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Morreu o jornalista João Paulo Guerra (1942-2024)

Lusa,

O jornalista João Paulo Guerra, 82 anos, morreu este domingo em Lisboa, vítima de doença, disse à agência Lusa fonte próxima do também radialista e escritor.

O jornalista João Paulo Guerra, 82 anos, morreu este domingo em Lisboa vítima de doença, disse à agência Lusa fonte próxima do também radialista e escritor. João Paulo Guerra morreu no hospital Curry Cabral, e estava doente há já algum tempo, disse a fonte, lembrando o último cargo que o jornalista exerceu – provedor do ouvinte do serviço público de Rádio.

Sempre conhecido por João Paulo Guerra, iniciou a carreira na rádio mas foi também jornalista na imprensa, trabalhou para televisão e escreveu uma dezena de livros.

De acordo com biografias publicadas pelas suas casas editoras, o jornalista iniciou-se profissionalmente na Rádio Renascença, passando depois para o serviço de noticiários do antigo Rádio Clube Português, onde deixou o nome associado a programas de informação e magazines, que se destacaram na viragem da década de 1960 para a seguinte, como PBX e Tempo Zip.

João Paulo Guerra Baptista Coelho Vieira nasceu em Lisboa, em abril de 1942, iniciando-se no jornalismo aos 20 anos, profissão que interrompeu quando prestou serviço militar em Moçambique. A mãe era fundadora da revista “Crónica Feminina”.

Foi editor e repórter na ex-Emissora Nacional (1974) e chefe do Gabinete de Estudos e Planeamento da Direção de Programas desta estação, na origem da Rádio Difusão Portuguesa (1974-75).

Correspondente em Lisboa da Rádio Nacional de Angola (1976-1977), fez parte da equipa de fundadores da Telefonia de Lisboa (1985-1987), foi editor e repórter da TSF – Rádio Jornal (1990-96) e da Central FM (1996).

Na Antena 1, foi responsável pelo programa “Os Reis da Rádio” (2005-2006) e, durante mais de dez anos, a partir de 2006, pela “Revista de Imprensa”.

Nos jornais, entre outros títulos, trabalhou para a Mosca, suplemento de fim de semana do Diário de Lisboa, então dirigido pelo escritor Luís Sttau Monteiro, fazendo parte da sua equipa.

Trabalhou também para o vespertino A Capital e o suplemento Cena 7, o República e o Musicalíssimo. Foi ainda chefe de redação do Notícias da Amadora (1972-74), esteve na redação de O Diário (1979-79), que chefiou de 1989 a 1990, além de ter sido colaborador permanente dos jornais O Jogo, Público e do semanário O Jornal.

Foi ainda editor e redator principal do Diário Económico.

Escreveu vários livros, especialmente de pesquisa jornalística, como “Memórias das Guerras Coloniais”, “Savimbi Vida e Morte” e “Descolonização portuguesa – O regresso das caravelas”, entre outros títulos, em jeito de crónica, como “Polícias e Ladrões”, “Os Flechas Atacam de Novo” e “Diz que é uma espécie de democracia”.

“Romance de uma Conspiração” e “Corações Irritáveis”, nome como foi identificada pela primeira vez a Perturbação Pós-Stresse Traumático de guerra, são outros dos seus livros, ambos obras de ficção.

Na televisão, trabalhou essencialmente para a SIC como guionista e repórter. No teatro, adaptou o romance “Claraboia”, de José Saramago, que foi posto em cena pela companhia A Barraca, com interpretação de sua irmã, a atriz Maria do Céu Guerra.

Ao longo da carreira jornalística conquistou uma dezena de prémios, nomeadamente da Casa da Imprensa, o Prémio Gazeta do Clube de Jornalistas, o Prémio Nacional de Reportagem do Clube de Jornalistas do Porto, o Prémio Reportagem de Rádio do Clube Português de Imprensa.

Em 2010, foi-lhe atribuído o Prémio Gazeta de Mérito e, em 2014, o Prémio Igrejas Caeiro da Sociedade Portuguesa de Autores, destinado a distinguir personalidades da rádio.

Entre 2017 e 2021 foi provedor do ouvinte na rádio pública.

Quando publicou “Corações Irritáveis”, em 2016, João Paulo Guerra disse à agência Lusa que este seu livro “fala da guerra, porque a guerra tem tantas sequelas que até a democracia em Portugal é um resultado da guerra“, afirmou. “Foi da guerra que apareceram os homens que fizeram a democracia. Mas há também muitos ‘corações irritáveise feridas que nunca cicatrizaram”. “Há guerras que não acabam e por muitos acordos de cessar-fogo que sejam assinados há sempre um cessar-fogo que cada um tem consigo próprio e que não é assinado”, disse então à Lusa. “Mas este livro para mim é o meu cessar-fogo”.

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