Quando se dorme sempre com um olho aberto: O bem-estar mental dos profissionais de RP e comunicação

  • Lúcia Cavaleiro
  • 10 Julho 2024

É determinante promover um diálogo aberto em torno da saúde mental e é uma responsabilidade de todos nós que trabalhamos na indústria da comunicação contribuir para esta reflexão.

A saúde mental emergiu (sobretudo na sequência da pandemia Covid-19) como um tema crucial e de alcance transversal aos diversos contextos, profissões e indivíduos. À medida que o mundo evolui e as necessidades individuais mudam, a promoção de ambientes saudáveis e o reconhecimento da importância do bem-estar mental tornaram-se prioridades.

Qualquer profissional de comunicação e relações públicas (RP) facilmente enumera a complexidade e as exigências inerentes à natureza desta indústria: prazos apertados, longas horas de trabalho e cargas de trabalho exigentes que potenciam uma cultura sempre ativa, o que não será sustentável a longo prazo.

É, por isso, determinante promover um diálogo aberto em torno da saúde mental e é uma responsabilidade de todos nós que trabalhamos na indústria da comunicação – e que diariamente escrevemos sobre tantos e diversos temas -, contribuir para esta reflexão.

Quantos comunicadores conseguem ir de férias sem levar computador? Quantos conseguem desligar completamente o telemóvel de serviço? É, propositadamente, nesta época lançada a 2023/2024 Workplace Mental Wellbeing Audit. Trata-se de um estudo feito pela Public Relations and Communications Association (PRCA) e pelo Chartered Institute of Public Relations (CIPR), que uniram esforços para abordar os desafios de saúde mental na indústria e têm, desde 2021, realizado anualmente inquéritos junto de grupos de comunicadores no Reino Unido. Este estudo oferece insights valiosos sobre o estado do bem-estar mental entre os colegas de profissão e é um bom ponto de partida para a reflexão que é necessária.

Em média, 91% dos profissionais de RP relataram má saúde mental nos últimos 12 meses. Além disso, a proporção de profissionais de RP diagnosticados com uma condição de saúde mental aumentou de um em quatro (25%) para um terço (33%). O aumento no diagnóstico de problemas que influenciam a nossa saúde mental é, como indicado pelo estudo, sinal positivo pois sugere que os profissionais estão a tornar-se mais ativos em relação ao seu bem-estar. No entanto, como colegas, também devemos normalizar o diálogo sobre a saúde mental, partilhando as nossas experiências e procurando ajuda quando necessário.

Alguns dos temas têm sido explorados no podcast “You’re my commsHERO”, que pode ser adicionado à sua playlist das férias de verão para ficar a par dos desafios e tendências persistentes no seu setor profissional.

Este estudo sobre o bem-estar mental dos profissionais de RP e Comunicação lembra-nos que, mesmo que tendencialmente durmamos sempre com um olho aberto para dar resposta às necessidades de uma função cada vez mais exigente, também precisamos cuidar de nós. Afinal, só podemos ser eficazes na comunicação quando estamos mentalmente saudáveis. E, se este artigo nos inspirar a dar prioridade ao nosso bem-estar e a apoiar os colegas de profissão nessa jornada contínua, então já terá valido a pena escrevê-lo.

  • Lúcia Cavaleiro
  • Comunicóloga e diretora APCE – Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa

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