Depois de conquistar os turistas, Algarve “enche” o copo do resto do país
Reforçar o posicionamento dos vinhos algarvios e aumentar as vendas no resto do país é uma das metas da CVA, uma vez que grande parte da produção acaba por ser vendida a restaurantes da região.
“Já conseguirmos fazer a internacionalização sem sair de casa por causa dos turistas que contactam com os nossos vinhos, durante a sua estada no Algarve. Agora, o nosso objetivo é reforçar, cada vez mais, a região vinícola no resto do país“, começa por afirmar a presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), Sara Silva, em declarações ao ECO/Local Online. A oportunidade está à porta, a 2 de março, durante o Enóphilo Wine Fest que, pela primeira vez, se realiza no Algarve, reunindo viticultores de Norte a Sul.
Reforçar o posicionamento dos vinhos algarvios e aumentar as vendas no resto do país é, assim, uma das grandes metas da CVA, uma vez que grande parte da produção acaba por ser vendida a restaurantes da própria região na época alta. Os números falam por si. Entre 70% a 80% dos 1,6 milhões de litros produzidos pelos 50 produtores do Algarve “são escoados na própria região na época alta”, principalmente para os restaurantes e maioritariamente consumidos pelos turistas.
A estratégia da Comissão passa, assim, por também escoar para o resto do país o vinho que é produzido em pequena escala. E o Enóphilo Wine Fest, que já vai na 21ª edição, não poderia vir em melhor altura para os viticultores dinamizarem ainda mais o negócio. “Os nossos produtores têm pequenas produções para dar a conhecer os vinhos a um público geral, mas interessado no produto, que valoriza a qualidade e o contacto de proximidade com o produtor”, sublinha Sara Silva que vê no evento vinícola uma oportunidade de ouro para alavancar ainda mais o setor.
Também Luís Gradíssimo, responsável pela organização do Enóphilo Wine Fest, considera que o evento será uma boa oportunidade de negócio. “Ir para o Algarve foi muito pensado e entendemos que era o momento certo. O Sul do país tem um potencial tremendo para muitos dos vinhos de nicho portugueses: pequenas produções de vinhos únicos, com valores acima da média, que se posicionam num mercado que está recetivo a novas experiências e valoriza a qualidade, a novidade e a disrupção que muitos dos nossos produtores têm vindo a apresentar”, nota este responsável.
Já conseguirmos fazer a internacionalização sem sair de casa por causa dos turistas que contactam com os nossos vinhos durante a sua estada no Algarve.
“Os vinhos do Algarve vivem uma nova era caracterizada pela procura pela qualidade em detrimento da quantidade e os atuais 50 produtores estão na senda do crescimento sustentável no segmento de vinhos de qualidade“, assinala, por sua vez, Sara Silva.
“Constata-se um regresso às origens, buscando o mais tradicional do Algarve, tendo-se assistido a uma aposta forte nas castas Negra Mole – é exclusiva da região – e Crato Branco (Síria), de vinhas velhas, em linha com as novas tendências do consumidor que procura algo diferenciador e genuíno”, descreve presidente da CVA. A somar a tudo isto, elenca, o trunfo da “especificidade do terroir que é favorável para a maturação da uva e sabores do vinho”.
Esta é a segunda região vitivinícola do país com menor área de vinha em produção – cerca de 1.427 hectares de vinha (Carcavelos é a mais pequena). Está subdividida em quatro Regiões com Denominação de Origem: Lagos, Portimão, Lagoa e Tavira. Metade dos 50 viticultores já aposta no enoturismo, com ou sem alojamento, para divulgar o produto. “O enoturismo tem tido imenso potencial e constitui um canal de vendas para o produtor”, frisa a presidente da direção da CVA, lembrando que a rota dos vinhos do Algarve foi lançada em 2023.
Apesar de ser a primeira vez que o evento se realiza no Algarve, não é a primeira vez que os viticultores algarvios participam. “Em 2023, a região participou com oito produtores no Enophilo Lisboa e no Enophilo Porto, com provas especiais sobre os vinhos do Algarve, que nos deram uma repercussão bastante positiva, contribuindo para chegarmos a um público mais alargado, nomeadamente nas grandes cidades de Lisboa e Porto”, conclui Sara Silva.
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