Smells like teen spirit

  • António Fuzeta da Ponte
  • 2 Setembro 2024

Conseguimos resistir a entrar nas correntes dos terramotos ou dos ananases, só porque sim? Há briefings para fazer diferente? Tal como os Nirvana na época, quem faz diferente fura e recebe atenção.

“Here we are now, entertain us!” Os Nirvana cantam e resumem bem o que sinto em relação às marcas e ao resto do ano. Vêm aí os grandes meses de comunicação. Estamos no regresso às aulas, depois vem a Black Friday e a seguir tudo explode no Natal.

Entretenham-nos!

A voz de Kurt Cobain é porventura bem melhor do que a minha a pedir às marcas, e às suas campanhas deste final de 2024, que nos entretenham. E relembro o nome da canção, para puxar por todos: cheira a “teen spirit”.

Que isso inspire as marcas, que nos inspire a todos, agências, realizadores, criativos, produtoras, marketeers e c-levels, todos. Porque somente pôr no ar não é sinónimo de entretenimento. E para entreter não basta recriar receitas. Porque mais do mesmo não faz o que a música dos Nirvana fez aos anos 90, não puxa o espírito inconformado e adolescente que há em nós, consumidores e cidadãos.

Sim, a Black Fiday é promocional e tem de vender como se depois dela não viesse ainda o dezembro. E sim, também entendo que o Natal é fofinho e pede mesmo campanhas com muito azevinho, ou com muitas causas que são pouco ou nada faladas durante o resto do orçamento, perdão, o resto do ano.

E falando de marcas e campanhas, e porque nem só de grp’s e tv’s vive o consumidor, deixo também o desafio a todos criadores de social media: vocês também, entertain us! Mas fujam ao resto da letra, fujam ao “I feel stupid and contagious”. Eu sei que há resultados que parecem apelar ao contágio simples e rápido. Mas não acham que estamos a clicar demasiado na tecla das “marcas Maria vão com as outras”? Conseguimos resistir a entrar nas correntes dos terramotos ou dos ananases, só porque sim? Ser mais um ou ser o tal?

Sabendo de tudo isto, há energia e vontade para fazer diferente? Há briefings para fazer diferente? E por que é que fazer diferente é tão importante? Porque, tal como os Nirvana na época, quem faz diferente fura e recebe atenção. Quem faz diferente tem o espírito do adolescente e desperta outros espíritos adolescentes. Compensa e vende. E claro, também dá mais gozo a fazer, para quem sente que isso importa.

Agora é preciso fazer diferente e bom. E aí, quanto ao bom, estou eu descansado, porque tenho sentido uma comunidade criativa muito viva, participativa, interessada e implicada. Quem está assim, decerto que vai produzir criatividade que fura, que entretém porque é inovadora em vez de ser sequela. Bom trabalho a todos, venha a rentrée das marcas.

  • António Fuzeta da Ponte
  • Diretor de marca e comunicação da Nos

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