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“Os novos canais terão de demonstrar valor aos anunciantes”, alerta Rui Freire

Carla Borges Ferreira,

O sucesso de novos canais no cabo "dependerá de uma estratégia bem definida em termos de conteúdo, distribuição e capacidade de atrair e manter tanto audiência quanto anunciantes", defende Rui Freire.

Rui Freire, Managing Director da Initiative Portugal, em entrevista ao ECO - 30NOV22“O mercado publicitário é competitivo, os novos canais terão de demonstrar valor aos anunciantes para garantir um fluxo de receitas sustentável e que viabilize os projetos. A capacidade de atrair investimento publicitário depende da audiência e do perfil demográfico do público.” A afirmação de Rui Freire, managing director da Initiative, refere-se à transformação do TVI Ficção em canal generalista e ao eventual lançamento de um canal de ficção na SIC. “A transformação do TVI Ficção num canal generalista é na nossa perspetiva uma tentativa de captar uma audiência mais ampla e diversificada, enquanto a SIC, ao lançar um canal de ficção no cabo, pode estar a responder à crescente procura por conteúdos especializados e à respetiva segmentação do público que procura estes mesmos conteúdos”, comenta.

O responsável da agência de meios do grupo IPGMediabrands encara com bons olhos estas iniciativas. “Vemos sempre com bons olhos projetos nacionais que venham acrescentar valor ao ecossistema e ao setor. Estes movimentos refletem uma adaptação às mudanças nos hábitos de consumo e às oportunidades de mercado“, diz.

A capacidade de segmentação e diversificação de audiências significa, defende, que há nichos que podem ser explorados. Por outro lado, canais temáticos, como os de ficção, podem atrair espectadores que buscam conteúdos específicos, “desde que estes tenham qualidade”. “Assim, e mesmo com a nossa limitação enquanto país e em termos de escala, há sempre espaço para projetos que venham trazer mais qualidade ao setor“, resume.

Quanto à margem de crescimento do novo canal generalistas, Rui Freire defende que a chave para o crescimento reside na qualidade e diversidade do conteúdo oferecido. “Um canal que consiga apresentar uma programação envolvente e variada pode atrair uma audiência interessante e conquistar o seu espaço, à semelhança do que aconteceu há uns anos com o aparecimento da CMTV”, aponta.

Por outro lado, e embora entrado no segmento do canal generalista da agora Medialivre, o responsável acredita que o impacto do novo canal pode ser mais alargado. “Dada a dimensão do mercado e a evolução nos hábitos de consumo em termos de meios o impacto deverá ser transversal e não apenas circunscrito a um canal específico“, explica.

Mas, já neste início de verão, o mercado viu nascer o Now, um canal de informação que entra no segmento da CNN Portugal, SIC Notícias e RTP3. “Nesta fase inicial, os comentários positivos têm sido muitos e a reputação inicial que o canal está a construir é vital para o seu sucesso, que deve ser medido não no curto prazo mas no médio/longo prazo. Como costumo dizer, não estamos numa prova de 100 metros mas sim numa maratona. Consistência e foco são fundamentais”, avalia.

Para o responsável da agência de meios, o lançamento do Now indica uma aposta na informação e na atualidade, “segmentos que têm um público constante e interessado”. “A Medialivre está a tentar capitalizar a procura por informação credível e atualizada, especialmente em tempos de notícias rápidas e constante evolução dos acontecimentos. A perceção do público em relação à qualidade e credibilidade da informação fornecida é crucial”, acrescenta.

Em suma, “estes movimentos indicam uma dinâmica interessante no mercado televisivo português, com potencial para maior diversificação e segmentação da oferta de conteúdos”. Quanto ao sucesso destes novos canais, “dependerá de uma estratégia bem definida em termos de conteúdo, distribuição e capacidade de atrair e manter tanto audiência quanto anunciantes“.

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