Acionistas minoritários da Global Media acusam fundo de “incumprimento” de contrato
Marco Galinha e outros acionistas do Global Media Group demarcaram-se da situação vivida na empresa, referindo não ter "qualquer responsabilidade" nas decisões tomadas pela nova administração.
Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira, acionistas minoritários do Global Media Group (GMG), demarcaram-se esta sexta-feira, em comunicado, dos atrasos no pagamento de salários a trabalhadores e da situação vivenciada na empresa, denunciando uma “situação de manifesto incumprimento” de contrato por parte do World Opportunity Fund, que é o maior acionista do grupo.
“Existe uma situação de manifesto incumprimento por parte do World Opportunity Fund, Ltd., quanto a obrigações relevantes dos contratos, que, ao não ter ocorrido, teria permitido o pagamento dos salários e o cumprimento de outras responsabilidades”, asseguraram os acionistas da Global Media esta sexta-feira.
Como noticiou o ECO esta semana, a Global Media não pagou os salários aos trabalhadores relativos ao mês de dezembro, tendo a Comissão Executiva informado que a situação financeira do grupo é “extremamente grave” e que não sabe quando estarão reunidas condições para pagar os ordenados deste mês.
Segundo Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira, o processo de venda das participações ao World Opportunity Fund decorreu “com respeito de todas as regras de compliance e de boa governança normalmente exigidas nesta tipologia de negócios, tendo, nomeadamente, sido realizado um extenso e transparente processo de due diligence económico-financeiro por parte do novo investidor”.
Com a formalização da venda, a gestão executiva do grupo foi entregue a novos administradores e ao novo investidor, “não tendo os signatários qualquer responsabilidade nas decisões executivas, entretanto tomadas pela nova administração”, asseguram.
“Os acionistas não deixarão de recorrer a todos os meios ao seu dispor para exercer os direitos legais e contratuais que lhes assistem e, bem assim, de tudo fazer quanto estiver ao seu alcance para restaurar a credibilidade do GMG e das suas marcas, honrando a história do Grupo e de todos aqueles que diariamente dão o seu melhor por um jornalismo de excelência”, referem na nota.
No mesmo documento, os quatro acionistas manifestam a sua “solidariedade com todos os trabalhadores da GMG” e expressaram uma “firme intenção de defender os interesses da empresa e reverter a inusitada situação a que esta foi conduzida”.
A situação naquele que é um grupo de media histórico no país tem suscitado a atenção de várias personalidades como o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e levado a ações de protesto, como a greve de dois dias dos jornalistas do JN que fez com que, pela primeira vez em 35 anos, o jornal não tenha chegado às bancas no dia 7 de dezembro.
Paralelamente, os sindicatos que representam os trabalhadores do GMG aprovaram também um protesto conjunto para mostrar o seu “enorme descontentamento” face ao facto de a administração querer rescindir com 150 a 200 trabalhadores. Esta quinta-feira, criticaram ainda as ameaças de insolvência feitas pela administração da empresa questionando o destino das receitas de dezembro.
ERC “continua a acompanhar com preocupação” situação da Global Media
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) também referiu esta sexta-feira em comunicado que “continua a acompanhar com preocupação a situação do Grupo Global Media e as mais recentes notícias sobre a incerteza quanto às condições de trabalho dos seus profissionais”.
“A grave perturbação que atinge os órgãos de comunicação social que constituem o grupo, entre os quais se encontram vários meios históricos e de referência, suscita apreensões sérias do regulador ao nível da preservação do pluralismo no sistema mediático nacional”, acrescenta.
No mesmo documento a ERC adianta ainda que pediu ao grupo informação adicional sobre o “cumprimento das obrigações de transparência da titularidade, de modo a esclarecer dúvidas relativas à propriedade e responsabilidade pelo controlo deste grupo de média”, em linha com o que transmitiu na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República, no passado dia 21 de dezembro.
“A ERC está a prosseguir todas as medidas que entende serem úteis e adequadas, no exercício estrito das suas competências de regulação e supervisão”, sublinha ainda o regulador para a Comunicação Social.
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