Media

Partidos em desacordo para debates televisivos. IL propõe debates a quatro

+ M, Lusa,

O modelo de debates televisivos para as eleições europeias têm suscitado discórdia entre os partidos, que não chegam a um consenso em relação às propostas avançadas pela RTP, SIC e TVI.

“As televisões propuseram frente-a-frente entre os partidos, o que conduziria a 28 debates no total. PS e PSD recusaram e agora, com a nova proposta, vão ficar os dois a debater sozinhos”, começa por criticar João Cotrim Figueiredo, cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL) às eleições europeias, em relação à nova proposta das televisões para os debates para as eleições europeias.

O ex-líder do partido e agora candidato às europeias, numa publicação no X (ex-Twitter) avançou também com uma proposta alternativa para a realização de debates a quatro, o que permitira reduzir o número total de debates para 12, ao invés dos 28 frente-a-frente entre os cabeças de lista dos partidos que foram propostos pela RTP, SIC e TVI, mas recusados pelo PS e Aliança Democrática (AD).

“O que está a acontecer é que não é aceitável. Ter partidos grandes como o PS ou PSD – que não sei se têm medo dos seus candidatos ou de debater – boicotarem soluções que as televisões propuseram não nos parece aceitável, e é por isso que vamos fazer esta proposta alternativa para que os portugueses possam ter o devido esclarecimento daquilo que está em causa, das propostas alternativas de cada partido e poderem escolher em consciência nestas eleições em que o voto devia ser o mais livre possível – não entra em jogo o voto útil, só há um círculo nacional”, disse o cabeça de lista da IL às europeias, em declarações à CNN.

Esta posição de Cotrim Figueiredo surge assim depois da recusa do PS e AD pelo modelo de 28 frente-a-frente, que levou depois as televisões a apresentarem uma nova proposta de debates, a qual prevê três debates com todas as forças com assento parlamentar e um frente-a-frente entre o PS e Aliança Democrática.

A nova proposta enviada no domingo pelas três televisões inclui assim debates com os oito cabeças-de-lista dos partidos com assento parlamentar em simultâneo nos dias 14, 21 e 28 de maio e um frente-a-frente entre PS e AD no dia 23.

Além do desacordo mostrado por Cotrim Figueiredo, também outros partidos se insurgiram contra a nova proposta de debates para as eleições europeias enviada pelas televisões aos partidos.

O Bloco de Esquerda (BE) ameaçou inclusive avançar com uma providência cautelar caso as televisões insistam em realizar um frente-a-frente apenas entre PS e AD, considerando que seria “uma manifesta ilegalidade”.

“A proposta para a realização de um debate frente-a-frente entre PS e AD é inaceitável e, em nosso entender, deve ser retirada. Se assim não for, atendendo à manifesta ilegalidade confirmada por decisões anteriores da CNE [Comissão Nacional de Eleições] e da ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social], o Bloco de Esquerda apresentará uma providência cautelar para que este debate seja realizado nos termos da lei”, lia-se na resposta enviada pelo BE às televisões.

Esta proposta é inaceitável, por dois motivos. Primeiro, porque restringe o debate democrático em benefício das candidaturas que inviabilizaram um modelo democrático de debates. Segundo, porque a sua realização em período eleitoral constituiria uma clara violação da lei”, é sustentado no e-mail.

O PCP também se mostrou contra a nova proposta, referindo que “a atual configuração vai ao encontro dos interesses das forças políticas que inviabilizaram a proposta inicial, passando a ser ainda mais favorecidas. A concretizar-se, passamos de um modelo em que todas as candidaturas envolvidas participavam no mesmo número de debates para um outro em que PS e AD têm mais um, em condições de projeção que não são asseguradas a qualquer outra força política”.

“Neste sentido, o PCP apelou às direções de informação de RTP, SIC e TVI que encontrem soluções de organização dos debates que possam corrigir a evidente distorção que a atual proposta induz“, acrescenta o partido em comunicado.

Já o Chega criticou esta proposta, recusando uma solução que “favorece o bipartidarismo”, entre PS e PSD. “A haver um regime diferente tem que ser um regime de tripartidarismo e não de bipartidarismo. Por isso, não vamos aceitar este modelo de debates, espero que se encontre outro brevemente”, afirmou André Ventura, presidente do Chega.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.