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Global Media pagou salários de dezembro aos trabalhadores nos Açores

Lusa,

A Global Media informou os trabalhadores no dia 28 de dezembro que não tinha condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, referindo uma situação financeira "extremamente grave".

A Global Media pagou os salários de dezembro aos trabalhadores nos Açores, confirmou esta sexta-feira à Lusa fonte oficial do grupo que detém os títulos Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN) e TSF, entre outros.

Contactada pela Lusa, fonte oficial disse que “os trabalhadores da Açor Media, Naveprinter, Notícias Direct, Rádio Comercial dos Açores já receberam os salários de dezembro”.

Na quinta-feira à tarde, a Antena 1 Açores tinha dado conta que os salários de cerca de “três dezenas de funcionários do jornal Açoriano Oriental e da rádio Açores TSF” tinham sido processados.

A Lusa questionou ainda a Global Media Group (GMG) sobre quando se processará o pagamento dos salários dos restantes trabalhadores do grupo, mas até ao momento não obteve resposta sobre o assunto.

Na quinta-feira, a GMG pagou o subsídio de refeição relativo a dezembro.

Em 28 de dezembro, a Global Media informou os trabalhadores de que não tinha condições para pagar os salários referentes ao mês de dezembro, sublinhando que a situação financeira é “extremamente grave”.

A Comissão Executiva não se comprometeu com qualquer data para pagar os salários de dezembro, mas sublinhou que estava a fazer “todos os esforços” para que o atraso seja o menor possível.

O programa de rescisões na Global Media termina em 10 de janeiro, dia para o qual também foi convocada uma greve dos trabalhadores do grupo.

Em 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

Esta sexta-feira o Sindicato dos Jornalistas entregou na Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para que sejam investigadas situações relacionadas com o Global Media Group. Em comunicado, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) diz considerar existirem indícios de matéria com relevância penal que merecem ser investigados.

“Na defesa dos superiores interesses dos jornalistas do GMG, do jornalismo e da importância que este grupo tem no espaço mediático, consideramos que é nossa obrigação suscitar a ação da PGR num assunto que é sensível para a democracia e a garantia de direitos e liberdades”, é referido na nota.

Parlamento aprova audições de Lima de Carvalho e Luís Bernardo sobre Global Media

Entretanto, a Comissão parlamentar de Cultura e Comunicação também aprovou esta sexta-feira as audições do administrador da Global Media Paulo Lima de Carvalho e do consultor de comunicação Luís Bernardo sobre a situação no grupo de comunicação social.

O requerimento do Bloco de Esquerda foi aprovado por unanimidade, disse à Lusa fonte oficial do grupo parlamentar bloquista.

O grupo iniciou o designado plano de reestruturação depois da entrada como acionista do fundo de investimento World Opportunity Fund (que tem sede nas Bahamas e sobre o qual pouco se sabe).

Recentemente, acionistas e comissão executiva envolveram-se em troca de acusações.

Os acionistas Marco Galinha (que deixou a presidência executiva do grupo, tendo sido substituído por José Paulo Fafe), Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira acusaram o acionista World Opportunity Fund de “manifesto incumprimento” de obrigações e que foi isso impediu o pagamento de salários aos trabalhadores.

Já a comissão executiva, liderada por Fafe, disse que foi encontrada no grupo uma “situação financeira muito difícil” que “obrigou a ter de promover um plano de reestruturação” e acusou os outros acionistas de protagonizarem situações “ética e moralmente condenáveis” que contribuíram para a situação atual da empresa.

Este tema tem ganho grande dimensão mediática e política e, no parlamento, têm sido promovidas audições numa tentativa de os deputados esclarecerem o que se passa.

Esta quinta-feira, em audição, o ex-administrador do grupo e ex-diretor da TSF Domingos Andrade disse ter sentido pressões da nova gestão do World Opportunity Fund. Relatou “apenas um episódio”, de que o administrador Paulo Lima de Carvalho o pressionou para dizer quem tinha aprovado uma notícia para o site da rádio.

Domingos Andrade contou ainda que em meados de 2023 teve conhecimento, por um telefonema de Marco Galinha, de que ia entrar um novo administrador, Paulo Lima de Carvalho, que viria com o fundo “cujas negociações estariam em bom andamento”.

O ex-diretor da TSF disse que foi então ver quem era Paulo Lima de Carvalho e que se apercebeu que este tinha trabalhado em “várias áreas”, entre as quais na Casa da Música, no Porto, e “que também tinha ligações a uma empresa de assessoria para a comunicação “e que tinha ligações a um familiar de Luís Bernardo de outra empresa que se chama WL Partners”.

Luís Bernardo é consultor de comunicação e foi assessor do primeiro-ministro José Sócrates e do Benfica.

Foi na sequência destas declarações que o BE requereu as audições de Paulo Lima de Carvalho e Luís Bernardo.

O deputado único do Livre, Rui Tavares, admitiu na quinta-feira a possibilidade de ser constituída uma comissão de inquérito parlamentar sobre o estado deste grupo, mas apenas após as eleições legislativas antecipadas de março. Já Joana Mortágua, do BE, disse preferir que até à próxima legislatura se pudessem obter todos os esclarecimentos.

O World Opportunity Fund detém 51% das empresas Páginas Civilizadas e Grandes Notícias, onde os acionistas Marco Galinha e António Mendes Ferreira são detentores dos restantes 49%, de acordo com nova gestão da Global Media, sendo que estas duas empresas controlam 50,25% da Global Media.

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