlos Rabadão

Presidente do Politécnico de Leiria

A EM@IPLeiria visa, assim, potenciar o desenvolvimento de uma aliança cívica e regional estratégica, com a capacidade de “criar um compromisso, a longo prazo, para o desenvolvimento do território e apoiar um ecossistema de inovação regional mais integrado e sustentável”, conclui.

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