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PSD defende que negócio da Lusa e Global Media passe para o novo Governo

Carla Borges Ferreira, António Costa,

A compra da posição da Global Media na Lusa pode ser votada hoje em Conselho de Ministros. PSD defende que a decisão deve passar para o próximo governo.

O PSD defende que a compra das posições da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa, que representam 45,7% do capital da agência de notícias, seja decidida pelo próximo Governo.

O PSD confirma que tem sido informado das negociações em curso, mas não deu qualquer concordância ao negócio. De resto, entende que face à sensibilidade da matéria deveria ser decida pelo próximo Governo“, avançou ao ECO fonte autorizada do PSD. Mais, “o Governo sabe desta posição do PSD”, acrescentou a mesma fonte.

A venda das participações da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa pode ir esta quarta-feira a Conselho de Ministro, sabe o ECO. O Governo não confirma esta possibilidade e, questionado pelo ECO, também não responde a questões sobre a compra da participação do Global Media Group (GMG) e da Páginas Civilizadas na agência.

Em conjunto, as duas empresas detém 45,7% do capital da Lusa. A GMG conta com uma participação de 23,35% da Lusa e a Páginas Civilizadas detém 22,35%.

Esta quarta-feira, em entrevista à Lusa, Marco Galinha, chairman da Global Media, afirmou que a venda da participação do grupo na Lusa “está muito bem encaminhada”. “Os negócios normalmente têm a sua confidencialidade e não nos permite alongar muito”, começou por dizer o gestor, quando questionado sobre o ponto de situação das negociações.

Sobre se existe um prazo para negociar a venda da Lusa, tendo em conta que a Assembleia da República será dissolvida dentro de pouco tempo, o empresário rematou: “Eu diria que não vai haver qualquer razão para preocupação, as coisas estão muito bem encaminhadas.

Recorde-se que no início de novembro, no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2024, Pedro Adão e Silva afirmou que era “do interesse estratégico para o país que a operação se possa concretizar, com duas ou três condicionantes“.

Entre as condições estaria a necessidade de apurar o valor dos capitais próprios da Lusa. Em segundo lugar, essa operação não podia ocorrer sem uma alteração do modelo de governação da agência, garantindo desde logo a participação dos principais clientes da agência, que é o setor [da comunicação social]“, acrescentou Adão e Silva, ministro da Cultura.

Já na última semana, os comunistas perguntaram ao Executivo quais os “apoios concretos, diretos ou indiretos, do Estado” de que a Global Media tem beneficiado.

Em requerimentos enviados aos ministros do Trabalho, da Cultura, da Economia e das Finanças, através do parlamento, o Grupo Parlamentar do PCP pretendeu esclarecer “que acompanhamento está [o Governo] a fazer, ou tenciona fazer, do anunciado despedimento coletivo” na Global Media e “que diligências pretende tomar para salvaguardar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores?”.

Questionam também se “decorrem ou perspetivam-se negociações entre o Governo e a GMG e/ou a Páginas Civilizadas, ou seus representantes, com vista à aquisição, pelo Estado, das respetivas participações na Agência Lusa?” e, “em caso afirmativo, em que termos e com que limites designadamente quanto ao valor da operação em causa?”

Os comunistas consideram “a situação na GMG e a evolução acionista da Agência Lusa, ademais interligadas” e que “carecem de cabal esclarecimento”.

Marco Galinha anunciou o desinteresse do grupo na Lusa no início de agosto, quando confirmou a entrada de um novo acionista, que entretanto assumiu uma posição maioritária, no grupo. Um ano e meio antes, em 31 de dezembro de 2021, a Páginas Civilizadas tinha concluído a compra, por 1,25 milhões de euros, da participação de 22,35% que a Impresa tinha na Lusa.

O Estado, através da DGTF – Direção-Geral do Tesouro e Finanças, detém 50,15% da Lusa, com a Global Media a ser detentora de 23,36% e a Páginas Civilizadas 22,35%. O fundo suíço Union Capital Group (UCAP Group) controla a maioria (51%) do capital da Páginas Civilizadas, a qual detém 41,5% da GMG.

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