Economia do cavalo “galopa” 25 milhões de euros em Portugal

Estudo da EY calcula que desporto equestre representa cerca de 25 milhões de receitas anuais para o país, onde há perto de 29 mil explorações. Alter do Chão acolheu primeiro fórum económico do cavalo.

Em Portugal, o desporto equestre representa cerca de 25 milhões de euros de receitas anuais, de acordo com o estudo elaborado pela EY – Parthenon, que mede o impacto económico do setor equestre na economia portuguesa e europeia. Alter do Chão recebeu na sexta-feira e no sábado o Horse Economic Forum, o primeiro fórum económico do cavalo em Portugal. O evento, que tem como objetivo colocar este município “num lugar de destaque ao nível do impacto e inovação no setor equestre”, junta dezenas de especialistas no setor.

O turismo equestre em Portugal é uma atividade em crescimento e que atrai cada vez mais visitantes nacionais e estrangeiros, com o intuito de desfrutar da beleza natural do país a partir de uma perspetiva diferente – a cavalo. Os passeios a cavalo representam 96% dos serviços disponibilizados pelos agentes de turismo, os estágios de aperfeiçoamento representam 62% e os passeios a charrete 28%.

Anuário do Cavalo: Horse Economic Forum

Espanha, Reino Unido, Alemanha, França, Países Baixos, Bélgica e Estados Unidos são as principais origens dos turistas equestres em Portugal. O perfil do turista que chega ao país pela componente equestre é maioritariamente feminino, entre os 25 e os 50 anos, e de nível de rendimento médio-alto.

O diretor-geral da federação nacional holandesa de centros equestres profissionais, Haike Blaauw, que participa no Horse Economic Forum, descreve ao ECO/Local Online que “Portugal é um dos países mais bonitos da Europa, no que diz respeito à natureza e à cultura”. “O nível dos cavalos disponíveis é excelente e o cenário onde se pode montar é deslumbrante. Mesmo para quem não tem um cavalo, é possível desfrutar de comida fantástica, dos vinhos e, claro, das pessoas muito amigáveis”, acrescenta.

Portugal é um dos países mais bonitos da Europa, no que diz respeito à natureza e à cultura. O nível dos cavalos disponíveis é excelente e o cenário onde se pode montar é deslumbrante.

Haike Blaauw

Diretor-geral da Federação Nacional Holandesa de Centros Equestres Profissionais

Questionada sobre o que faz do país um bom destino para o turismo equestre, a vereadora do município de Alter do Chão, Raquel Palmeiro, comenta, em entrevista ao ECO/Local Online que Portugal é “um destino turístico por excelência” e que no campo equestre tem “imensos recursos”. “Todas as localizações podem facilmente adaptar-se ao turismo equestre”, realça a autarca.

A coudelaria mais antiga do mundo

Alter do Chão é um dos municípios mais emblemáticos da tradição coudélica, onde está inserida a Coudelaria de Alter, mais concretamente na Herdade da Tapada do Arneiro. Esta é a mais antiga coudelaria portuguesa, datada de 1748. No mundo, é também a que funciona há mais tempo, de forma ininterrupta, no local de origem. Há um enorme potencial para atividades equestres, mas há muito por fazer”, admite Raquel Palmeiro.

Raquel Palmeiro, vereador da Câmara de Alter do Chão

A principal missão da Coudelaria é a criação, o fomento e o melhoramento genético do Puro-Sangue Lusitano — que é o cavalo de sela mais antigo do mundo e é de raça portuguesa — e do Alter Real. Nesta coudelaria nascem, em média, 60 cavalos por ano. A Coudelaria conta com 800 hectares e obteve em 2019 receitas de 180 mil euros.

O preço-base pós-leilão de um Puro Sangue Lusitano (macho) na Coudelaria de Alter do Chão varia entre 7.700 euros e 11 mil euros. Já uma fêmea pode variar entre 5.500 euros e 11 mil euros.

No país existem um total de 44.504 cavalos lusitanos, um número que sobe para 69.086 a nível mundial. Entre 30% a 42% deste tipo de cavalos nasce atualmente fora de Portugal, ainda de acordo com o estudo elaborado pela EY – Parthenon.

