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YouTube acusado de mostrar publicidade para adultos em vídeos para crianças

Rafael Ascensão,

Adalytics acusa YouTube de mostrar anúncios para adultos em vídeos para crianças. Google responde que estudo é “muito falível e enganoso” e que "faz alegações completamente falsas".

Embora tenha dito em 2019 que o ia deixar de fazer, o YouTube está, alegadamente, a mostrar anúncios dirigidos ao público adulto (a veículos e cartões de crédito, por exemplo) em vídeos que a plataforma designa como “feitos para crianças”, concluiu um estudo da Adalytics.

O problema reside na recolha de dados pessoais, tendo em conta que um utilizador que veja e clique neste tipo de anúncios é redirecionado para o site associado à campanha, onde a sua informação pessoal é recolhida e a partir da qual pode ser feito um rastreamento online, refere o estudo.

Em 2019, Susan Wojcicki, então presidente executiva do YouTube, disse que a plataforma ia deixar de apresentar anúncios personalizados nos conteúdos para crianças. No entanto, “campanhas publicitárias personalizadas demográfica e comportamentalmente parecem contar com anúncios colocados em canais ‘feitos para crianças’ em julho de 2023”, refere o estudo.

Segundo o estudo, algumas das maiores marcas tecnológicas e de dados, como a Amazon, Facebook, Microsoft, OpenX ou TikTok, estão a receber dados de utilizadores que veem vídeos de canais “feitos para crianças” e que clicam nos anúncios.

Estas denúncias estão a gerar dúvidas sobre se a Google, detentora do YouTube, está, assim, a infringir a lei norte-americana da Proteção de Privacidade Online das Crianças – a Children’s Online Privacy Protection Act (COPPA), no original em inglês.

Segundo o The Drum, um porta-voz da Google considerou o estudo da Adalytics “muito falível e enganoso”, tendo o mesmo acrescentado que a publicidade personalizada “nunca foi permitida no YouTube Kids” e que, em janeiro de 2020, isso foi expandido para qualquer pessoa que assista a conteúdo “feito para crianças” na plataforma, independentemente da sua idade.

O relatório faz alegações completamente falsas e tira conclusões desinformadas com base apenas na presença de cookies, que são amplamente utilizados nesses contextos para fins de deteção de fraude e limite de frequência – ambos permitidos pela COPPA. As partes deste relatório que foram partilhadas connosco não identificaram um único exemplo em que estas políticas tenham sido violadas”, acrescenta o porta-voz.

O vice-presidente da Google Ads, Dan Taylor, também demonstrou a sua discordância quanto ao relatório na rede social X (ex-Twitter), apresentando “factos” sobre como o YouTube protege as crianças na plataforma.

Estas acusações surgem depois de a Climate Action Against Disinformation (CAAD) já ter denunciado que o YouTube, alegadamente, está a lucrar com publicidade colocada em vídeos que contêm desinformação climática – depois de se ter comprometido a não o fazer em outubro de 2021.

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