Mentiras, spinning e narrativas alternativas: a receita para o desastre
O jornalismo de investigação, mais sénior e experiente, voltou a ter muita relevância em Portugal. É pela comunicação social que todo o spinning é desconstruído.
Mentiras, dissimulações, narrativas alternativas, falta de humildade, arrogância, prepotência, rei na barriga, e por aí adiante. Uma máquina de comunicação hiper eficaz, capaz de montar campanhas negras contra empresas e pessoas, capaz de triturar seja quem for para proteger um membro do Governo, capaz de mentir despudoradamente ao Parlamento e ao Presidente da República, de treinar quem vai depor ao Parlamento, de influenciar um conjunto de jornalistas politicamente alinhados, colocados estrategicamente nas redações dos jornais ainda jovens, ao estilo soviético mais pernicioso, sem supervisão superior, porque não há dinheiro nos media para ensinar estes jovens emissários.
Jornalistas que rodam entre os jornais e a assessoria aos partidos e ao Governo, que regressam aos jornais sem pudor. Jornalistas que gostam de qualificar sem se basearem em factos. Uma indemnização é sempre milionária. Os lucros da banca e nas empresas são sempre milionários. Os dividendos das empresas são sempre milionários. Nada é contextualizado. E compreende-se… os grupos de comunicação social infelizmente não lhes podem pagar mais do que o salário mínimo, por isso até se compreende que tudo seja “milionário”.
Mas se fosse só isso…. São mesmo “instruções” partidárias e não apenas do partido que suporta o Governo. E mais uma vez os grupos de comunicação social não tem capacidade de editar estes jovens mensageiros. De lhes dizer que naquele jornal, 500 mil euros são 500 mil euros. Não uma “indemnização milionária” que até nem é.
Esta é a matriz de comportamento de alguns membros deste Governo que tem vindo a ficar muito clara nos últimos meses e que espelha bem o que foi o “condado” de José Sócrates. Os atores são os mesmos, o cenário e o tempo é que são outros. Tudo o que se faz no Governo em termos de comunicação é spinning, comandado pelo grande guru que lhes dá conselhos nesta área.
É isso que ele sabe fazer, e ninguém tem a tendência de travar esta estratégia, de dizer “basta” porque o objetivo é apenas um: manter o poder a todo o custo. E eles até concordam com a estratégia, certamente com risinhos nervosos… E esse tal Guru tem a lata de falar de reputação, como o fim último da comunicação. Obviamente nem sabe o que isso significa.
Felizmente a comunicação social, apesar de não conseguir evitar a contratação destes emissários, está a fazer um trabalho de escrutínio exemplar.
O jornalismo de investigação, mais sénior e experiente, voltou a ter muita relevância em Portugal. É pela comunicação social que todo o spinning é desconstruído. É a comunicação social que tem vindo a denunciar todos os escândalos, as faltas de dimensão institucional, que em última análise é também falta de educação.
Os boys em maioria absoluta são, efetivamente, perigosíssimos. E a comunicação social é a única bateria antimíssil capaz de anular as ofensivas constante dos mísseis de narrativas alternativas atirados aos jornalistas.
É por isso que digo que eles não sabem o que é a reputação. A reputação constrói-se com respeito, com confiança, com estima e com admiração. Constrói-se com humildade, com empatia, com respeito pelas instituições, com lideranças fortes e respeitadas, que tenham visão e consistência. Sentido de serviço público. Que sejam locomotivas que fazem e levam as equipas com elas. Com obra feita e não apenas dita.
E a reputação tem a grande vantagem de ser intangível, ser etérea, transpirar para além do spinning. Não deixar rabos de gato de fora. É de construção difícil, mas de fácil destruição. E é a reputação deste Governo que irá condicionar os comportamentos do povo português nas urnas.
O meu conselho a António Costa: pegue em todo este governo e multiplique por -1
*A opinião é pessoal e só me vincula a mim.
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