De acordo com a análise feita pela consultora, em Portugal há 160 médicos veterinários ligados à atividade equina inscritos na Ordem. Calcula ainda que existam cerca de 29 mil explorações e mais de mil treinadores inscritos na Federação Equestre Portuguesa. Em 2022 foram realizadas perto de 500 competições desportivas, com mais de 8 mil atletas federados.

Horse Economic Forum junta elite do setor

O Horse Economic Forum reclama o estatuto de maior iniciativa alguma vez realizada em Portugal sobre a economia do cavalo. “Este fórum dedicado à economia do cavalo teve como objetivo colocar Alter do Chão no mapa no que diz respeito ao mundo equestre. Queremos alavancar Alter do ponto de vista económico e turístico, e criar atratividade para o município”, resume a vereadora, Raquel Palmeiro.

Este fórum dedicado à economia do cavalo tem como objetivo primordial colocar Alter do Chão no mapa no que diz respeito ao mundo equestre.

Raquel Palmeiro

Vereadora do Município de Alter do Chão

Em comunicado, o presidente da Federação Equestre Portuguesa (FEP), Bruno Rente, destacou que o Horse Economic Forum é “de extrema importância não só para o desporto equestre, mas também para o país, já que mostra o relevante impacto da fileira do cavalo a nível social e económico, e as suas fortes sinergias também com as áreas da saúde e do turismo”.

“É fundamental para o desenvolvimento e atração de investimento para Alter do Chão. Uma das nossas missões é colocar Portugal num lugar de destaque ao nível do impacto e inovação no setor equestre, de modo a que se torne uma referência incontornável no contexto europeu”, concorda o presidente da Câmara de Alter do Chão, Francisco Miranda. O evento representou um investimento de cerca de 380 mil euros, com o Turismo de Portugal a financiar 70% desse montante.

O Horse Economic Forum mostra o relevante impacto da fileira do cavalo a nível social e económico, e as suas fortes sinergias também com as áreas da saúde e do turismo.

Bruno Rente

Presidente da Federação Equestre Portuguesa

François Kasselmann (administrador da Horses & Dreams e da P.S.I. Auktion), Paulo Caetano (cavaleiro profissional e treinador internacional), Gilberto Filipe (campeão nacional e campeão do mundo de equitação no trabalho) e Tânia Silva (fundadora e CEO do Horse Groom Recruitment & Academy) foram alguns dos oradores que subiram ao palco na sexta-feira.

No sábado, o evento contou com a intervenção de outros especialistas do setor: Bruno Rente (presidente da federação equestre portuguesa), Alizée Froment (ex-cavaleira GP Internacional e artista de horse show), Tristan Tucker (cavaleiro e treinador do Grand-Prix Internacional), Haike Blaauw (diretor-geral da federação nacional holandesa de centros equestres profissionais), Theo Ploegmakers (presidente da federação equestre europeia).

O Horse Economic Forum também premiou ideias de negócio no setor do cavalo. O concurso Horse Business Ideas tem como objetivo dinamizar novas ideias de negócio no setor equestre. “Recebemos 35 candidaturas, mas apenas 17 foram consideradas válidas. São projetos muito bons, ao ponto de atribuirmos menções honrosas às restantes 14 ideias de negócio”, conta ao ECO/Local Online a vereadora de Alter do Chão, Raquel Palmeiro.

Cavalo vale 100 mil milhões na UE

Quando olhamos para o panorama europeu, esta indústria, que conta atualmente com um efetivo de sete milhões de cavalos e emprega cerca de 800 mil pessoas. De acordo com a European Horse Network, estima-se que o impacto total do setor equestre da União Europeia ascenda a cerca de 100 mil milhões de euros. Esta avaliação traduz o impacto direto das atividades envolvidas na cadeia de valor do setor (como a criação, empresas industriais e serviços como a educação ou turismo) e os impactos indiretos.

Anuário do Cavalo: Horse Economic Forum

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