Redação do Diário de Notícias repudia “despedimento coletivo” e promete “novas formas de luta”
O despedimento coletivo aconteceu a dois dias da greve geral de jornalistas marcada para quinta-feira. A CT da TSF também já expressou solidariedade para com profissionais despedidos na Global Media.
A redação do Diário de Notícias repudiou “veementemente” mais um anúncio de despedimento coletivo na Global Media Group (GMG) e promete avançar com novas formas de luta se a administração não reconsiderar a decisão.
Em comunicado, a redação do jornal salienta que “em nome da sobrevivência do DN e do bom jornalismo”, espera que “a administração reconsidere e que seja possível criar uma solução que permita manter os bons profissionais”. Mas promete, se isso não acontecer, “avançar para novas formas de luta”.
Na nota, a redação do diário defende que é “incompreensível” que a dias de uma greve geral na profissão, que defende melhores condições salariais, se pretendam despedir jornalistas invocando o critério “do salário demasiado alto” e da “equidade salarial na empresa”.
Além disso, considera ser um “absurdo” que a administração da empresa alegue como motivo para este despedimento, que o “investimento efetuado no reforço da redação em novembro não obteve resultados”.
“Naturalmente não se pode esperar que em pouco mais de três meses, durante os quais houve salários em atraso [permanecendo o Subsídio de Natal ainda em falta], fosse possível assistir a uma recuperação miraculosa”, afirmam os jornalistas na nota.
Segundo a redação “o reforço com profissionais experientes efetuado a partir de novembro era absolutamente vital para assegurar a qualidade que se espera e se exige do DN”.
E “a mesma exigência de responsabilidade e defesa do DN também se espera de quem o gere e de quem nele investiu“, sublinham os jornalistas.
A redação opõe-se, assim, “a mais um emagrecimento do DN”, que diz “há anos ostenta o título de mais pequena redação do País [ou mesmo do Mundo] dentro dos diários de referência”.
Concluindo: “Despedir jornalistas é abdicar de património, o único do qual a administração se pode e deve orgulhar. Sobreviver a despedimento coletivo atrás de despedimento coletivo [não é construir] é destruir o bom jornalismo e a resiliência dos que têm abdicado de viver para fazer um jornal à altura da história e prestígio do DN“.
O GMG, tal com avançou o +M, anunciou na terça-feira que ia avançar com um despedimento coletivo no âmbito de um “processo de reestruturação de equipas internas” e que prevê também a saída de toda a direção do Diário de Notícias. Este despedimento abrange 17 trabalhadores, de acordo com a justificação desta reestruturação, a que se soma a direção do DN, contratada pela anterior administração, num total de 20.
A direção interina do Diário de Notícias vai ser assumida por Bruno Contreiras Mateus, atual diretor do Dinheiro Vivo (DV) e que, “depois de um período de transição de três meses”, irá também deixar o GMG.
O despedimento coletivo conhecido esta terça-feira antecede a dois dias da greve geral de jornalistas marcada para dia 14. A motivação teve origem, precisamente, na ameaça de despedimento coletivo na Global Media.
CT da TSF expressa solidariedade para com profissionais despedidos na Global Media
A Comissão de Trabalhadores (CT) da TSF também expressou “solidariedade” para com os profissionais da Global Media alvo do despedimento coletivo, e adianta que “continuam as diligências” com a passagem da rádio para a Notícias Ilimitadas.
Em comunicado, a CT da rádio da Global Media (GMG) salienta que teve conhecimento do despedimento coletivo no grupo que abrange, sobretudo, a estrutura do Diário de Notícias (DN).
“Não pode, por isso, deixar de manifestar o mais profundo lamento e repúdio por mais um ataque ao jornalismo português. Não há jornalismo sem jornalistas, não há jornalismo com redações sem recursos, não há jornalismo sem investimento e, no limite, não há democracia sem jornalismo“, refere o órgão que representa os trabalhadores da rádio.
“A todos os profissionais em causa e à redação do DN, expressamos a nossa solidariedade nesta hora difícil”, sublinha a CT.
No que respeita a TSF, “a Comissão de Trabalhadores tem assegurado que continuam as diligências com vista à passagem para a esfera da Notícias Ilimitadas, a empresa criada pelo consórcio de investidores do norte do país”.
Entretanto, “enquanto o processo não está finalizado – e porque há muitas dúvidas sobre o futuro e sobre o pagamento das dívidas aos trabalhadores -, a Comissão de Trabalhadores tem reunião marcada com a administração do GMG para fazer um novo ponto de situação”, a qual terá lugar no final da semana.
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