Desinformação mais detetada pelos portugueses é sobre política
O Google é visto de forma mais positiva e o X (antigo Twitter) como a plataforma onde é mais difícil distinguir entre informação fiável e não fiável, revela o Reuters Digital News Report 2024.
O tipo de desinformação mais encontrada pelos portugueses é sobre política, de acordo com o relatório Reuters Digital News Report 2024, divulgado esta segunda-feira, os quais elegem a transparência como critério para definição de confiança nas notícias.
O Reuters Digital News Report 2024 (Reuters DNR 2024) é o 13.º relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism (RISJ) e o 10.º a contar com informação sobre Portugal. Em 2024 participaram 47 mercados de notícias, Portugal incluído.
Enquanto parceiro estratégico, o OberCom — Observatório da Comunicação colaborou com o RISJ na conceção do questionário para Portugal, bem como na análise e interpretação final dos dados.
“Em Portugal, o tema sobre o qual os respondentes dizem ter encontrado mais desinformação é a política (28%), à semelhança do que acontece também a nível global, sendo de assinalar que, apesar da maior preocupação com a desinformação, os portugueses declaram em menor grau do que os restantes respondentes deparar-se com desinformação sobre qualquer um dos tópicos explorados“, lê-se no estudo.
Portugal é dos países onde os cidadãos estão mais preocupados com o que é real e falso na Internet (72%).
“A nível global, no conjunto dos 47 países agora estudados, 59%, dos mais de 90 mil respondentes, dizem-se preocupados com o que é real e falso online (mais três pontos percentuais do que em 2023)”.
Em Portugal, “esta preocupação aumenta com a idade, escolaridade, rendimento e é também maior entre os que têm uma orientação política declarada”, acrescenta.
“De salientar que a proporção de respondentes que afirmam ter-se deparado com conteúdos informativos falsos ou imprecisos sobre qualquer um dos temas com que foram confrontados aumentou a nível nacional e global, não sendo um fenómeno exclusivo” de Portugal, refere o estudo.
“Quando questionados sobre a facilidade que têm em distinguir entre notícias/informação fiável e não fiável em diferentes plataformas digitais, o motor de busca da Google é visto de forma mais positiva e o X (antigo Twitter) como a plataforma onde é mais difícil distinguir entre informação fiável e não fiável“, aponta.
Em Portugal, a percentagem de inquiridos a afirmar confiar nas notícias em geral diminuiu cerca de dois pontos percentuais este ano (58% para 56%), mas “mantém-se entre os que dizem confiar nas notícias que consomem (58%)”.
Entre 2015 e 2024 “registou-se uma quebra de 10 pontos percentuais na confiança em notícias em geral e de 13 pontos percentuais nas notícias consumidas”, refere o estudo.
“A transparência dos media é considerada por 78% dos portugueses como ‘Muito’ ou ‘Algo’ importante para a definição da sua confiança em notícias (79%), seguindo da representação de pessoas como si de forma justa (75%), enquanto 74% atribuem a confiança em notícias ao facto de os media noticiosos terem padrões jornalísticos elevados“.
A televisão continua a ser mais preponderante entre os mais velhos e a Internet nos mais jovens, em Portugal.
De acordo com os dados, a televisão continua a ser o meio de comunicação social para acesso a notícias por 67% dos portugueses e 53% (mais dois pontos percentuais face a 2023) dizem tê-la como principal fonte de notícias.
“No entanto, a idade é aqui um fator determinante, pois enquanto apenas 31% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade fazem da televisão a sua principal fonte de noticias face a 68% dos portugueses com 65 e mais anos, se falarmos da Internet o resultado inverte-se e temos 58% dos jovens entre os 18 e os 24 a afirmar terem a internet como principal fonte e informação, enquanto apenas 21% dos respondentes com mais de 65 anos o afirmam”, segundo o relatório.
O inquérito foi realizado em 47 mercados: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Checa, Polónia, Croácia, Roménia, Bulgária, Grécia, Turquia, Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Tailândia, Singapura, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru, México, Marrocos, Nigéria, Quénia e África do Sul.
O trabalho de campo foi realizado no final de janeiro/início de fevereiro.
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