Jornadas Mundiais da Juventude, perda de rendimentos nos Publishers e a AI vista pelos seus precursores

  • Luís Mergulhão
  • 12 Maio 2023

As sugestões de leitura, e reflexão, para o fim-de-semana.

O Osservatore Romano publicava esta semana na sua edição de quinta-feira o prefácio feito pelo Papa Francisco ao livro da jornalista portuguesa Aura Miguel, «Um longo caminho até Lisboa» (Lisboa, Bertrand Editora, 2023), escrito a propósito da vivência da autora aquando das diversas Jornadas Mundiais da Juventude em que participou.

As JMJ, escreve o Papa naquele prefácio ao “belo livro” da escritora, “foram e continuam a ser momentos fortes para a experiência de tantos adolescentes, de tantos jovens, e a inspiração inicial que moveu o nosso amado Papa Wojtyla não perdeu a força. Aliás, a mudança de época que, mais ou menos conscientemente, estamos a viver representa um desafio também e sobretudo para as jovens gerações”. E acrescenta: “Os chamados “nativos digitais”, os jovens do nosso tempo, correm diariamente o risco de se auto isolarem, de viverem grande parte da sua existência no ambiente virtual, acabando por ficar reféns de um mercado agressivo que induz falsas necessidades.

Com a pandemia da Covid-19 e a experiência do confinamento, estes riscos aumentaram ulteriormente. O sair de casa, partir com os companheiros de viagem, viver experiências fortes de escuta e de oração unidas a momentos de festa, e fazê-lo juntos, torna estes momentos preciosos para a vida de cada um.”

Vale a pena ler o texto integral de Francisco, já tornado público no início de mês pela Rádio Renascença, e de que o órgão oficial da Igreja Católica faz referência, nomeadamente pelo refirmar do repto lançado em 2021: “Convidei os jornalistas a gastarem a sola dos sapatos para que toda a boa comunicação, toda a verdadeira informação, seja fundamentada pelo encontro pessoal com a realidade, com as situações, com as pessoas. A Aura fez isso, e é preciosa a maneira como nos restitui estas experiências. O ofício do jornalista não consiste em observar externamente e analisar assepticamente o que acontece. Quem comunica e informa deixa-se tocar pela realidade que encontra e, por isso, é capaz de a contar apaixonando os seus ouvintes e os seus leitores. Só quem se deixou apaixonar e comover faz apaixonar e comover quem ouve e quem lê.”

As alterações da Meta introduzidas na sua plataforma Facebook para a forma como as notícias de publishers são veiculadas, com efeitos desde logo esperados, conhecem-se hoje não apenas como previsões, mas com números, agora também associados a alertas e avisos.

Os estudos realizados pela Chartbeat, uma empresa de “Content Analytics and Insights for Digital Publishing” e pela SimilarWeb, empresa que oferece “website traffic analytics & competitive intelligence”, publicados este mês pela Press Gazette – Future of Media, não podiam ser mais elucidadtivos: for 1,350 global publishers included in Chartbeat’s data, 27% of page views coming from external, search and social in January 2018 came from Facebook (2 billion page views). In April 2023, this was down to 11% (1.5 billion)”. As análises não demoraram a ser elaboradas:” Facebook referral traffic has plummeted for news publishers amid Meta’s ongoing turn away from the news industry. Data shared with Press Gazette from publisher analytics firm Chartbeat and digital intelligence platform Similarweb highlights the extent of the fall. The analysis confirms a warning issued by the UK’s biggest local and national news publisher Reach on Wednesday. With digital revenue down 14.5% year-on-year in the first four months of 2023, Reach blamed a page-view slowdown on “recent changes to the way Facebook presents news content”.

Para concluir, no artigo publicado, dá-se conta dos números que mostram a perda de importância de uma plataforma como o Facebook, num mercado como o do Reino Unido: “The data also suggests that Facebook’s importance among social networks has also been falling. In April 2020, 95% of Ladbible’s desktop social referrals came from Facebook. This was 49% in March this year. The figure for sun.co.uk in the same period fell from 75% to 25%. For the Daily Mail, meanwhile, the share fell from 59% to 19% with more of its desktop social referral traffic, at least, coming from Twitter and just as much coming from Youtube.

Embora já com uma semana de atraso, vale a pena ler a totalidade das declarações à CNN feitas por Geoffrey Hinton, a quem muitos chamam o ‘Padrinho da AI,’, ao confirmar o ter dado por findas as suas responsabilidades no Google, conforme tinha sido noticiado em primeira mão pelo NYT, e onde “speak out about the “dangers” of the technology he helped to develop.”

Nesse artigo, referia-se queHinton’s decision to step back from the company and speak out on the technology comes as a growing number of lawmakers, advocacy groups and tech insiders have raised alarms about the potential for a new crop of AI-powered chatbots to spread misinformation and displace jobs.” E acrescentava-se: “The wave of attention around ChatGPT late last year helped renew an arms race among tech companies to develop and deploy similar AI tools in their products. OpenAI, Microsoft and Google are at the forefront of this trend, but IBM, Amazon, Baidu and Tencent are working on similar technologies”.

Sendo certo que a AI veio para ficar e é incontornável, coloca profundos desafios que ainda, e apenas, agora começam a ser estudados. Próximos capítulos, de entre os quais os regulatórios, ir-se-ão abrir a curto prazo. Estejamos preparados.

Boas reflexões de fim-de-semana!

12 de Maio de 2023

  • Luís Mergulhão
  • Presidente & CEO Omnicom MediaGroup Portugal

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Jornadas Mundiais da Juventude, perda de rendimentos nos Publishers e a AI vista pelos seus precursores

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião